Depois do estudo do dossiê médico, os especialistas constataram uma “alteração das faculdades mentais e físicas” (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de junho de 2011 às 22h50.
São Paulo - A francesa Liliane Bettencourt, dona do grupo de cosméticos L’Oréal e que se envolveu em um escândalo de financiamento à campanha do presidente Nicolas Sarkozy, deverá ser colocada sob proteção judicial para gerir seu patrimônio. A declaração é de um grupo de três médicos designados em novembro passado pela Justiça da França para examinar a milionária, de 88 anos, informou nesta terça-feira uma fonte próxima ao caso. O pedido de intervenção foi feito pela própria filha de Bettencourt.
Depois do estudo do dossiê médico, os especialistas constataram uma “alteração das faculdades mentais e físicas” da mulher mais rica da França. Segundo os médicos do grupo, que não examinaram Bettencourt diretamente, ela foi afetada por uma “doença cerebral”.
“Liliane Bettencourt deve poder beneficiar-se de uma medida de proteção dos atos da vida civil, tanto patrimoniais como de caráter pessoal”, estimaram os médicos em um relatório. Em 20 de junho, um tribunal francês deve examinar um pedido para que ela pare de administrar sua fortuna, feito por sua filha, Françoise Bettencourt Meyers.
Caso - Mãe e filha se enfrentam em uma batalha judicial desde 2007, quando Meyers acusou o escritor e fotógrafo François Banier de ter abusado da fragilidade de sua mãe para receber dela um bilhão de euros em presentes.
Em dezembro de 2010, as duas fizeram as pazes e Meyers retirou as acusações. Porém, na semana passada a tensão familiar foi reacendida quando a filha apresentou uma nova ação judicial acusando o advogado de sua mãe, Pascal Wilhelm, de colocar em perigo seus interesses financeiros. Desde janeiro, ele administra a fortuna de Bettencourt.
Após a reabertura do caso judicial, na última semana, a mulher mais rica da França acusou sua filha de estar “um pouco desequilibrada”, em entrevista ao jornal semanal francês Journal du Dimanche. A octogenária contou ter se negado a receber a filha em sua luxuosa mansão "já que se cansa ao tratar com alguém que está psicologicamente um pouco desequilibrada".
Sarkozy - O escândalo ultrapassou os limites da família Bettencourt e chegou até a presidência da França em 2010, quando a ex-contadora da milionária afirmou que a campanha eleitoral de Sarkozy, em 2007, recebeu uma doação ilegal de 150.000 euros em dinheiro. Segundo ela, o atual ministro do Trabalho, Eric Woerth, recebeu a quantia quando era tesoureiro do partido UMP (direita, no poder) para financiar a campanha do presidente.
Espionagem - No mesmo ano, o jornal francês Le Monde acusou Sarkozy de violar a lei sobre o sigilo das fontes de jornalistas. Segundo o periódico, o governo utilizou o serviço de contraespionagem para identificar uma pessoa citada em uma reportagem do mesmo jornal sobre o escândalo envolvendo a empresa L´Oréal.