Sandra Neli, fundadora da Escola do Mecânico (Divulgação/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 19 de novembro de 2024 às 10h59.
Última atualização em 19 de novembro de 2024 às 11h59.
Empreender num mercado majoritariamente masculino é, muitas vezes, desafiador. No Brasil, as mulheres já somam mais de 10 milhões de empreendedoras, segundo o IBGE. Entre elas está a paulista Sandra Nalli que trabalha no setor automotivo desde os 14 anos e decidiu abrir seu próprio negócio na área para ensinar outros adolescentes, inclusive meninas.
"Desde o início, percebi que o conhecimento e a confiança são as maiores forças para qualquer mulher que deseja vencer em uma área dominada por homens. Hoje, vejo que é possível transformar vidas por meio da educação e abrir portas para que novas gerações encontrem um ambiente com menos preconceito e mais respeito", diz Sandra Nalli.
Ela começou na área administrativa de uma empresa grande do setor automotivo. Seu sonho era se tornar uma mecânica e, entre a maioria dos profissionais homens, precisou enfrentar o preconceito para conseguir atuar no concerto e manutenção de linhas leve, pesada e motocicletas.
Com uma carreira consolidada no setor, a ideia de criar a Escola do Mecânico surgiu depois de um trabalho voluntário com jovens na Fundação Casa em Campinas, interior de São Paulo.
"Além do quesito motivacional, eu levei um pouco do conhecimento da mecânica para eles. O projeto funcionou super bem, os jovens se interessaram pelo tema", diz a empreendedora.
Em pouco tempo, o projeto ganhou uma sede em Campinas e passou a atrair pessoas em busca de qualificação profissional. Em 2011, foi fundada a Escola do Mecânico, referência no setor e já formou mais de 50.000 profissionais nas áreas de linha leve, pesada e motocicletas. Em 2024, a rede deve faturar R$ 60 milhões.
A escola conta com 42 unidades em operação, entre próprias e franqueadas. Com o lançamento de um novo modelo compacto, a expectativa é chegar a 80 unidades em 2025.
A Escola do Mecânico oferece atualmente 14 módulos de treinamento nas áreas de linha leve, pesada e motocicletas.
O período de formação dos alunos varia de acordo com o nível de conhecimento prévio. Quem já atua no setor, mas busca uma formação pontual, pode se especializar em menos de um mês. Entre os iniciantes, a formação pode chegar até seis meses. A mensalidade é de R$ 339, e o número de parcelas varia segundo a extensão da formação.
Além da formação de mão de obra qualificada, o negócio auxilia os alunos na entrada do mercado de trabalho. Em 2018, foi lançado o aplicativo “Emprega Mecânico”, que ajuda a inserir os alunos no mercado de trabalho. Ao todo, mais de 5 mil vagas foram disponibilizadas.
“Do que conseguimos mensurar, 20% dos alunos são empregados com a ajuda do aplicativo. O mercado conta ainda com muitos empregos informais, que não anunciam as vagas e não são mapeados”, explica Sandra.
Em 2021, a escola recebeu investimento da Yunus Corporate, que aportou R$ 1 milhão. O montante foi empregado em marketing, canais de aquisição, pessoas, novos cursos e tecnologia, com o objetivo de aumentar a capacidade de impacto.
De olho no potencial de crescimento, a edtech de impacto social dá mais um passo rumo à ampliação da rede. Para isso, reformulou o plano de expansão de franquias e passou a oferecer a modalidade compacta e mais acessível, direcionada para quem deseja empreender em uma oficina mecânica.
A estratégia visa aumentar a capilaridade da rede, além de reduzir a carência de mão de obra especializada, principalmente em cidades menores do interior.
A microfranquia, que tem como sede oficinas mecânicas, tem um investimento inicial de R$ 90.000, sendo R$ 49.900 de taxa de franquia e o restante para a adaptação do imóvel. As unidades maiores, por exemplo, demandam um aporte de até R$ 500.000, com taxa de franquia de R$ 79.900.
A Rede Escola do Mecânico acabou de inaugurar unidade em Belo Horizonte. A previsão é formar 600 alunos em 2025, e empregar cerca de 180 alunos na região.
Novas unidades devem ser inauguradas em: Uberlândia, Brasília, Várzea Grande, Marabá, além das cidades de São Carlos e Araraquara, no interior de São Paulo, e Manaus.
A companhia também avançou no último ano com o aumento das parcerias no mercado de reparação automotiva, em especial empresas como a Mahle Metal, JSL, Mobil Brasil, Localiza, Votorantim e outras empresas.
Com a implantação do novo modelo, a Escola do Mecânico estima aumentar a receita em 20% no próximo ano, com a meta de faturar R$ 72 milhões em 2025.