Negócios

Domino’s nega venda e busca aporte para seu maior alvo: São Paulo

Rede de pizzarias que faturou 330 milhões de reais em 2017 planeja abrir até 150 lojas no estado mais rico do país

Domino's: mesmo sendo o maior mercado do país para pizzas, São Paulo tem apenas 52 das 220 unidades da companhia (Proformabooks/Thinkstock)

Domino's: mesmo sendo o maior mercado do país para pizzas, São Paulo tem apenas 52 das 220 unidades da companhia (Proformabooks/Thinkstock)

EH

EXAME Hoje

Publicado em 8 de junho de 2018 às 17h12.

Mesmo sendo um dos países que mais comem pizza no planeta, o Brasil sempre foi um mercado duro para as redes de pizzaria. As principais franqueadoras do planeta, as americanas Pizza Hut e Domino’s, tentam há tempos se estabelecer por aqui. Depois de muitas indas e vindas, a Domino´s encontrou um caminho, como ficou claro nesta sexta-feira.

Segundo a coluna Radar, da revista VEJA, a Vinci Investimentos, acionista da rede de lanchonetes Burger King no Brasil, pagou cerca de 300 milhões de reais pela operação brasileria da Domino’s, que pertence ao grupo Trigo, o mesmo que controla a rede de restaurantes Spoleto e Koni.

Mario Chady, sócio do grupo Trigo, negou a EXAME que o negócio tenha sido fechado. Mas confirmou que há negociações em andamento há algum tempo com diversos potenciais investidores, com um grande objetivo em vista: invadir São Paulo. “É a prioridade para os próximos anos”, diz Chady.

Mesmo sendo o maior mercado para pizzarias do país, São Paulo tem uma presença pequena de pizzarias da Domino’s. Das 220 unidades, 52 estão no estado, ante 69 no estado do Rio. Segundo Antonio Moreira Leite, presidente do Grupo Trigo, o estado pode receber pelo menos 200 pizzarias da Domino’s. O investimento buscado visa financiar a abertura de lojas próprias no estado mais rico do país. Hoje a companhia tem sete lojas próprias no Rio, mas nenhuma em São Paulo.

O gasto previsto para abertura de uma nova loja é de 700.000 reais, e a ideia é conseguir um investimento específico para a empreitada de, de 700 em 700 mil chegar a 200 lojas em pouco tempo. Segundo Leite, as lojas próprias dão retorno de até 20%, ante 6% das lojas franqueadas.

O faturamento da Domino’s já é o maior das grandes marcas do grupo – 180.000 reais por mês, ante 110.000 de Koni e Spoleto. A Spoleto é mais voltada para shoppings, um nicho que vive momento difícil no país. A prioridade, portanto, é pisar o pé no acelerador com a Domino’s, que cresceu 26% no primeiro trimestre e faturou 330 milhões de reais em 2017. A meta é ter 800 unidades no Brasil nos próximos anos. O Grupo Trigo faturou 1,2 bilhão de reais em 2017.

A Domino’s aproveitou a crise para crescer no Brasil, com lojas simples que priorizam o delivery (um nicho de mercado enorme e pulverizado nas grandes cidades do país). A entrega de comida em casa cresceu 11% em 2016 no Brasil, impulsionada pela queda no poder de compra da população e pelo surgimento de novos serviços e aplicativos que facilitam a vida de quem quer pedir comida em casa.

A Domino’s lançou mão de uma série de táticas para fisgar esses consumidores. Faz promoções agressivas, que garantem que, segundo a companhia, com 47 reais em média os clientes façam uma refeição para quatro pessoas.

As unidades brasileiras começam aos poucos a receber as inovações tecnológicas que fizeram da Domino’s um case de inovação global. Algumqs iniciativas são inusitadas. A companhia tem um aplicativo, por exemplo, que permite aos clientes fazerem um pedido sem nenhum clique. Em alguns segundos o app pede a pizza cadastrada previamente. Em algumas lojas dos EUA também é possível ser identificado via smartphone ou smartwatch na porta do estabelecimento e, sem dizer nada, pegar a pizza pré-cadastrada no caixa.

A Domino’s tem 15.000 lojas espalhadas pelo mundo e, nos EUA, 60% dos pedidos são feitos online. O investimento em tecnologia impulsionou os resultados e o valor de mercado da companhia. As ações quadruplicaram de valor nos últimos cinco anos, para um valor de mercado de 11 bilhões de dólares.

No Brasil, a prioridade do Grupo Trigo, segundo Leite, não é vender a marca Domino’s, nem nenhuma outra. “Somos consolidadores”, diz. A companhia lançou há dois anos uma rede de restaurantes orientais, a Gurumê, que tem quatro unidades no Rio de Janeiro, com faturamento mensal, por loja, de 1 milhão de reais. Recentemente, lançou também uma marca francesa, a Le Bon Ton, para crescer em praças de alimentação.

A ambição desta última é se expandir país afora. Se a Domino’s encontrou terreno fértil na crise, para a Le Bon Ton seria bom que o mau momento dos shoppings passasse logo.

Acompanhe tudo sobre:Domino'sExame HojeInvestimentos de empresassao-paulo

Mais de Negócios

Ford aposta em talentos para impulsionar inovação no Brasil

Fortuna de Elon Musk bate recorde após rali da Tesla

Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2024: conheça as vencedoras

Pinduoduo registra crescimento sólido em receita e lucro, mas ações caem