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“Efeito covid” nas festas de final de ano deve favorecer resultado da BRF

Com as restrições da pandemia, a expectativa é que o brasileiro consuma mais dentro do lar nas festividades de Natal e Réveillon

BRF: foco em produtos de valor agregado (Victor Moriyama/Bloomberg)

BRF: foco em produtos de valor agregado (Victor Moriyama/Bloomberg)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 10 de novembro de 2020 às 12h47.

Após registrar crescimento da receita líquida no terceiro trimestre, a BRF, dona da Sadia e da Perdigão, está otimista para o final do ano. Na visão da companhia, diante das restrições da pandemia a tendência é que o brasileiro consuma mais produtos natalinos no lar, o que favorece o resultado da empresa.

"Na passagem do ano, o consumo de nossos produtos deve acabar acontecendo dentro do lar. No quarto trimestre, estamos bastante otimistas com a demanda", afirmou Lorival Luz, presidente da BRF, em teleconferência com analistas.

Executivos destacaram que o auxílio emergencial ajudou o desempenho da companhia no terceiro trimestre. A forte demanda por alimentos no país permitiu à BRF aumentar preços e compensar parcialmente o efeito negativo dos custos mais altos dos grãos e despesas relacionadas à pandemia.

As vendas de produtos de maior valor agregado cresceram no mix da companhia, de 82% para 85% ao final do terceiro trimestre. A BRF também acredita que o mercado brasileiro está favorável para a venda de frango, diante do aumento dos preços em geral.

A BRF reportou receita líquida de 9,94 bilhões de reais no terceiro trimestre, avanço de 18% na comparação anual e acima do consenso da Bloomberg de 9,66 bilhões de reais. O lucro líquido ficou em 219 milhões no período, queda de 51% na mesma base de comparação.

Luz destaca que, atualmente, não há um problema de demanda no mercado global, mesmo com a crise gerada pela covid-19. "O consumo de alimentos continua forte e nossos produtos têm a vantagem do melhor custo-benefício."

Endividamento

A alavancagem medida pela dívida líquida sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) se manteve praticamente estável no terceiro trimestre, em 2,9 vezes, mesmo com os efeitos da covid-19 e a alta expressiva do dólar, resultado comemorado pela companhia. No início do ano passado, este índice estava em 6 vezes.

"Se não fosse o impacto do câmbio, nossa alavancagem estaria em 2,46 vezes, e isso demonstra fortaleza da companhia", diz Luz. O mercado financeiro costuma ter como parâmetro saudável de alavancagem média o índice de 2,5 vezes.

Para manter a trajetória de redução do endividamento e aumento da competitividade, a empresa afirma ter como estratégia uma série de medidas, como a ampliação da capacidade de armazenamento, o aumento do uso de insumos alternativos e investimentos em pesquisa e desenvolvimento.

Já o índice de inovação da companhia vem aumentando, com o lançamento de 170 novos produtos (SKUs) em 2020.

A estratégia corre paralelamente ao foco da empresa no mercado externo. Segundo Luz, a China ainda não retornou ao nível de produção anterior à febre suína, o que continua gerando demanda no mercado global. "Estamos prontos para expandir nossos negócios", diz o executivo.

Na manhã desta terça-feira, 10, as ações da BRF na B3 chegaram a registrar alta de 7% e figuraram entre as maiores altas do dia, estabilizando em 2,7% por volta das 12h30.

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