Eletropaulo: Companhia elétrica paulista tem como principais acionistas o BNDESPar e a AES (André Lessa/Exame)
Reuters
Publicado em 18 de abril de 2018 às 17h29.
ma intensa disputa em andamento pela aquisição da Eletropaulo ainda pode ganhar novos capítulos, dado o forte apetite pela empresa, que já recebeu propostas da italiana Enel, da Neoenergia, controlada pelo grupo espanhol Iberdrola, e da brasileira Energisa, disseram à Reuters fontes próximas ao assunto nesta quarta-feira.
O que está em jogo é a liderança no maior mercado de energia da América Latina, uma vez que qualquer das três companhias assumiria o posto de principal agente do setor de distribuição no Brasil em caso de sucesso na compra da elétrica paulista, que atua na área de concessão com maior receita no país.
"A sensação é que a competição está bastante marcada... na minha visão, essa concorrência não acabou", disse uma das fontes, para quem a briga caminha para continuar entre os italianos da Enel e a Neoenergia, apoiada pelos espanhóis da Iberdrola.
A CPFL Energia, da chinesa State Grid, contratou bancos para avaliar a possibilidade de uma oferta, mas a tendência neste momento é que o grupo fique de fora do negócio, afirmou uma segunda fonte próxima às conversas.
"Eles estão olhando... mas o preço ficou muito agressivo", disse.
A CPFL é a atual líder no segmento de distribuição no país e atua principalmente no interior de São Paulo, o que especialistas apontam como um fator que poderia gerar sinergias importantes em um eventual negócio com a Eletropaulo.
Na Neoenergia, o assunto será tratado em uma reunião do Conselho de Administração agendada para 20 de abril, em que já era prevista uma deliberação sobre a proposta feita à Eletropaulo, disse uma segunda fonte.
A diretoria da elétrica recomendou ao colegiado a aprovação do lance apresentado pela distribuidora, mas uma eventual nova oferta pode ser discutida no encontro, ainda de acordo com a fonte, que falou sob a condição de anonimato.
Procurada, a CPFL Energia não quis comentar. A Neoenergia recusou-se a comentar por estar em período de silêncio. A Enel também não quis se pronunciar.
A Energisa disse que "continuará a acompanhar os movimentos do mercado para a aquisição da empresa" e que sua oferta "se baseou em uma análise criteriosa da Eletropaulo". O grupo também destacou que "tem como premissa a alocação prudente de capital".
A Enel fez uma oferta pública para aquisição (OPA) até da totalidade das ações da Eletropaulo por 28 reais por papel, que envolveria ainda um aporte de 1 bilhão de reais na empresa. O desembolso total poderia chegar a cerca de 5,7 bilhões de reais.
Já a Neoenergia se ofereceu a comprar por inteiro uma oferta primária de ações em preparação pela Eletropaulo, a 25,51 reais por ação, e a apresentar uma OPA de aquisição do restante dos papéis da empresa pelo mesmo preço. O negócio como um todo envolveria quase 6 bilhões de reais.
Antes, a Energisa havia divulgado uma oferta para pagar 19,38 reais por papel da distribuidora de energia e aportar mais 1 bilhão na empresa, o que somaria 4,2 bilhões de reais.
Especialistas haviam apontado à Reuters que deveria haver uma significativa disputa no mercado pela Eletropaulo, devido ao alto valor atribuído à área de concessão da companhia, a região metropolitana de São Paulo, com elevado consumo e energia e clientes de alta renda.
A elétrica paulista tem como principais acionistas o braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar) e a norte-americana AES, com fatias de 19 por cento e 17 por cento, respectivamente.