Jeff Bezos: a Blue Origin sempre ficou à sombra da SpaceX (Getty Images / Edição EXAME)
Repórter
Publicado em 5 de junho de 2025 às 18h56.
Última atualização em 5 de junho de 2025 às 19h15.
O duelo entre o bilionário Elon Musk e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ganhou novos contornos nesta quinta-feira, 5. A troca de farpas, que já envolvia questões fiscais, agora tem ares de disputa espacial.
Depois de Musk ameaçar descomissionar a cápsula Crew Dragon da SpaceX, um dos principais contratos com a Nasa, o cenário da exploração espacial comercial pode estar prestes a sofrer uma transformação.
Uma boa notícia para a Blue Origin. A empresa de Jeff Bezos, fundador da Amazon, sempre ficou à sombra da SpaceX no setor de exploração espacial privada. Agora, pode finalmente se dar bem no mercado que foi dominado pela SpaceX por anos. E Bezos, o terceiro homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 229 bilhões, pode sorrir por último.
Na tarde de quinta-feira, 5, Donald Trump escalou sua crítica a Elon Musk, sugerindo que o governo dos EUA cortasse os subsídios e contratos federais com a SpaceX.
"A forma mais simples de reduzir o orçamento e economizar bilhões é cortar os subsídios e contratos de Elon", escreveu Trump em suas redes sociais. Musk respondeu rapidamente, acusando o presidente de ingratidão e ameaçando descontinuar a Crew Dragon, a cápsula da SpaceX utilizada em missões com a Nasa.
A briga não se limitou a questões políticas, mas também gerou incertezas sobre o futuro de missões espaciais cruciais, como o transporte de astronautas à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).
Enquanto a SpaceX atravessa um momento turbulento, a Blue Origin segue com um foco claro no longo prazo, investindo para consolidar sua posição como líder no mercado espacial.
A empresa tem se destacado, especialmente com o foguete New Glenn, um projeto que visa reduzir os custos de acesso ao espaço com a reutilização das partes do veículo.
A SpaceX foi favorecida pela Nasa devido à inovação de seus foguetes reutilizáveis — atualmente utilizados para missões de carga, mas com a expectativa de transportar astronautas para a Lua no programa Artemis.
Por outro lado, a Blue Origin tem atraído a atenção da Nasa com contratos significativos. Em 2023, a empresa recebeu US$ 3,4 bilhões para o desenvolvimento de um sistema de pouso lunar, posicionando-se diretamente contra a SpaceX no programa Artemis.
Do ponto de vista financeiro, a pressão sobre a SpaceX pode afetar profundamente seus contratos com a Nasa, que somam bilhões de dólares, especialmente no que se refere à Crew Dragon.
De 2020 para cá, a SpaceX recebeu cerca de US$ 3,1 bilhões para o desenvolvimento da cápsula Crew Dragon e missões tripuladas para a ISS. Estima-se que cada lançamento do foguete Falcon 9 gere cerca de US$ 62 milhões para a empresa de Musk.
Caso Musk leve sua ameaça adiante, pode ocorrer uma redistribuição de recursos e uma reconfiguração do mercado, permitindo que a Blue Origin capitalize sobre o vácuo deixado por esses conflitos. Outras menores do setor espacial privado, como Sierra Space e Axiom Space, também podem acabar se destacando.
Essa reconfiguração no cenário espacial pode ser um ponto de inflexão.
Para Bezos, a crise envolvendo Musk oferece uma rara chance de ampliar o portfólio de contratos e consolidar uma presença mais sólida junto à Nasa, tornando-se um jogador estratégico essencial nas futuras missões lunares — e além.