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Do mercado de capitais para o triatlo: ele trouxe o Ironman para o Brasil e fatura R$ 30 milhões

Carlos Galvão, da Unlimited Sports, quer aproximar o brasileiro do triatlo e tem investido em versões menores do esporte

Carlos Galvão, da Unlimited Sports: "Se eu não fosse ironman, eu acho que não teria conseguido encarar a pandemia" (Unlimited Sports/Divulgação)

Carlos Galvão, da Unlimited Sports: "Se eu não fosse ironman, eu acho que não teria conseguido encarar a pandemia" (Unlimited Sports/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 7 de março de 2024 às 16h22.

Última atualização em 8 de março de 2024 às 07h46.

Disciplina, persistência, foco e desafio são palavras que circulam pelos grandes centros financeiros globais, assim como pelo ambiente de quem pratica esportes de endurance. O empresário Carlos Galvão uniu os dois mundos para trazer uma das marcas mais tatuadas do mundo ao Brasil e transformar o triatlo em um negócio de R$ 30 milhões para a sua empresa, a Unlimited Sports.

Praticante de triatlo desde 1994, ele opera a marca Ironman no Brasil desde o começo dos anos 2000. A competição, de propriedade da WTC (World Triathlon Corporation), reúne, no formato original, 3,8 quilômetros de natação, 180 de ciclismo e, para finalizar, uma maratona, percurso de 42,2 quilômetros.

Administrador de empresas, Galvão ficou dos 17 aos 30 anos no mercado de capitais. Passou por Chicago, nos Estados Unidos, trabalhando para o Lehman Brothers, o gigante financeiro americano que anos mais tarde colapsaria na crise do subprime em 2008, e pela extinta BM&F, onde operou commodities e dólar futuro e usou os característicos jalecos dos operadores da época. 

Independente financeiramente aos 30 anos, decidiu sair do mercado para criar a agência de marketing esportivo Latin Sports, fundada com Alberto Azevedo, sócio da Track&Field. “Eu queria criar algo ecom propósito e mudar a vida das pessoas para melhor. Eu vislumbrei que o Ironman poderia fazer isso. Quem treinasse e completasse, depois daquela linha de chegada, poderia ser outra pessoa”, afirma Galvão.

Como nasce a empresa

A primeira edição do IronMan foi em 2001, com a participação de pouco mais de 500 atletas em Florianópolis. No início, a Latin Sports organizava ainda outras competições, como Track&Field Run Series, circuito que até hoje arrasta multidões.

Ao longo dos anos, o empresário calcula que mais de 90.000 pessoas já participaram das competições de triatlo. No período, as provas também mudaram para atrair um público maior. A WTC criou versões menores, como o 70.3, equivalente à metade do IronMan completo - a nomenclatura 70.3 é referente à soma das distâncias em milhas.

As competições de triatlo, fora do domínio da WTC, tem ainda outras variações com distâncias menores, como “olímpico” e o “sprint”.

Em 2015, Galvão optou fazer uma cisão com o sócio e fundou a Unlimited Sports, especializada no triatlo. Um produto criado dentro de casa a partir deste momento é o TridaySeries, focado em distâncias menores. “O nosso objetivo era criar base e massa crítica para o Iron Man”, afirma.  

Uma ambição recém-lançada no projeto é de que 1% dos cerca de 100.000 funcionários do Itaú, banco que assina atualmente o naming rights do projeto a partir do BBA, complete uma prova de triatlo até o fim do ano.

Qual é o futuro do negócio

Essas estratégias de aproximação e criação de novos fórmulas que a Unlimited procura tornar o triatlo mais atraente e romper com aquelas máximas “negócio para maluco” ou “só de ouvir já cansa”. Em estudo, está agora uma versão rústica, com outro tipo de bicicleta. 

A empresa chega a desenvolver projetos customizados para alguns clientes, como corridas para JHSF, mas quer preservar as origens. “É aquela história de que, ao colocar todos os ovos no mesmo cesto, você está exposto a riscos. Por outro lado, se eu começo a abrir muitas outras frentes, eu deixo de ter o padrão que nós conseguimos alcançar”, afirma Galvão.  

Na pandemia, o empresário viu esse risco de perto. “Tecnicamente, quebramos. Fomos o primeiro a parar e o último a voltar”, diz. A empresa saiu de um faturamento de R$ 22 milhões em 2019 para zero nos dois anos seguintes. Mesmo assim, de acordo com ele, manteve todo o quadro de funcionários, formado por cerca de 30 profissionais.

“Se eu não fosse ironman, eu acho que não teria conseguido encarar. Eu tive que colocar em prática esse exercício de resiliência, de positivismo, de planejar, readequar e sobrevivemos. Mas foi doloroso”, afirma Galvão, com um histórico de 8 ironman completos  e 10, na versão 70.3. Para este ano, a expectativa é de que o negócio avançe perto de 10% e feche com R$ 32 millhões.

Os recursos vêm das inscrições, patrocínios privados e públicos e ainda da venda de produtos com a marca Ironman, representada pelo "M." na cor vermelha. O símbolo, segundo consta, só perde para a Harley Davidson entre os mais tatuados relacionadas a uma companhia. 

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