Negócios

Ela criou um ecossistema de educação que movimenta R$ 1 bilhão em negócios liderados por mulheres

Com cerca de 10 mil alunas, a Escola Brasileira de Empreendedorismo Feminino, fundada por Tatyane Luncah, se tornou referência ao unir capacitação técnica, rede de apoio e protagonismo

Tatyane Luncah, fundadora da Escola Brasileira de Empreendedorismo Feminino (Ebem): “Empreender não é apenas sobre lucro, mas sobre liberdade de escolha”

Tatyane Luncah, fundadora da Escola Brasileira de Empreendedorismo Feminino (Ebem): “Empreender não é apenas sobre lucro, mas sobre liberdade de escolha”

Caroline Marino
Caroline Marino

Jornalista especializada em carreira, RH e negócios

Publicado em 31 de julho de 2025 às 14h00.

Impulsionar a liderança feminina e abrir caminhos para que mais mulheres alcancem o sucesso à frente de seus negócios move a trajetória da paulistana Tatyane Luncah. Fundadora da Escola Brasileira de Empreendedorismo Feminino (Ebem), ela comanda um ecossistema de formação empresarial que já alcançou mais de 10 mil alunas no Brasil – responsáveis por um faturamento anual combinado em torno de R$ 1 bilhão.

“A ideia nasceu de uma dor. Durante a pandemia, minha empresa de eventos foi duramente afetada e vi muitas mulheres passando por situações semelhantes: sem renda, sem apoio e sem conhecimento técnico para se adaptar ao novo cenário”, conta. Foi nesse contexto que percebeu a possibilidade de utilizar sua experiência como empresária para criar uma plataforma de educação acessível, prática e acolhedora.

Ela também é palestrante em eventos realizados no Brasil e no exterior, além de coordenadora e coautora de livros como Empreendedoras de Alta Performance, Mulheres do Marketing I, Líderes de Marketing e Mulheres do Marketing II, todos da Editora Leader.

Pandemia como impulso

Com formações executivas em Harvard Business School, Stanford University e Ohio University, Tatyane teve uma breve passagem pelo mundo corporativo, mas logo entendeu que o ambiente não comportava a visão que carregava. Filha de comerciantes, foi estimulada desde cedo a liderar, criar e resolver problemas com autonomia. Aos 21 anos, fundou sua primeira empresa – Grupo Projeto Figital, que segue ativo até hoje – com um propósito claro: gerar impacto por meio de ideias que unissem criatividade, estratégia e desenvolvimento humano. “Nunca enxerguei o empreendedorismo apenas como um negócio e, sim, como um caminho de transformação social.”

Voltado à organização de eventos e experiências personalizadas para marcas, o empreendimento cresceu de forma sólida por mais de uma década, atendendo empresas como Ambev, Gafisa, Cyrela, Arcor e Honda.

Com a pandemia afetando diretamente o setor, decidiu encarar a instabilidade como uma oportunidade. Nasceu, então, a Ebem, uma escola de negócios voltada para empreendedoras que oferece desde formações presenciais e online até programas de aceleração, mentorias e eventos de conexão. O diferencial está na metodologia própria, desenvolvida a partir da vivência de Tatyane e baseada em seis pilares centrais: identidade empreendedora, gestão financeira, marketing, produtividade, vendas e inovação.

Diversificação como estratégia

Ampliar o alcance para além das salas de aula é uma das apostas da escola. Entre as iniciativas está o Conexão EBEM, evento que reuniu, na última edição, mais de 2 mil empresárias com faturamento combinado de R$ 64 bilhões e alcance digital superior a 20 milhões de pessoas. Outro projeto é o Miss Mind, programa voltado a C-level que promove experiências imersivas em empresas e fomenta conexões. Há, ainda, a Casa da Empresária, um espaço de mais de mil metros quadrados em São Paulo. Projetado como um hub de inovação, oferece mentorias semanais, programas de desenvolvimento e iniciativas de networking para apoiar o crescimento de negócios.

Sobre os planos para os próximos meses, a meta é lançar novos cursos – com foco em vendas, inteligência artificial e gestão de equipes –, ampliar o número de polos presenciais e fortalecer parcerias com organizações que desejam investir na educação empreendedora de mulheres.

Os aprendizados de quem empreende há 24 anos

A trajetória de Tatyane, no entanto, não foi construída sem tropeços. Ao longo do tempo, ela enfrentou momentos críticos. “Quase quebrei quatro vezes por não ter me preparado financeiramente para momentos de crise”, lembra. Outro desafio, conta, foi alinhar crescimento e propósito. “Em alguns momentos, o mercado exigia decisões rápidas, mas aprendi que não vale a pena crescer a qualquer custo. O propósito é a espinha dorsal de qualquer negócio.”

Mas foram experiências como essas que moldaram sua visão como líder e ajudaram a consolidar os princípios que hoje sustentam seus negócios – e que ela faz questão de compartilhar com outras mulheres.

Entre os aprendizados, destaca a importância de desenvolver competências técnicas, como gestão financeira, negociação e análise de dados; e comportamentais, incluindo autoconfiança, escuta ativa e liderança empática. Compreender o valor da diversificação de receita e da capacidade de adaptação, e ter coragem para se reinventar diante das mudanças, também foram pontos decisivos.

Para manter uma operação sólida e sustentável, a empresária chama a atenção para cinco pilares: visão de longo prazo, gestão estratégica, inteligência emocional, educação contínua e rede de apoio. No caso das mulheres, acrescenta mais um: autonomia. “Empreender não é apenas sobre lucro, mas sobre liberdade de escolha”, finaliza.

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