Kelly Rech, da Heli Brasil: “Percebi que praticamente tudo passa por uma empilhadeira — desde a prateleira do supermercado, até um container que chegou no porto” (Divulgação)
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Publicado em 28 de outubro de 2025 às 13h40.
A logística brasileira passa por uma transição silenciosa, mas com impacto direto nos custos, na eficiência operacional e, principalmente, nas metas de sustentabilidade das empresas.
O uso de empilhadeiras movidas a combustíveis fósseis começa a perder espaço para equipamentos elétricos, puxados pelas exigências ESG.
É nesse cenário que atua a Heli Brasil, divisão do Grupo KMR e revendedora exclusiva da marca chinesa Heli, uma das sete maiores fabricantes de empilhadeiras do mundo.
A companhia projeta faturar 1 bilhão de reais em 2026 apenas com a venda de modelos elétricos.
É o resultado de uma estratégia que combina capilaridade nacional, inovação tecnológica e foco em energia limpa.
Atualmente, os equipamentos elétricos representam 71% das vendas da empresa no país.
Para 2026, a expectativa é de um crescimento de 15% na demanda, puxado por setores como logística portuária, centros de distribuição e indústrias com metas ambientais.
A fundadora do grupo, Kelly Rech, conheceu a marca em uma viagem à China e percebeu o potencial de mercado no Brasil. Foi amor à primeira vista.
“Percebi que praticamente tudo passa por uma empilhadeira — desde a prateleira do supermercado, até um container que chegou no porto”.
A partir desse momento, a empresária começou a trabalhar para trazer o produto para o Brasil.
“O meu maior desafio nesse negócio foi poder mostrar produtos chineses e mostrar que eles tinham qualidade”, diz ela.
Kelly estruturou um modelo de operação com foco no pós-venda — o que ela observou ser um dos principais gargalos do setor à época.
“Qualquer máquina vai quebrar. A diferença é em quanto tempo você conserta”, diz ela.
O “cuidado pós-venda”, como ela chama, virou a base da estratégia do grupo: são mais de 150 distribuidores com estoque de peças próprias distribuídos pelo país, o que garante capilaridade nacional.
A abrangência nacional, aliás, ajudou o grupo a crescer no mercado brasileiro de empilhadeiras elétricas.
Hoje, a Heli Brasil é o maior cliente da marca na América Latina e opera com um portfólio de mais de 1.700 modelos, entre equipamentos elétricos, a combustão e rebocadores.
A projeção do grupo é que, até 2029, 100% das empilhadeiras vendidas no país sejam elétricas.
Além dos modelos elétricos com bateria de lítio, a empresa também começou a investir em tecnologias de médio prazo, como empilhadeiras movidas a célula de hidrogênio, conhecidas como fuel cell, tecnologia que ainda dá os primeiros passos no Brasil.
Os modelos com bateria de lítio, por outro lado, já estão em uso intensivo, com autonomia de seis horas e recarga completa em até duas horas — o que viabiliza operações pesadas e de longa duração.
O avanço da sustentabilidade nas cadeias logísticas tem ajudado a acelerar as vendas, mas o grupo também aplica os princípios ESG internamente. A companhia oferece diversos benefícios de saúde, estudo e flexibilidade para os funcionários. A ideia é que a transformação não se limite ao produto, mas ao modelo de gestão como um todo.
“Desde a fundação, a gente sempre teve um olhar humano, uma cultura muito forte de valores, e um olhar para o colaborador, para entender suas dores, seus limites e seus potenciais, mas sem perder o foco no resultado”, contou ela.
A visão de longo prazo inclui também inovação. A empresa apresentou seus principais modelos na Intermodal 2025, maior feira do setor na América Latina, e pretende continuar antecipando tendências globais.