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É verdade que os paulistas gostam mais das grifes cariocas?

Os estilistas do Rio de Janeiro dizem que sim – e estão ganhando dinheiro com isso

Desfile da grife Reserva, na São Paulo Fashion Week, - Coleção Verão 2012 (Divulgação/SPFW)

Desfile da grife Reserva, na São Paulo Fashion Week, - Coleção Verão 2012 (Divulgação/SPFW)

Daniela Barbosa

Daniela Barbosa

Publicado em 18 de junho de 2011 às 07h00.

São Paulo – Não bastasse o futebol, o sotaque, o carnaval, mais uma rixa entre cariocas e paulistas está em debate e a dúvida é: os paulistas preferem mais as grifes cariocas? De acordo com especialistas no assunto e donos de grifes consultados por EXAME.com, a resposta é sim.  E o motivo seria  muito simples: no fundo, todo paulista quer incorporar o estilo carioca de viver.

“O estilo carioca é mais livre, despojado e sexy. As grifes  conseguem traduzir isso muito bem, o que gera nos consumidores a sensação de life style carioca”, afirmou Evilasio Miranda, diretor de projetos da Associação Brasileira de Estilistas (Abest).

Para a coordenadora do curso de Moda da Faculdade Santa Marcelina, de São Paulo, Raquel Valente Fulchiron, as marcas de roupas do Rio são mais coloridas e alegres. Por isso estão entre as mais queridas dos paulistas. “A Farm é um bom exemplo e faz um tremendo sucesso por aqui”, disse Raquel.  

Não é de hoje, no entanto, que as marcas do Rio ditam a moda. Desde a década de 60, o Rio de Janeiro é visto como referência. Foi de lá que surgiu nomes, como o de Zuzu Angel, estilista pioneira na moda brasileira, por exemplo.

Segundo Marcelo Bastos, fundador da Farm, as grifes cariocas ficaram um pouco apagadas em São Paulo, principalmente, com a chegada do estilo jeans wear, entre as décadas de 80 e 90. De uns dez anos pra cá, elas vêm ganhando espaço novamente nas vitrines, afirmou.

Oportunidades

Não se trata apenas de alimentar mais uma polêmica. A preferência paulista por peças criadas pelo estado vizinho tem um efeito bem prático: as grifes cariocas conquistam cada vez mais espaço no mercado paulista. A Farm é um exemplo. Atualmente a marca conta com cinco lojas em operação em São Paulo, mas deve chegar a 13, em quatro anos. “Fora o Rio, a capital paulista é o nosso segundo principal mercado, com uma vantagem, aqui temos a oportunidade de crescer muito mais”, disse Bastos.


A grife de moda masculina Reserva está no mesmo caminho. Em São Paulo desde 2008, as vendas na capital paulista já representam cerca de 30% do faturamento total do grupo. “Nossa loja no shopping Iguatemi, com 40 metros quadrados, vende mais do que o dobro que nossa melhor loja no Rio, com cerca de 100 metros quadrados”, afirmou Rony Meisler, diretor criativo da marca. A grife conta com sete lojas em São Paulo e até 2012 serão mais cinco.

A grife Maria Filó também vê em São Paulo grande chances de expansão. Com investimentos que somam 8 milhões de reais, mais cinco lojas da rede devem ser abertas em São Paulo, em dois anos. Hoje são sete. “São Paulo, até 2012, vai representar 40% do nosso faturamento”, disse Alberto Osório, criador da marca.

Justiça seja feita, nesta disputa de ego, dá empate. Se de um lado, os cariocas contribuem para que  os paulistas se vistam melhor, do outro, os paulistas colaboram para que as grifes expandam suas marcas e as mostrem para o mundo.

“Costumo brincar que São Paulo é o meu termômetro para saber se uma coleção vai dar certo ou não. O que for bem aceito em São Paulo, será aceito em qualquer outro lugar do mundo”, garantiu Sharon Azulay, dona da Blue Man, marca de moda praia carioca. Todos sabem quanto os cariocas gostam de praia – mesmo que seja o shopping center, a praia dos paulistas.
 

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