Negócios

'Efeito Ozempic': indústria alimentícia já aposta em refeições menores — e mais nutritivas

Empresas de alimentos buscam se adaptar ao perfil de consumo de usuários de medicamentos como o Ozempic, dando prioridade para refeições de porções controladas e ricas em proteínas

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 4 de outubro de 2024 às 11h30.

A indústria de alimentos, que inicialmente temia os efeitos de medicamentos como o Ozempic, agora vê novas oportunidades de crescimento ao atender às demandas de consumidores que utilizam essas medicações. Grandes empresas como Nestlé, Conagra, Campbell Soup e Danone estão adaptando suas ofertas para focar em alimentos com maior valor nutricional e em porções controladas, que se adequam melhor aos usuários de GLP-1. As informações são da Bloomberg.

Esses medicamentos, conhecidos por suprimir o apetite, apresentavam uma ameaça ao consumo de alimentos. No entanto, as marcas descobriram que podem se beneficiar ao ajustar suas estratégias, com foco em produtos que atendam à necessidade de refeições menores e ricas em proteínas.

Adaptação das marcas aos novos hábitos alimentares

Empresas como a Nestlé já lançaram uma linha de refeições congeladas chamada Vital Pursuit, voltada diretamente para os consumidores que utilizam GLP-1. A Conagra também está adaptando sua comunicação, destacando o teor proteico de suas refeições individuais, como Healthy Choice e Marie Callender’s, que têm apresentado crescimento nas vendas.

A Campbell Soup também identificou uma oportunidade de crescimento, destacando que suas sopas de fácil digestão e sucos, como o V8, são adequados para aqueles que buscam refeições leves e nutritivas. Mesmo empresas de lanches e snacks, como a Kellanova, fabricante de Pringles, afirmam que não esperam grandes impactos negativos no consumo, apesar da popularização dos medicamentos que suprimem o apetite.

O CEO da Campbell, Mark Clouse, observou que, embora os consumidores estejam comendo porções menores, ainda há demanda por snacks ocasionais. Ele afirmou, em entrevista para a Bloomberg, que produtos como os biscoitos Milanos ou os lanches Goldfish podem atender a essa demanda por indulgências moderadas.

A Danone também está atenta ao crescimento da demanda por alimentos saudáveis, e o CEO Antoine de Saint-Affrique destacou que o iogurte, amplamente reconhecido por seus benefícios à saúde intestinal, se alinha bem às necessidades dos usuários de GLP-1.

Mercado de alimentos saudáveis em alta

De acordo com especialistas, o mercado de alimentos saudáveis vai além dos consumidores de GLP-1 e reflete uma tendência mais ampla. As empresas de alimentos vêm aumentando seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento para atender a essa nova demanda por alimentos que complementem tratamentos de perda de peso.

Ainda que algumas empresas de doces e snacks não tenham observado mudanças significativas no consumo, a indústria alimentícia como um todo está se ajustando para capitalizar sobre a tendência de produtos mais saudáveis. A consultoria Oliver Wyman destacou que as empresas estão aproveitando a oportunidade para reposicionar seus produtos como opções que apoiam tratamentos de perda de peso e hábitos alimentares mais saudáveis.

Acompanhe tudo sobre:AlimentaçãoAlimentosOzempic

Mais de Negócios

Toyota investe R$ 160 milhões em novo centro de distribuição logístico e amplia operação

A ALLOS é pioneira em sustentabilidade de shoppings no Brasil

Os segredos da Electrolux para conquistar a preferência dos brasileiros há quase um século

Você já usou algo desta empresa gaúcha que faz R$ 690 milhões — mas nunca ouviu falar dela