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Do paradoxo ao ciclo vicioso: a saga das empreendedoras

Esforço coordenado e respostas específicas compõem receita que acelerará a caminho do empreendedorismo feminino e promoverá transformação social

Empreendedorismo feminino: acesso desigual ao crédito e sobrecarga doméstica dificultam o crescimento. (Jovanmandic/Getty Images)

Empreendedorismo feminino: acesso desigual ao crédito e sobrecarga doméstica dificultam o crescimento. (Jovanmandic/Getty Images)

Publicado em 5 de maio de 2025 às 16h10.

É imenso o potencial do empreendedorismo feminino no enfrentamento das desigualdades sociais e econômicas no Brasil. Contudo, as donas de negócios estão exaustas em função dos desafios extras a que estão submetidas, somente e simplesmente por serem mulheres. Difícil acesso ao crédito, falta de redes de apoio, o peso da economia do cuidado e diferenças regionais e raciais, além de presença menor em setores mais inovadores: é extensa a lista de dificuldades exclusivas a elas. E que, portanto, exigem respostas específicas. 

Embora historicamente mulheres tenham menor índice de inadimplência, negócios liderados por elas são vistos como de maior risco por instituições financeiras. O que resulta em juros maiores, exigências mais rígidas e limites mais modestos para crédito. O impacto profundo dessa contraditória limitação restringe a capacidade de inovação e escala dos negócios, em um ciclo vicioso onde a falta de recursos impede o crescimento, que por sua vez reforça a visão de risco entre os financiadores.  

Sobrecarregadas ainda pelo trabalho doméstico, elas têm menos disponibilidade para a gestão e expansão da empresa. O tempo escasso ocasiona a sub-representação feminina em fóruns empresariais e associações comerciais, o que as priva de insights estratégicos, conexões valiosas e aprendizados que impulsionariam seus negócios.  

Desigualdades regionais e raciais são mais um agravante: enquanto mulheres brancas do Sul e Sudeste têm mais chances de crédito, tecnologia e formalidade, mulheres negras e indígenas, especialmente no Norte e Nordeste, via de regra recorrem ao empreendedorismo de subsistência como última alternativa de renda.  

Neste panorama, o Sebrae tem sido fundamental na educação empreendedora, oferecendo cursos e consultorias em habilidades essenciais como planejamento financeiro, marketing digital e gestão. Tudo dentro de uma abordagem inclusiva, com conteúdos específicos para negras, indígenas e moradoras de periferias urbanas, adaptados às realidades locais e de cada segmento, para impactar toda a comunidade onde atuam essas mulheres. 

No entanto, superar tais barreiras requer esforços coordenados entre governos, instituições e a sociedade em geral. Só assim o empreendedorismo feminino será ferramenta de transformação social. 

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