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É possível aprender a agir como um líder? Conheça as 3 arenas fundamentais da boa liderança

Em artigo, professor associado da Fundação Dom Cabral argumenta que boa parte do desafio da liderança pode ser encaixado em três grandes áreas

O líder não só compreende sua própria relevância e utilidade no contexto empresarial, como ajuda seus colegas nesta mesma jornada, criando condições favoráveis para um ambiente de engajamento (Prostock-Studio/Getty Images)

O líder não só compreende sua própria relevância e utilidade no contexto empresarial, como ajuda seus colegas nesta mesma jornada, criando condições favoráveis para um ambiente de engajamento (Prostock-Studio/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2022 às 08h15.

Agir como um líder de maneira consistente e com alta qualidade, pressupõe ser um líder com legitimidade e profundidade. Falo aqui de uma condição não necessariamente vinculada a um cargo ou hierarquia, e que, portanto, poderá ser alvo de aprendizado e refinamento contínuo, em qualquer nível de uma empresa – independentemente de seu porte.

Assim, proponho a visão de pilares fundamentais para ser e agir como um líder, organizados dentro do que chamo de: as 3 arenas de trabalho de um líder:

  • A Arena Organizacional Ampla e Geral
  • A Arena dos Times
  • A Arena dos Indivíduos

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A Arena Organizacional Ampla e Geral

No contexto amplo e geral de qualquer empresa, o líder é um indivíduo capaz de ler, interpretar adequadamente, comunicar e traduzir os propósitos e objetivos organizacionais gerais de forma clara junto àqueles de seu convívio. Ele não só compreende sua própria relevância e utilidade no contexto empresarial, como ajuda seus colegas nesta mesma jornada, criando condições favoráveis para um ambiente de engajamento.

Neste mesmo sentido, ele associa e ajuda seus colegas a correlacionarem suas próprias ambições (de qualquer natureza ou magnitude) às ambições do negócio, especialmente àquelas relacionadas à prosperidade. Assim, constrói e propaga, por meio do exemplo, a visão de que ao contribuir ativamente em atividades para o atingimento de performances no negócio, melhora as condições necessárias para suprir suas próprias expectativas particulares de evolução e prosperidade.

Sintetizo os dois pilares fundamentais que sustentam o “ser líder” neste contexto, sendo:

  • Promoção do Propósito:  contribuindo para a compreensão e comunicação do propósito ou dos objetivos empresariais nas linguagens mais adequadas conforme os grupos com os quais se relaciona;
  • Esclarecimento e Reforço das Ambições: alinhando desejos de conquistas da organização e dos indivíduos, para a solidificar o senso de relevância e utilidade para o contexto e para si próprio.

A Arena dos Times

Neste contexto, ser e agir como líder pressupõe objetivamente entender os atributos de qualidade dos comportamentos dos times, independentemente de diferentes metodologias que podem ser adotadas para o trabalho em si, e agir deliberadamente sobre cada um deles. Relaciono abaixo os atributos, resgatando também elementos destacados por Patrick Lencioni, de forma simplificada, que podem servir como os seis pilares fundamentais a serem trabalhados nesta Arena:

Transparência

Como ponto de partida para a construção do entendimento e alinhamento comum, mitigando aspectos de ambiguidade e permitindo a construção de um contexto de confiança. O trabalho de um time deve se apoiar, idealmente, em informações e dados abertos e comuns a todos os que possam interessar. Qualquer restrição de acesso ou de análise imposta (deliberadamente ou não) a um membro do time deverá fragilizar este importante pilar, a partir do qual se estabelecem os demais;

Confiança

Condição a partir da qual todos trarão à mesa suas competências na plenitude, certos de não haver agendas ocultas, interesses paralelos ou vieses preestabelecidos. A criação de um ambiente de “temperatura e pressão ideais” é tarefa do líder, para que se extraia o melhor das pessoas e de suas diferentes visões e opiniões, na manifestação da riqueza de seus repertórios, experiências e perspectivas únicas. Ter a convicção de que ninguém possui a visão completa do todo (ela sempre é parcial, a partir de um determinado ângulo) contribui para o estabelecimento do próximo pilar;

Confronto Saudável

A apreciação de diferentes opiniões, pontos de vista, perspectivas e expectativas é da natureza do trabalho em times e entre diferentes times e, portanto, deve não somente ser estimulada como também apreciada e nunca evitada. O líder deverá zelar sempre pela pauta corporativa, destacando os propósitos maiores envolvidos e garantindo a justa ponderação ao longo do exercício dos debates. O objetivo final deverá ser a convergência, nunca o consenso.  Somente assim, garantindo o espaço para as discordâncias e diferenças, é que se pode ponderar sobre princípios, prioridades e focos, costurando a convergência com a linha do comprometimento;

Comprometimento

Neste momento, o líder é responsável por garantir a clareza e compreensão do papel de cada membro do time em dada iniciativa, e em materializar através de metodologias e métricas os frutos tangíveis que passarão a ser colhidos. Desta forma, o comprometimento de cada um deverá também convergir a um resultado final único, que por sua vez reflete a manifestação das competências únicas e especiais de cada integrante do time. O entendimento dessas competências e contribuições únicas e especiais são fundamentais para nos garantir a constituição do próximo pilar;

Responsabilização

De maneira categórica, o líder deverá praticar e estimular a prática permanente da responsabilização, no sentido de estabelecer e manter a clareza sobre “o que se espera de quem”, ou “quem deverá cuidar do que”. Naturalmente, essa responsabilização deverá se apoiar também claramente num conjunto de competências e expectativas acordadas previamente, que por sua vez embasam o mesmo sentimento de utilidade ou relevância já citados anteriormente.

Respeito às Metas

Por fim, a responsabilização é fundamental para a sustentação do último pilar, o respeito às metas. Uma vez que recursos e competências serão organizados e disponibilizados em forma de times para o atingimento de certos propósitos claros, estes mesmos propósitos nunca poderão ser negligenciados. As metas são efetivamente os norteadores e deverão servir como régua permanente, servindo sempre que necessário como gatilhos para disparar demandas por ajuda, revisões ou novas proposições, mas nunca abandonadas ou minimizadas.

Arena dos Indivíduos

Ao final, ser e agir como líder significa exercitar deliberadamente a influência sobre outros indivíduos. Para tal, é pressuposto que o líder seja capaz de desenvolver relacionamentos virtuosos junto a seus pares e liderados. Assim, relaciono e sintetizo aqui quatro elementos citados por Ram Charan e Larry Bossidy na obra “Execução” e que aponto como pilares fundamentais para garantir a originação, estabelecimento e sustentação de tal qualidade de relacionamentos, orientados à prosperidade:

Autenticidade

O líder é um indivíduo a ser percebido como único, verdadeiro e coerente. As pessoas enxergam suas atitudes e comparam com suas falas. Essa coerência, constituindo sua autenticidade, estão na base da construção da confiança individual;

Autoconhecimento

O líder, em qualquer nível de uma empresa de qualquer porte, tem um entendimento superior sobre suas próprias competências de destaque, suas forças e também sobre suas fragilidades – e se serve desta consciência para estabelecer a dinâmica necessária ao aprendizado contínuo, tanto com seus sucessos, como com seus erros, e à composição de times com a diversidade necessária ao atingimento de objetivos para a empresa.

Autocontrole

Permite que um líder escolha melhor a forma de se relacionar em diferentes contextos e de como deverá reagir – especialmente perante adversidades, mas também perante sucessos ou situações inesperadas em geral. A partir de uma conduta ponderada, o líder maximiza as chances de evolução ao sucesso em sua jornada individual e junto ao seu time.

Humildade

Por fim, ser e agir como líder implica acreditar profundamente que se pode aprender sempre, em qualquer lugar, com qualquer pessoa e a praticar essa abertura ativamente através de uma postura curiosa e interessada. A manifestação desse atributo ajuda na construção da empatia, com o interesse genuíno pelo outro, e contribui finalmente para um contexto de liderança de sucesso.

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