Negócios

O mantra que divide o Vale do Silício voltou, mas com um novo tom

Frase popularizada por Jeff Bezos, fundador da Amazon, servia como um incentivo em momentos de indecisão

Jeff Bezos: fundador da Amazon popularizou termo criado por presidente da Intel na década de 80 (Alex Wong/Getty Images)

Jeff Bezos: fundador da Amazon popularizou termo criado por presidente da Intel na década de 80 (Alex Wong/Getty Images)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 15 de fevereiro de 2025 às 09h38.

Empresas de tecnologia como Meta e Amazon estão deixando claro: ou os funcionários seguem as decisões, ou saem. O conceito de "disagree and commit" (como "discordar e se comprometer", em português) agora tem um tom mais rígido.

O alerta veio de Andrew Bosworth, diretor de tecnologia da Meta, que afirmou que quem discordar das políticas da empresa deve aceitar e seguir em frente — ou procurar outro emprego.

A abordagem reflete a impaciência crescente no Vale do Silício, onde as grandes empresas de tecnologia estão cada vez menos dispostas a lidar com discordâncias internas. Nos últimos anos, Meta, Amazon e Google fizeram grandes demissões, reorganizaram equipes e mudaram suas estratégias para cortar custos e ganhar eficiência.

A ideia não é nova. Popularizada por Jeff Bezos na Amazon, a filosofia buscava evitar burocracia, permitindo que decisões fossem tomadas rapidamente, mesmo sem consenso.

Sua origem remonta aos anos 1980, quando Andy Grove, então presidente da Intel, defendia que equipes deveriam debater ferozmente, mas, uma vez tomada a decisão, todos deviam segui-la sem resistência.

A história de como a Blockbuster quase comprou a Netflix

Novo tom

Agora, a política está sendo aplicada de forma mais rígida. Em um evento interno, Andy Jassy, presidente da Amazon, afirmou que funcionários que não se comprometem provavelmente não se encaixarão na empresa.

Na Meta, Bosworth reforçou a mesma visão: "Se você não concorda, pode sair ou discordar e se comprometer."

Para especialistas, o modelo pode ser positivo se aplicado corretamente, permitindo que líderes confiem nas perspectivas de quem está mais próximo do problema. Mas críticos alertam que essa nova abordagem pode sufocar vozes internas e reduzir a diversidade de pensamento.

Fica a dúvida se essa filosofia vai impulsionar a inovação, como fez nas últimas décadas, ou reforçar o conformismo.

Acompanhe tudo sobre:empresas-de-tecnologia

Mais de Negócios

Eles começaram como uma confecção em Maringá. O próximo passo: chegar aos R$ 135 mi com franquias

Eles criaram um negócio de R$ 300 milhões na área mais cobiçada de Balneário Camboriú

Ele quebrou duas vezes — e agora sua corretora de seguros fatura R$ 4,9 milhões