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Ela fez da dor de cabeça um negócio. Agora capta R$ 8,3 milhões com produtos de limpeza ecológicos

Valor será usado para melhorar a fábrica, investir em aumento de vendas, crescer portfólio e ampliar capital de giro

 (Positiv.a/Divulgação)

(Positiv.a/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 21 de dezembro de 2023 às 08h55.

Última atualização em 21 de dezembro de 2023 às 09h14.

A história da Positiv.a, empresa de produtos de higiene naturais, começa com uma dor de cabeça. Literalmente.

A empresária Marcella Zambardino, cofundadora da empresa, sentiu um incômodo com o cheiro de removedor de gordura aplicado no escritório em que trabalhava em São Paulo. "Fiquei com fortes dores de cabeça e refleti também sobre a saúde do profissional que usava esse produto todos os dias", diz.

Formada em design de moda, Marcella já usava produtos naturais desde os 15 anos de idade, quando percebeu que as unhas ficavam onduladas por alergia ao uso de detergente tradicional. Ao sentir aquele cheiro forte no escritório, pensou numa oportunidade de negócio: desenvolver produtos de higiene naturais, assim como os que usava para lavar a louça.

Ela se conectou, então, com Alex Seibel, empresário que já tinha desenvolvido uma empresa de cosméticos que desencadeou na operação brasileira da The Body Shop, e desenvolveu a Positiv.a. A empresa é uma marca ecológico de produtos de limpeza e autocuidado.

"Estudando o mercado brasileiro, percebemos que havia um gap nos produtos de limpeza ecológicos no país, enquanto nos Estados Unidos esse segmento já estava avançado", afirma Marcella. "A ideia inicial da positiv.a era vender uma cesta de produtos de limpeza ecológicos com os itens realmente necessários para o dia a dia. Em 2017, com o avanço do negócio, decidimos captar um smart money, por meio de um empreendedor que ajudasse a estruturar a empresa e ganhar escala. Assim, chegou ao time Leandro Menezes, cofundador da Impulsum, venture capital que investe em empresas de impacto. A princípio, Leandro chegou para atuar na gestão financeira, mas aos poucos assumiu a cogestão e estruturou o modelo de negócio para o que é hoje, ocupando atualmente o cargo de CEO".

A chegada de Leandro veio acompanhada de uma rodada semente feita pela Impulsum, de R$ 1,6 milhão, seguida de outra rodada de 1,3 milhão de reais.

Agora, um novo aporte está sendo finalizado. São 8,3 milhões de reais captados pela plataforma de equity crowdfunding Kria. Essas plataformas funcionam como "vaquinhas", em que investidores pessoas físicas conseguem trcopar capital por participação acionária na operação.

Entre os investidores, além dos consumidores, a rodada teve a participação de family offices e pessoas engajadas com a causa ambiental, como Natalie Unterstell, presidente do grupo Talanoa, que promove a inovação política e o diálogo para a ação climática e o desenvolvimento sustentável. Ao todo foram 187 investidores, 80% deles clientes, 20% não clientes, sendo 36,4% mulheres e 63,59% homens, que investiram a partir de 5 mil reais.

Como o valor captado será usado

O valor captado será utilizado para a integração e transformação da fábrica, investimento em vendas recorrentes, aquisições e comunidade, inovação, evolução do portfólio e capital de giro. Entenda em detalhes:

  • Integração e transformação da fábrica: reforma de alguns espaços, investimento em maquinários para aumentar e melhorar a produtividade, reduzir a terceirização, com intuito final de para melhorar as margens.
  • Investimento em vendas recorrentes; aquisição e comunidade: Aumento de presença em marketplaces, como Mercado Livre, Magazine Luiza e Amazon. No e-commerce próprio, focar na implementação de programas como indique e ganhe; cashback, clube de benefícios e que orienta o cliente, por perfil, sobre sua frequência e melhores produtos. Além disso, investimento em marketing orgânico e pago
  • Inovação e evolução do portfólio: melhoria de produtos de linha e lançamento de até três produtos feitos em nossa fábrica de alta recorrência que complementam o portfólio
  • Capital de giro: suporte do crescimento da operação, dentro da estratégia focada em zerar queima de caixa, trazer lucro bruto e margem bruta.

“Vamos aplicar o valor captado para quadruplicar o faturamento nos próximos cinco anos e investir em tecnologia para democratizar o acesso a produtos ecológicos”, diz Alex Seibel, sócio fundador e co-CEO da positiv.a. "Atualmente, 62% dos produtos da positiv.a já tem valor igual ou menor que os produtos convencionais, com todos os atributos de uma marca ecológica".

A meta da empresa é faturar 21,6 milhões de reais em 2024.

Como funciona uma plataforma de equity crowdfunding

Plataformas de equity crowdfunding trocam participações acionárias nas empresas pelo capital de investidores, inclusive pessoas físicas. Entre as empresas que fazem isso no Brasil estão a Captable e a Kria - responsável pela captação da Positiv.a.

“A nossa rodada com a Positiv.a foi uma história muito entusiasmante, batemos recorde no mercado com um negócio de impacto e que tem a sua comunidade no centro", diz Camila Nasser, cofundadora e CEO do Kria. "Em 2014, fizemos a primeira rodada de crowdequity do mercado. Em 2017, fomos os primeiros a atingir o teto permitido pela CVM, de R$ 5 milhões, em uma rodada. Agora, com a positiv.a, mais uma vez atingimos um marco de maior oferta do Brasil. É o sinal de maturidade de um mercado que começou a ser construído há quase 10 anos, e que conseguiu se consolidar. Acredito que nos próximos anos veremos nosso mercado crescendo pelo menos cinco vezes, e se consolidando tal qual o americano, que transacionou U$1 bilhão nos últimos dois anos".

Entre os produtos que a Positiv.a vende estão:

  • Lava roupas
  • Limpa vidros
  • Tira manchas
  • Sabonete
  • Desodorante
  • Pasta de dente

No ano de 2023, a categoria de cuidados com a roupa foi a protagonista nas vendas. Foram mais de 40.000 pedidos realizados com mais de 200.000 itens vendidos. "Toda essa linha já é fabricação própria e a projeção para 2024 é um aumento de 30%. Para 2024, esperamos vender 23% mais, do que em 2023", diz Marcella.

Além do e-commerce com entrega para todos os estados do Brasil, a marca já está presente no Mercado Livre e em mais de 250 pontos de vendas, entre eles as redes St Marche, Mambo, Casa Sta Luzia, Shopper e Inventa.

Como está o setor de produtos naturais no Brasil

O Brasil é um dos mercados mais promissores para a venda de produtos naturais, segundo dados da Euromonitor Internacional. Ao lado da China, o país se aproxima dos maiores consumidores do mundo, como América do Norte, Europa Ocidental e algumas nações da Ásia e do Pacífico.

O Brasil é considerado o quarto país que mais vende alimentos e bebidas saudáveis no planeta, movimenta, em média, 35 bilhões de reais ao ano no segmento.

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