Negócios

Donos da Gol faturam R$ 1,5 bilhão com transporte rodoviário

A Comporte concentra os negócios de transporte rodoviário dos irmãos Constantino, que fundaram e são controladores da companhia aérea


	Estrada: os irmãos decidiram diversificar a atuação geográfica para reduzir o risco político
 (shansekala/Thinkstock)

Estrada: os irmãos decidiram diversificar a atuação geográfica para reduzir o risco político (shansekala/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 9 de março de 2015 às 09h01.

São Paulo - Quarenta miniaturas de ônibus dividem espaço com um pequeno avião da Gol e uma estátua de São Cristóvão, o protetor dos caminhoneiros, na sede da Comporte, em São Paulo.

Com faturamento aproximado de R$ 1,5 bilhão, em 2013, a empresa concentra os negócios de transporte rodoviário dos irmãos Constantino (Henrique, Joaquim, Ricardo e Júnior), que fundaram e são controladores da companhia aérea Gol.

A origem do grupo é o negócio criado pelo pai deles, Nenê Constantino, no fim dos anos 40. Ele era caminhoneiro e entrou no ramo depois de levar uma carga de manteiga para Recife.

Na busca do que trazer de volta para encher o caminhão, Nenê recebeu a sugestão de levar gente. Colocou uma placa "Rio-São Paulo" no veículo e transportou um grupo no pau de arara para a Região Sudeste.

Nenê dividiu seus negócios entre os filhos em 1994. Os quatro irmãos se juntaram e as irmãs ficaram com outras empresas de ônibus.

"Assumimos a dívida e tivemos de pagar pela empresa", disse Henrique, presidente do conselho de administração da Comporte.

"Aquela empresa de ônibus de antigamente não existe mais. Hoje somos um grupo de mobilidade profissionalizado."

Os irmãos decidiram diversificar a atuação geográfica para reduzir o risco político, com trocas de governos e revisões contratuais. "Hoje não temos mais de 7% da receita vindo de um único lugar."

Segundo Henrique, a empresa já teve prejuízo em São Paulo, quando as gestões de Celso Pitta e Paulo Maluf deixaram de repassar subsídio para as companhias.

Disputar a nova licitação da Prefeitura de São Paulo não está no planejamento estratégico do grupo.

A Comporte fez sua estreia nos trilhos, em dezembro, ao vencer a licitação para operar o VLT de Santos, e também vê oportunidades de crescer em concessões de transporte urbano em cidades médias, com ampliação da malha rodoviária e eventuais aquisições.

"As pressões populares são positivas para o setor. Elas podem ajudar a destravar vários investimentos", disse Henrique.

Aviação

No setor aéreo, a família atua desde 2001, quando fundou a Gol, segunda maior companhia de aviação do País. Para quem pensa em canibalização, com a as passagens aéreas mais baratas concorrendo com as de ônibus, o executivo se apressa a dizer que os setores são diferentes e se complementam.

"O transporte aéreo não atende a distâncias muito curtas nem rotas com baixa demanda." As empresas irmãs tentam se ajudar na medida do possível.

A inteligência por trás da movimentação de passageiros de ônibus pelo Brasil pode ser usada pela Gol na definição de novas rotas.

"É lógico que aproveitamos isso", diz Henrique, que é vice-presidente do conselho da aérea. Júnior é presidente e seus outros dois irmãos também estão no conselho da companhia.

Diferentemente da postura que adotam na Gol, que tem capital aberto e faz campanha na televisão, os Constantinos costumam ser mais discretos com os negócios de transporte rodoviário.

A reserva em relação aos negócios da família passa por uma acusação de assassinato contra Nenê Constantino, que teria mandado matar um líder comunitário em 2001. O caso está na Justiça e a família não comenta a questão.

Sobre o perfil discreto da companhia, Henrique responde com bom humor. "Até o meu sósia é mais famoso do que eu", brinca o executivo, numa referência a Marcelo Nascimento da Rocha, o falsário que se passou por ele em um carnaval, no Recife, e inspirou o filme Vips - História Reais de um Mentiroso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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