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DOM Investimentos cresce com lives a jovens interessados no day trade

Aberto em fevereiro, escritório plugado ao BTG Pactual já tem mais de 1.900 clientes, boa parte deles interessada no dia a dia do mercado de capitais

Maksoud, da DOM Investimentos: encontros virtuais para dar orientações a quem está chegando agora ao mercado de capitais (Arquivo pessoal/Divulgação)

Maksoud, da DOM Investimentos: encontros virtuais para dar orientações a quem está chegando agora ao mercado de capitais (Arquivo pessoal/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 4 de setembro de 2020 às 15h12.

Última atualização em 5 de setembro de 2020 às 10h51.

O número de pessoas físicas com investimentos em ações no Brasil vem crescendo a passos largos em 2020. Atualmente, são mais de 2,9 milhões de CPFs com algum tipo de aplicação em renda variável, uma alta de 80% em relação ao patamar de janeiro, segundo a B3, a Bolsa de Valores de São Paulo.

Mais investidores vão trazer sofisticação ao mercado — e ampliar também o número de investidores com atuação diária. Dos 2,5 milhões de CPFs ativos na bolsa brasileira, apenas 10% atuam diariamente. Nos Estados Unidos, onde o número de pessoas com conta em alguma corretora chega a 200 milhões, 60 milhões atuam diariamente no mercado.

O day trade está entrando na moda por aqui, e chegou a ser tema de um episódio do Greg News, programa semanal do humorista Gregorio Duvivier produzido pela HBO. Distribuído em 22 de agosto, o vídeo tem mais de 800.000 visualizações no YouTube. Duvivier aponta sobretudo os riscos do day trade para quem não tem conhecimento do assunto.

Encontrar o timing preciso para lucrar com essas negociações demanda realmente conhecimento. A Laatus está lançando um curso em parceria com a EXAME Academy para interessados.

A missão de treinar os novos investidores a navegar pelo day trade com certa segurança virou também um nicho de mercado para o empreendedor Gabriel Maksoud, de 27 anos, um dos sócios fundadores da DOM, escritório de investimentos plugado ao ecossistema do BTG Pactual (do grupo controlador da EXAME).

Aberto em São Paulo em fevereiro deste ano, hoje em dia o escritório tem uma carteira de 50 milhões de reais de mais de 1.900 clientes ativos. Quase 80% desse contingente é formado por investidores com menos de 45 anos que, até bem pouco tempo, estavam acostumados a aplicações conservadoras, como renda fixa ou até mesmo a poupança.

“O cenário de juros baixos provocou uma mudança profunda no perfil de investimentos do brasileiro. É tudo muito novo”, diz Maksoud, que abriu o escritório após oito anos de experiência nas áreas de renda variável de instituições financeiras como o banco Itaú e a corretora Rico.

Boa parte da clientela da DOM conheceu o trabalho do escritório em dezenas de lives organizadas por Maksoud no YouTube desde o início da pandemia. O propósito dos encontros virtuais é ensinar o beabá do mercado de capitais para quem está chegando agora. “A ideia é dar orientação a quem está investindo sozinho e com muitas dúvidas”, diz.

No rol de perguntas frequentes nas lives está o patamar saudável de endividamento — ou alavancagem, na linguagem dos operadores das corretoras — ao operar com minicontratos de compra e venda futura de algum produto, como moedas, ações ou mesmo commodities a exemplo de soja, proteínas e por aí vai.

Não é raro as corretoras autorizarem uma parcela dos investidores a negociar valores acima do capital próprio — daí o fato de ser comum estar “alavancado” em algumas aplicações. Quando o mercado está em alta, a prática pode multiplicar os ganhos para todos os lados. Em momentos de queda, a alavancagem pode acelerar as perdas. Em meio ao vaivém do mercado, e sem assessoria na hora de tomar decisões, muita gente desiste do day trade ao menor sinal de perdas.

“A maioria dos investidores desiste dessa atividade (day trade) após dois meses porque perdeu dinheiro. Aqui a gente tenta mudar essa estatística. A instrução é sempre começar devagar”, diz.

A audiência desses encontros, que costuma passar de 100 pessoas, não raro, chama os amigos para os próximos eventos e, ao meio ao boca a boca, a conversão de internautas em clientes é alta. “É impressionante o engajamento que esse tipo de divulgação traz para o negócio”, diz.

Para além das lives, contar com a estrutura do BTG Pactual faz a diferença para ter conteúdo para atender a tanta demanda. “Nas listas de transmissão de conteúdo aos clientes no WhatsApp enviamos relatórios do banco sobre as tendências de macro e da política, além das recomendações de ações”, diz Maksoud.

Se mantido o ritmo atual de expansão de clientes, a DOM deve chegar a uma carteira de 500 milhões de reais até o fim de 2021. Por ora, nos planos do escritório está conquistar clientes fora de São Paulo.

Para isso, a estratégia é convidar para as próximas lives influenciadores em investimentos pessoais com redes extensas — e azeitadas — de contatos em certas regiões do país, como o interior paulista. “Alguns deles têm grupos de WhatsApp com centenas de pessoas só para trocar experiências em investimentos”, diz. “Podemos oferecer nossa expertise a esse público.”

Boa parte do dia a dia dos quatro assessores da DOM é ocupada em orientações sobre finanças pessoais aos clientes, como usar apenas uma fração dos recursos em renda variável e manter reservas de emergência.

Maksoud, claro, vi o vídeo de Duvivier. “É legal a ironia dele, mas é claramente um humor feito por quem nunca esteve na outra ponta [a do investidor]”, diz. “A provocação é válida, mas não dá para generalizar e dizer que pouca gente ganha dinheiro com day trade.” Dia após dia, a missão da DOM é provar que o humorista está errado.

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