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Dona da TIM muda comando e venda no país volta à cena

A saída de Patuano pode aumentar a influência do maior acionista do grupo italiano, a Vivendi, que já teria sinalizado a vontade de sair do Brasil


	Pedestres passam em frente a uma loja da TIM em Ipanema: a saída de Patuano reacendeu as expectativas de movimento de venda da TIM no Brasil
 (Lianne Milton/Bloomberg)

Pedestres passam em frente a uma loja da TIM em Ipanema: a saída de Patuano reacendeu as expectativas de movimento de venda da TIM no Brasil (Lianne Milton/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 22 de março de 2016 às 08h37.

Londres e São Paulo - A renúncia de Marco Patuano do posto de executivo-chefe na Telecom Itália (TI), dona da TIM Brasil, intensificou as discussões sobre a consolidação no mercado nacional de telecomunicações.

A saída de Patuano pode aumentar a influência do maior acionista do grupo italiano, a Vivendi, que já teria sinalizado a vontade de sair do Brasil.

O processo de distanciamento de Patuano e o grupo Vivendi aconteceu gradualmente e o motivo não seria a unidade brasileira, relataram ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, fontes no Brasil e na Europa.

Enquanto o executivo manteve a aposta em transformar a Telecom Itália em uma plataforma para acesso ao mundo digital, o grupo francês defende a migração acelerada da companhia para um modelo híbrido que oferece acesso e conteúdo digital.

Para uma das fontes, o presidente do conselho de administração da Telecom Itália, Giuseppe Recchi, deve assumir o posto durante o processo de transição e, em até dois meses, um novo executivo-chefe será nomeado.

A fonte lembrou ainda que há uma assembleia da companhia marcada para o final de maio. No Brasil, não há perspectiva de mudanças no controle da TIM, disse uma pessoa ligada à operação brasileira.

"Talvez uma pessoa de fora (da empresa) pode ser melhor para tomar as decisões difíceis necessárias a respeito de vender (a unidade no) Brasil e cortar custos mais rápido", disse o banco Credit Suisse em relatório.

Consolidação

A saída de Patuano reacendeu as expectativas de movimento de venda da TIM no Brasil.

Mas a Oi, operadora altamente endividada, apontada como possível empresa nesse processo de consolidação com a TIM, não teria caixa para participar desse movimento, segundo fontes ouvidas pelo Estado.

Ontem, as ações ordinárias da TIM fecharam em alta de 4,08%. Já os papéis ordinários da Oi caíram 3,39%.

O Itaú BBA afirmou, em relatório, que, caso a Vivendi consiga nomear um novo executivo, existe a expectativa de que possa ser facilitada a venda da TIM. No entanto, não está claro ainda quem poderia ser o potencial comprador no curto prazo.

Fontes próximas à Oi afirmaram que o foco da operadora brasileira é reestruturar sua dívida. A empresa tinha fechado carta de intenções para que o fundo russo LetterOne (L1), do bilionário Mikhail Fridman, injetasse até US$ 4 bilhões na empresa, operação que estava condicionada ao movimento de consolidação com a TIM.

A sinalização de que a TIM não estava disposta a participar desse movimento, ainda sob a gestão de Patuano, levou o L1 a retirar a proposta. Fontes afirmaram, no entanto, que o fundo russo ainda tem interesse em uma eventual consolidação.

Mas, neste momento, não há nada em andamento. "A prioridade agora é reestruturar a dívida e não há negociação de equity (compra de ações)", disse a fonte.

Para o banco Brasil Plural, foi positiva a decisão da TIM de não participar das negociações com a LetterOne.

Mesmo que esta opção ganhe nova relevância, dada a reformulação no grupo italiano, o banco acredita que "seria uma má ideia pagar qualquer valor patrimonial pela Oi, uma vez que o tempo pode apresentar pontos de entrada mais atrativos no futuro".

Uma fonte próxima à TIM Brasil disse que não há perspectiva de mudança, seja pela venda da TIM ou pela aquisição de outras operadoras, apesar de especulações.

Por enquanto, a TIM está concentrada em seu plano de três anos, que foi aprovado por executivos ligados a Telecom Itália e Vivendi.

Ao rejeitar a abordagem do fundo russo, disse um analista de mercado, o grupo italiano teria sinalizado preferência por uma venda e não por uma fusão.(Colaborou Mônica Scaramuzzo)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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