Mesmo com contradição, o investimento da Foxconn pode gerar 100 mil empregos e uma linha de produção da Apple no Brasil (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 14 de abril de 2011 às 10h56.
São Paulo - Quanto a opinião de alguém pode mudar em sete meses? Na terça-feira, a presidente Dilma Rousseff saiu de uma reunião com Terry Gou, presidente da Foxconn, anunciando que a empresa taiwanesa planeja investir US$ 12 bilhões em uma fábrica de telas digitais no Brasil, criando 100 mil empregos.
O entusiasmo de Gou com o País, retratado nos planos anunciados pelo governo brasileiro, contrasta fortemente com o que o bilionário taiwanês havia dito em setembro ao jornal The Wall Street Journal. Um trecho de uma entrevista em que falou sobre o Brasil foi recuperado pelo blog China Real Time Report, do próprio jornal.
Na entrevista, Gou reclamou dos salários "muito altos" dos brasileiros e, segundo o blog, "ridicularizou" a ideia de que o País possa fazer frente ao poder industrial da China. "Os brasileiros, assim que ouvem a palavra "futebol", param de trabalhar. E tem também toda a dança. É loucura". Ele elogiou o potencial hidrelétrico do País e a produção de minérios, mas disse que as condições de produção são corretas somente para atender ao mercado local. "Se você quiser exportar coisas para os Estados Unidos, precisa de mais tempo e de mais dinheiro para enviar do Brasil (quando comparado com a China)."
O anúncio de ontem do governo foi recebido com ceticismo pela indústria brasileira. A própria Foxconn não confirmou o investimento. "Guiada pela estratégia de "estar onde o mercado está", estamos há bastante tempo estudando oportunidades de investimento no Brasil", disse a empresa, em comunicado. "Estamos atualmente no processo de explorar oportunidades nesse mercado importante e conduzindo uma análise substantiva do ambiente geral de investimento do País."
Crise
A história recente da empresa foi marcada pela crise causada por suicídios de funcionários em suas unidades chinesas. Desde 2007, 17 empregados da Foxconn teriam se matado ao pular das janelas dos prédios da companhia. Isso levou a empresa a instalar redes de proteção em volta de seus edifícios. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.