Negócios

Dono de farmacêutica coreana leva 'Oscar' do empreendedorismo global

CEO da Celltrion, que pesquisa tratamento para covid-19, venceu Empreendedor do Ano, da EY; Pedro Bueno, da Dasa, representou Brasil no prêmio global

JungJin SEO, fundador do Celltrion Group: farmacêutica aberta em 2002 é um negócio com mais de 2.100 funcionários e vendas globais de 1,6 bilhão de dólares por ano (Divulgação/Divulgação)

JungJin SEO, fundador do Celltrion Group: farmacêutica aberta em 2002 é um negócio com mais de 2.100 funcionários e vendas globais de 1,6 bilhão de dólares por ano (Divulgação/Divulgação)

LB

Leo Branco

Publicado em 10 de junho de 2021 às 19h19.

Num ano dominado pela crise sanitária causada pela pandemia, os empreendedores do setor de saúde ganharam relevância e notoriedade pelo mundo afora. Não à toa boa parte deles vêm ganhando prêmios pelos serviços prestados na hora de salvar vidas.

Mais um exemplo desse reconhecimento veio nesta quinta-feira, 10, com a premiação Empreendedor do Ano Global feita pela consultoria EY de maneira virtual pelo segundo ano até então, a cerimônia do evento anual, chamado de o “Oscar do empreendedorismo mundial” era realizado no principado de Mônaco.

A versão 2021 do prêmio teve como vencedor o empresário sul-coreano JungJin SEO, presidente de honra do Celltrion Group, uma empresa especializada em medicamentos para doenças autoimunes e câncer.

O Brasil foi representado na premiação por Pedro de Godoy Bueno, CEO do Grupo Dasa, do setor de saúde. O executivo foi um dos responsáveis diretos pelo crescimento e modernização do negócio na última década.

O vencedor JungJin SEO fundou Celltrion Group em 2002, aos 45 anos de idade, após ouvir um cientista falar sobre o futuro da medicina. Hoje a Celltrion é um negócio com mais de 2.100 funcionários e vendas globais de 1,6 bilhão de dólares por ano.

Na pandemia, a Celltrion desenvolveu uma tecnologia de anticorpos monoclonais — feito a partir de moléculas clonadas, a grosso modo para o tratamento de pacientes com sintomas da covid-19. 

Em estudos clínicos divulgados à imprensa em novembro do ano passado, o tratamento da Celltrion reduziu em 44% o tempo médio de recuperação em pacientes com sintomas leves da covid-19. O tratamento já foi aprovado para uso na Coreia do Sul, sendo oferecido pelo custo de produção.

“Estou muito feliz e honrado por representar não apenas o meu país com este prêmio, mas tantos jovens empreendedores sul-coreanos, pois acredito que isso possa trazer esperança para eles. Depois da Guerra da Coreia, nosso país tornou-se um dos mais pobres do mundo e todos tinham a missão de reerguê-lo”, disse JungJin em seu discurso de agradecimento. 

“O segundo passo foi transformá-lo e o terceiro era torná-lo melhor, de modo que os jovens tivessem mais oportunidades, com chances iguais e justas. Acredito que nós, representantes do "Empreendedores do Ano", temos como missão apoiar os jovens a seguir o mesmo caminho”, disse. 

Etapa brasileira

O vencedor da etapa brasileira, Pedro de Godoy Bueno, CEO da Dasa, destacou a importância do empreendedorismo para a adoção de tecnologias em hospitais e centros clínicos. “O setor de saúde por muito tempo foi reativo”, disse à EXAME logo após a premiação virtual. 

Com uso de tecnologias como prontuários eletrônicos unificados e inteligência artificial para mapear riscos de pacientes desenvolverem doenças, Bueno vê espaço para mudança na lógica do setor de saúde no Brasil e no mundo. 

Em vez de dar atenção à crise, como uma internação do paciente, o foco cada vez mais será na coleta intensa de dados sobre hábitos de vida de um indivíduo. Juntá-los de maneira eficiente é um desafio. 

“Há ainda muito desperdício de dados no setor”, diz Bueno, para quem a reorganização da Dasa numa marca só, um processo anunciado ao mercado em abril deste ano, deve ajudar o Grupo a integrar processos e, na ponta, otimizar o uso de dados na empresa. 

Pedro de Godoy Bueno teve sua trajetória profissional marcada pelo início ainda bem jovem, aos 15 anos, como estagiário na Amil, na época sob gestão de seu pai, Edson, falecido em 2017. Com a venda da empresa para o grupo norte-americano UnitedHealth, em 2012, fundou a gestora de investimentos DNA. 

Dois anos depois, assumiu como CEO do Grupo Dasa, uma das principais empresas do setor de saúde no Brasil, na qual a DNA já investia. O executivo foi um dos responsáveis diretos pelo crescimento e modernização do negócio na última década. Aos 31 anos, é conhecido como o bilionário mais jovem do Brasil, com fortuna estimada em 1,2 bilhão de dólares. 

Histórico do prêmio

Criado em 1986, o Programa Empreendedor do Ano (EOY) surgiu nos Estados Unidos com o propósito de identificar e reconhecer líderes empresariais de diversos setores, e que se destacavam pela criatividade com que conduziam seus negócios. 

Com o sucesso da iniciativa, outras unidades da EY ao redor do mundo passaram a fazer o mesmo junto aos empreendedores locais, reconhecendo aqueles que se destacam por transformar mercados. 

No Brasil, o Empreendedor do Ano é realizado desde 1998, com mais de 300 executivos brasileiros homenageados e reconhecidos pela EY desde então. Em 2001, foi criado o World Entrepreneur of the Year, a etapa internacional da premiação.

"A etapa internacional do Empreendedor do Ano é uma celebração ao espírito empreendedor”, diz Luiz Sérgio Vieira, CEO da EY Brasil. “Ao reunirmos os ganhadores de todos os países participantes, compartilhamos histórias inspiradoras e homenageamos aqueles que transformam o ambiente empresarial com uma visão ampla de negócios.”

Homenageados nas últimas edições do World Entrepreneur Of The Year: 

  • 2020:  Kiran Mazumdar-Shaw, Biocon (farmácia), Índia
  • 2019:  Brad Keywell, Uptake Technologies (tecnologia), Estados Unidos
  • 2018:  Rubens Menin, MRV Engenharia (construção), Brasil
  • 2017:  Murad Al-Katib, AGT Foods (exportação de alimentos), Canadá
  • 2016:  Many Stul, Moose Enterprise Holdings (brinquedos), Austrália
  • 2015:  Mohed Altrad, Altrad (construção), França
  • 2014:  Uday Kotak, Kotak Mahindra Bank (finanças), Índia
  • 2013:  Hamdi Ulukaya, Chobani (iogurte grego), Estados Unidos
  • 2012:  James Mwangi, Equity Bank Limited (microcrédito), Quênia
  • 2011:  Olivia Lum, Hyflux Limited (energia limpa), Singapura
  • 2010:  Michael Spencer, ICAP plc (finanças), Reino Unido

Quais são as tendências entre as maiores empresas do Brasil e do mundo? Assine a EXAME e saiba mais.

Acompanhe tudo sobre:DasaEY (Ernst & Young)Indústria farmacêuticaPandemiaSetor farmacêutico

Mais de Negócios

Franquias no RJ faturam R$ 11 bilhões. Conheça redes a partir de R$ 7.500 na feira da ABF-Rio

Mappin: o que aconteceu com uma das maiores lojas do Brasil no século 20

Saiba os efeitos da remoção de barragens

Exclusivo: Tino Marcos revela qual pergunta gostaria de ter feito a Ayrton Senna