Negócios

Domínio chinês: 48% dos que compraram no exterior usaram AliExpress e Wish

Estudo mostra plataformas mais usadas pelos brasileiros para compras internacionais. Preço continua sendo fator decisivo

AliExpress: mais de 20% dos brasileiros que compraram em sites internacionais usaram o serviço da companhia chinesa (Sefa Karacan/Anadolu Agency/Getty Images)

AliExpress: mais de 20% dos brasileiros que compraram em sites internacionais usaram o serviço da companhia chinesa (Sefa Karacan/Anadolu Agency/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 27 de setembro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 27 de setembro de 2019 às 10h17.

Cada vez mais brasileiros estão comprando produtos do exterior pela internet. E, sobretudo, produtos chineses.

Um estudo da fintech curitibana de pagamentos Ebanx, em parceria com a empresa de pesquisa de opinião Opinion Box, entrevistou 3.000 brasileiros que fizeram alguma compra internacional pela internet nos últimos doze meses. E o resultado foi que, dentre as varejistas de comércio eletrônico, as chinesas AliExpress e Wish estão entre as mais populares.

É o chamado comércio cross border (algo como "que cruza fronteiras", em inglês), em que varejistas ou empresas de diferentes setores, como de tecnologia, podem vender produtos por meio de seus sites e aplicativos para clientes de outros países.

As vendas cross border movimentaram no comércio eletrônico brasileiro 10 bilhões de dólares em 2018, o equivalente a 22% de todo o e-commerce no Brasil, segundo estudo da consultoria de inteligência de marketing Americas Market Intelligence.

O estudo da Ebanx mostra que a AliExpress é a terceira plataforma mais usada pelos entrevistados para compras internacionais e a Wish, a 10ª. Dentre os entrevistados, 23,9% compraram na AliExpress ao menos uma vez nos últimos 12 meses, enquanto 23,8% usaram a Wish. As empresas não têm loja física ou estoques próprios no Brasil, de modo que todos os produtos vêm do exterior.

As chinesas estão, inclusive, à frente da varejista americana Amazon, maior empresa de comércio eletrônico do mundo mas que, no Brasil, é apenas a quinta maior fornecedora de produtos internacionais. A empresa foi usada para comprar produtos do exterior por 18% dos entrevistados.

Algumas das plataformas mais usadas são também as que vendem serviços de tecnologia de empresas estrangeiras. A americana Netflix lidera: 67,6% dos entrevistados assina ou assinou nos últimos doze meses o serviço de streaming da companhia americana. Em seguida vem a Uber, com 60,4%, que tem transporte por aplicativo e entrega de refeições.

Nas compras internacionais de serviços de tecnologia também aparecem nomes como Amazon Prime, serviço de frete grátis e streaming da Amazon, as plataformas de música Spotify e Deezer, o streaming de séries e filmes HBO Go e o Airbnb, plataforma de aluguel de hospedagem temporária. Com serviços de viagem em que brasileiros compram passagens de empresas estrangeiras, os sites de viagem Decolar e Trivago também são responsáveis por grande volume de compras, usados por 8% e 10% dos usuários, respectivamente.

Desconfiança ainda é alta

Para os brasileiros, o principal motivo para comprar nos sites estrangeiros ainda é em grande parte a busca por um preço menor. Os entrevistados no estudo da Ebanx apontaram como fatores que influenciam as compras, em primeiro lugar, o preço (48,1% dos produtos), seguido pelo valor do frete (39,6%) e, por último, a qualidade dos produtos (34,2%).

A imagem de preços baixos, contudo, é combinada com uma percepção ainda difundida de que produtos de sites internacionais, sobretudo dos chineses, têm menor qualidade.

Apesar do volume crescente de compra em sites internacionais, combater essa desconfiança é um desafio, sobretudo para as empresas chinesas. Dentre os consumidores que já desistiram de uma compra em site internacional, 54,7% o fez porque não confiava que o produto chegaria ou porque não se sentiram seguros.

O estudo também mostra que 52% dos usuários que compram em sites internacionais ainda o fazem usando boleto bancário, opção oferecida pelas empresas chinesas desde sua entrada no Brasil, o que as ajudou a ganhar tração.

Reportagem de capa desta edição da revista EXAME mostrou que 30% dos brasileiros acima de 15 anos não tem sequer conta em banco, o que equivale a 45 milhões de pessoas. Em 2011, perto de quando a AliExpress desembarcou por aqui, 54% dos brasileiros não eram bancarizados.

Outra barreira para o crescimento do cross border no Brasil é a logística de entrega, já que produtos vindos do exterior ainda demoram semanas a chegar. Mais de 68% dos entrevistados afirmou que a primeira compra em um site internacional foi de um produto barato, apenas para testar se a compra de fato chegaria.

Em parte para superar a desconfiança dos consumidores, a Ebanx capitaneou a abertura, em Curitiba, de uma guide shop, ou uma pequena loja modelo, para colocar à mostra produtos vendidos na AliExpress, empresa na qual é parceira para oferecer meios de pagamento. A experiência é apenas temporária (termina em outubro) e não há estoque na loja, de modo que os clientes podem apenas ver e manusear os produtos, mas tem de comprá-los pela internet caso se interessem. A ideia, afirmou a Ebanx, é ajudar a aumentar a confiança do consumidor nos produtos chineses, sobretudo nos de maior valor agregado, como celulares e eletrônicos.

Acompanhe tudo sobre:AlibabaChinae-commerceVarejo

Mais de Negócios

Franquias no RJ faturam R$ 11 bilhões. Conheça redes a partir de R$ 7.500 na feira da ABF-Rio

Mappin: o que aconteceu com uma das maiores lojas do Brasil no século 20

Saiba os efeitos da remoção de barragens

Exclusivo: Tino Marcos revela qual pergunta gostaria de ter feito a Ayrton Senna