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Disney anuncia joint-venture com Reliance, gigante da Índia

A fusão envolve os seus ativos de TV e mídia de streaming na no país asiático

Disney: empresa enfrentava desafios para penetrar no promissor mercado de entretenimento indiano (Gilbert Carrasquillo/Getty Images)

Disney: empresa enfrentava desafios para penetrar no promissor mercado de entretenimento indiano (Gilbert Carrasquillo/Getty Images)

Publicado em 29 de fevereiro de 2024 às 06h30.

A Walt Disney Company anunciou na quarta-feira, 28, uma joint-venture com o maior conglomerado da Índia, Reliance Industries, em um acordo de US$8,5 bilhões. A fusão envolve os seus ativos de TV e mídia de streaming na no país asiático. 

O acordo criará uma potência midiática na nação mais populosa do mundo e encerrará as décadas da Disney de esforço solo. A fusão também segue uma longa luta da Disney para conter a perda de usuários de seu negócio de streaming na Índia e a tensão financeira causada pelos bilhões de dólares em pagamentos pelos direitos de críquete indianos.

A Reliance Industries é de propriedade de Mukesh Ambani, a pessoa mais rica da Índia. Com US$239 bilhões em capitalização de mercado e direitos das populares partidas de críquete da Indian Premier League, a Reliance é um gigante no cenário midiático da Índia.

Como parte do acordo, a Disney fundirá suas operações na Índia com as da Viacom18, uma parte da Reliance Industries. A Reliance e a Viacom18 deterão 63% da nova empreitada, e a Disney 37%, afirmaram as empresas em comunicado. A Reliance pagará U$1,4 bilhão para consolidar seu controle.

Juntas, a entidade Reliance-Disney terá 120 canais de TV e duas plataformas de streaming. Nita M. Ambani, esposa de Ambani, será a presidente da joint venture; o vice-presidente será Uday Shankar, ex-presidente da Disney India. A entidade fundida terá mais de 750 milhões de espectadores na Índia e também atenderá à diáspora indiana globalmente, disseram as empresas.

"Reliance tem um entendimento profundo do mercado indiano e do consumidor", disse Robert A. Iger, CEO da Disney, em comunicado. "Estamos animados com as oportunidades que esta joint venture proporcionará para criar valor a longo prazo."

Desafios na Índia

A Disney é uma das maiores empresas do mundo, avaliada em U$200 bilhões, e chegou pela primeira vez à Índia, hoje um país com 1,4 bilhão de potenciais consumidores de mídia, em 1993, e encontrou um distribuidor para transmitir parte de seu conteúdo.

As aventuras da Disney na Índia estavam no auge em 2019, quando comprou a 21st Century Fox da News Corp da família Murdoch. Entre os ativos da Fox, a Disney ganhou os direitos de TV e streaming das partidas de críquete da Indian Premier League.

Grandes números de assinantes seguiram, mas a um grande custo. Em seu pico impulsionado pela pandemia, o Disney+ tinha 162 milhões de assinantes na Índia, mas estava perdendo quase US$500 milhões em todo o mundo na busca por espectadores. Até o verão de 2022, suas operações globais tinham perdido mais de U$11 bilhões desde a compra da Fox e o lançamento do Disney+.

As coisas pioraram em 2022, quando a Reliance Industries ganhou os direitos de críquete por quase $3 bilhões. A Disney perdeu 11,5 milhões de assinantes indianos em pouco tempo, mesmo ganhando 800.000 novos no resto do mundo.

O acordo também acontece enquanto a Disney enfrenta pressão global para otimizar seus negócios. Bob Iger retornou como CEO da Disney em novembro de 2022, menos de um ano após sua aposentadoria, e desde então reestruturou a empresa para tentar tornar o negócio mais rentável.

Ainda assim, a Disney está enfrentando o bilionário investidor ativista Nelson Peltz, que pressiona por redução de custos, criação de um negócio de streaming lucrativo globalmente, melhor desempenho de seu estúdio de cinema e planejamento sucessório.

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