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Casal cria 'whey protein' para cachorro e vai faturar R$ 20 milhões só com isso

De Lauro de Freitas, a Dolce Pet faz desde xampu e leave-in até anti-inflamatórios e suplementos

Camilla Galvão e Marcelo Miranda, do Grupo Dolce Pet: empresa opera uma fábrica em Camaçari, na Bahia

Camilla Galvão e Marcelo Miranda, do Grupo Dolce Pet: empresa opera uma fábrica em Camaçari, na Bahia

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 27 de agosto de 2025 às 05h49.

Última atualização em 28 de agosto de 2025 às 12h01.

Em 2025, a baiana Camilla Galvão e o capixaba Marcelo Miranda celebram 18 anos juntos — e o casamento está marcado para o início do próximo mês. Isso porque os últimos vinte anos foram corridos: foram três filhos, duas cachorras e a abertura de duas empresas até a criação da Dolce Pet.

Com sede em Lauro de Freitas, na Bahia, a empresa de cosméticos e suplementos premium para animais mira R$ 67 milhões em faturamento até o final do ano. Segundo dados do Sebrae, a Dolce Pet representa o '1%' do Nordeste: a pequena porcentagem de startups da região que faturam entre 4,8 milhões e 300 milhões de reais.

A Dolce Pet é o terceiro empreendimento do casal — e o que mais reflete seus valores.

“Sempre gostamos muito dessa área. Mesmo quando trabalhávamos com saneantes, era no pet que a gente queria estar”

Serial empreendedores

Antes de apostar nos cosméticos para animais, eles fundaram uma fábrica de produtos químicos para limpeza e, depois, uma linha de beleza para humanos. Foram R$ 2 milhões investidos num projeto que nunca viu a luz do dia.

Galvão deixou o funcionalismo público para se tornar sócia da empresa ao lado de Miranda, que já tinha experiência como empreendedor no setor de papel. Quando começaram o empreendimento 'para humanos', alugaram um galpão que pertencia ao xará de Miranda. Marcelo Pontes viria a se tornar o terceiro sócio da futura Dolce Pet.

Estava tudo pronto: embalagem, fragrância, time, campanhas — até que, seis anos após tentar pela primeira vez, a autorização para operar no setor pet foi finalmente concedida pelo Ministério da Agricultura e Pecuária.

“Quando isso aconteceu, largamos tudo”, diz Miranda. “Estava tudo pronto para o setor humano, mas a paixão era o pet”.

Doce sucesso

Com apoio de uma consultoria em São Paulo e um time de químicos contratados, a empresa se tornou a primeira do Nordeste a produzir cosméticos pet de forma regularizada.

A produção inclui xampus, leave-ins, perfumes e máscaras com alta concentração de ativos naturais, como cupuaçu e tucumã, extraídos da região amazônica. A empresa não usa fixadores sintéticos: em vez disso, aposta no encapsulamento alemão para garantir durabilidade das fragrâncias até 10 dias após o banho.

“Temos orgulho de usar os melhores ingredientes. Fizemos questão de não fazer adaptações para cortar custo. Preferimos manter a performance”, diz Miranda. Essa escolha fez da linha cereja avelã, por exemplo, um sucesso nacional entre groomers, os esteticistas de animais, e lojas especializadas.

O portfólio também inclui linhas de prateleira, voltadas para consumidores finais, e uma marca inspirada no cronograma capilar feminino, com ingredientes como células-tronco de orquídea negra e camélias preciosas.

Whey para cachorro?

A nova aposta é no mercado de suplementos, com comprimidos para dor, energia, imunidade e até linha oncológica, que promete aumentar a qualidade de vida de cães em estágio terminal.

A previsão é de que a nova categoria represente entre R$ 18 a R$ 20 milhões no faturamento anual.

O produto mais promissor até agora é um suplemento proteico que, segundo a empresa, foi testado em um animal com câncer terminal. A expectativa de vida era de três meses; após o início da suplementação, viveu mais seis. “Ele faleceu conseguindo andar, tendo qualidade de vida”, afirma Miranda.

Para animais saudáveis, a ideia do whey é complementar a dieta, aumentar a energia e melhorar a pelagem.

Hoje, a Dolce Pet emprega cerca de 60 funcionários e opera uma fábrica de 2.400 metros quadrados em Camaçari, próximo ao parque industrial do Boticário.

“Já estamos de olho em uma nova planta”, diz Galvão. Em paralelo, também prepara uma expansão internacional com distribuidores no Peru, EUA, Argentina e Uruguai.

Agora, com o negócio em ascensão e o casório marcado para setembro, o casal quer expandir a presença da linha de suplementos no mercado e já começa a pensar em novas vertentes de receita. A próxima ideia? Banhos terapêuticos com óleos essenciais.

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