A economia azul pode contribuir com a economia circular ao renovar os padrões de pesca, reciclagem de navios e desmantelamento de plataformas offshore (Giordano Cipriani/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 3 de agosto de 2022 às 15h00.
Última atualização em 4 de agosto de 2022 às 09h53.
A economia azul, ou economia do mar, remete ao conjunto de riquezas e valores proporcionados pelos oceanos. Segundo a definição do Banco Mundial, a economia azul é o "uso sustentável dos recursos oceânicos para o crescimento econômico, melhores meios de subsistência e empregos, preservando a saúde dos ecossistemas dos oceanos”. Já a Comissão Europeia define a economia azul como "todas as atividades econômicas relacionadas aos oceanos, mares e costas. Abrange uma ampla gama de setores estabelecidos e emergentes interligados”.
A organização não governamental Conservação Internacional acrescenta, ainda, que “a economia azul também inclui benefícios que podem não ser comercializados, como armazenamento de carbono, proteção costeira, valores culturais e biodiversidade”.
A Organização das Nações Unidas (ONU) definiu recentemente a economia azul como uma economia que “compreende uma série de setores econômicos e políticas relacionados que, em conjunto, determinam se o uso dos recursos oceânicos é sustentável”.
Um importante desafio da economia azul é entender e gerenciar melhor os muitos aspectos da sustentabilidade oceânica, desde a pesca sustentável até a saúde do ecossistema e a prevenção da poluição. Outro aspecto que traz a economia azul é o desafio de perceber que a gestão sustentável dos recursos oceânicos exigirá colaboração entre fronteiras e setores por meio de uma variedade de parcerias e em uma escala nunca feita anteriormente.
A agenda para a economia azul, segundo a Comissão Europeia, pode:
O potencial para desenvolver a economia azul é limitado por uma série de desafios. Durante grande parte da história humana, os ecossistemas aquáticos têm sido vistos e tratados como recursos ilimitados e depósitos de resíduos, em grande parte isentos de custos. Esses recursos, no entanto, estão longe de ser ilimitados, e o mundo está vendo cada vez mais os impactos dessa abordagem, com a interface litorânea sendo cada vez mais afetada pelas mudanças climáticas.
Instituições de governança ineficazes, incentivos econômicos inadequados, avanços tecnológicos e a falta de capacidade para implementação plena de instrumentos jurídicos e de gestão levaram a atividades mal reguladas. Isso, por sua vez, resultou no uso excessivo e, em alguns casos, na mudança irreversível de valiosos recursos marinhos e áreas costeiras. Dados levantados pelo PNUMA, da ONU, mostram que o desenvolvimento urbano costeiro e a mudança climática já causaram um declínio de 50% dos recifes de coral nos últimos 30 anos, comprometendo a subsistência e a capacidade de redução do risco de desastres e colocando em risco a biodiversidade marinha.
As atividades econômicas relacionadas aos oceanos estão se desenvolvendo em um cenário de aumento da população global, consumo crescente e a necessidade cada vez maior de novas fontes de alimentos e energia. Por exemplo, até 2030, dois terços dos peixes para consumo alimentar devem ser cultivados, grande parte no mar, segundo dados do Banco Mundial. A capacidade eólica offshore deve aumentar para se tornar uma das principais tecnologias de geração de energia até 2030.
Em terra, a economia relacionada aos oceanos deve experimentar um aumento no investimento em infraestrutura costeira, indústria e turismo à medida que a economia global e a migração para cidades e costas se aprofunda. Ao mesmo tempo, há riscos para as populações costeiras, com o aumento do nível do mar e as ondas de tempestade que resultam das mudanças climáticas. Esses aspectos impulsionarão a necessidade de uma onda de desenvolvimento de infraestrutura defensiva.
A economia azul, como se vê, consiste em setores ligados à vida e recursos renováveis dos oceanos (como a pesca), bem como aqueles relacionados a recursos não vivos e, portanto, recursos “não renováveis” (incluindo indústrias extrativas, como dragagem, mineração no fundo do mar, petróleo e gás offshore, quando realizados de uma maneira que não cause danos irreversíveis ao ecossistema). Inclui também as atividades relacionadas com o comércio dentro e ao redor dos oceanos, monitoramento e vigilância dos mares, gestão de recursos costeiros e marinhos, proteção e restauração da área.