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Disney foca no Nordeste para aumentar os negócios

Eventos locais e Mickey com traços regionais são algumas estratégias da Disney para crescer 75% na região

Versão Nordestina do Mickey: meta é aumentar receita na região em 75% até 2011

Versão Nordestina do Mickey: meta é aumentar receita na região em 75% até 2011

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

São Paulo - Nenhuma outra região brasileira tem despertado tanto interesse da Disney quanto o Nordeste. É de lá que a empresa espera tirar o maior potencial de negócios nos próximos anos, para continuar crescendo. Entre 2009 e 2011, a companhia planeja aumentar em 75% as receitas geradas na região.

Para cumprir a meta, a empresa aposta em uma série de iniciativas: da busca por novos licenciados locais até a criação de um Mickey com traços Nordestinos - iniciativa que causou certa polêmica quando foi anunciada.

Neste trecho da entrevista ao site EXAME, o vice-presidente sênior da The Walt Disney Company no Brasil, Marcos Rosset, conta como Mickey, Pateta, Pato Donald e sua turma pretendem ser tão vistos no Nordeste quanto nas ruas de Patópolis. Veja os principais trechos.

EXAME - Que motivos levaram a Disney a focar os negócios no Nordeste?
Rosset -
Estrategicamente, estamos trabalhando com o projeto de aumentar nossa participação no mercado nordestino. Acompanhamos, na região, o aumento do poder aquisitivo dos consumidores das classes C, D e E - classes com potencial maior de consumo de produtos Disney.

EXAME - Essa estratégia tem dado certo?
Rosset - Sem dúvida. Temos exemplos concretos de projetos que iniciamos há três anos e que já estão dando bons resultados. Buscamos parceiros regionais para desenvolver leites, biscoitos, sobremesas, cosméticos, entre outros produtos não existiam com nossa marca, mas tinham potencial de consumo. Com enfoque maior em marketing, variedade de produtos e melhor distribuição de itens, nossa pretensão é de aumentar nossa receita na região em 75% de 2009 a 2011. No ano passado, as vendas cresceram 25%.

EXAME - Há metas de crescimento semelhantes para outras regiões do país?
Rosset -
Não. Hoje o Nordeste é o nosso foco. Claro que não deixamos as outras regiões de lado, mas realmente esperamos e nos esforçamos na busca por um crescimento maior nas vendas para o Nordeste. 


EXAME - Como os senhores elaboraram a estratégia de crescimento de vendas para a região?
Rosset -
Primeiro, vimos que vários licenciados que possuímos no Brasil não chegam ao Nordeste. A maioria deles tem características de distribuição e ficam restritos a atender mais o Sul e Sudeste do país. Depois, identificamos a falta de produtos Disney na prateleira das maiores varejistas da região. A partir daí, passamos a procurar empresas com forte presença nesse mercado, que pudessem licenciar e produzir itens exclusivos da marca. Aumentamos o número de nossos licenciados na região com a formação de parcerias estratégicas, como a Vale Dourado, que agora faz achocolatados com a marca. Com isso aumentamos nosso portfólio e a capilaridade da marca na região. Também nos aproximamos mais de empresas que já eram licenciadas, mas que podiam explorar mais o uso dos personagens Disney e, por consequência, as vendas no Nordeste. Foi o caso da Riachuelo. A empresa já era licenciada, mas a partir do momento em que o foco de geração de conteúdo da Disney se tornou o Nordeste, a Riachuelo passou também a fabricar e distribuir mais produtos da marca na região.

EXAME - Pode citar alguns investimentos de divulgação da Disney feitos na região?
Rosset -
Um dos investimentos mais importantes foi a parada Disney em Salvador este ano, que atraiu mais de 400.000 pessoas. Já temos praticamente fechado outros eventos menores que devem acontecer na região até dezembro. É uma iniciativa nova da companhia no país.

EXAME - A criação de um Mickey com características nordestinas também faz parte dessa estratégia?
Rosset -
Nosso intuito foi apresentar o Mickey por meio da interpretação de três artistas nordestinos, que possuem uma identificação com esse público. O Mickey é o mesmo sempre, seja ele vestido como um chinês ou carregando uma prancha de surfe. Faltava ambientar o personagem regionalmente e, com base nos consumidores nordestinos, desenvolvemos um guia de estilo que posiciona o Mickey na região, com elementos regionais, além de cores mais vibrantes e temas ligados à natureza. O material servirá como base para os licenciados desenvolverem produtos para a região.

EXAME - A própria Disney não desenvolve seus produtos?
Rosset -
Nós desenvolvemos poucos. Grande parte de nosso trabalho é aprovar conceitos de produtos criados pelos cerca de 140 licenciados da companhia no país. O guia do Nordeste serve como direção para os licenciados que quiserem ambientar o Mickey em produtos que serão vendidos na região.

EXAME - Essa iniciativa foi bastante criticada por, supostamente, estereotipar os nordestinos. O que pensam disso?
Rosset -
É importante ficar claro que não é isso que estamos fazendo. Quando o personagem foi estilizado por Alexandre Herchcovitch, por exemplo, ele não deixou de ser o Mickey. O personagem é o mesmo. Trata-se apenas de uma releitura conceitual. A idéia não é estereotipar os nordestinos, mas ambientar o cenário onde Mickey está.

EXAME - Há planos de também ambientar o personagem em cenários característicos de outras regiões brasileiras?
Rosset -
Podemos fazer isso sim; por que não? O fato é que, pela pesquisa que fizemos, em nenhuma outra região do país os consumidores têm tanta necessidade de ambientar os produtos quanto no Nordeste. Entendemos que um produto que está ambientado na realidade que os nordestinos vivem tem muito mais chance de sucesso e de identificação com os consumidores da região.

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