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De lição de casa, diretores da Kroton se passam por alunos

Para que a alta diretoria da Kroton entendesse melhor seu público, os departamentos de RH e marketing criaram o Projeto Sintonia de Ponta a Ponta

Sala de aula: para que a diretoria da Kroton pudesse entender melhor seu público, o RH criou Projeto Sintonia de Ponta a Ponta (Kroton/Divulgação)

Sala de aula: para que a diretoria da Kroton pudesse entender melhor seu público, o RH criou Projeto Sintonia de Ponta a Ponta (Kroton/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 8 de dezembro de 2016 às 10h33.

São Paulo – Fazer o vestibular e a matrícula, frequentar as aulas, apresentar trabalhos e pagar a mensalidade são tarefas comuns para quase todos os estudantes de ensino superior. No entanto, para diretores da maior empresa de educação do Brasil, eram atividades bem distantes de sua rotina de trabalho.

Para que a alta diretoria da Kroton pudesse entender melhor as necessidades do seu público, os departamentos de recursos humanos e marketing criaram o Projeto Sintonia de Ponta a Ponta.

Como lição de casa, os executivos deveriam buscar oportunidades para melhorar o ensino e a gestão das faculdades do grupo, como Anhanguera, Unopar e a recém-adquirida Estácio.

A ideia surgiu no encontro de líderes de 2015 e esse foi a primeira edição do programa, que deverá se repetir nos anos seguintes. Até o presidente, Rodrigo Galindo, participou – embora ele tenha sido facilmente reconhecido.

Participaram 25 executivos, que recebiam missões como fazer vestibular, atrasar o pagamento de mensalidade, participar de cursos presenciais ou à distância.

"Buscamos entender melhor a necessidade do nosso aluno", afirmou Mario Ghio, vice-presidente acadêmico. Ele também recebeu uma tarefa: se matricular tardiamente em um curso presencial.

Ele, que se formou em engenharia química, decidiu prestar enfermagem no período noturno. "Foi uma das coisas mais legais que eu fiz", afirma.

Para ele, o mais impactante foi conhecer o perfil dos alunos. Muitas vezes, são a primeira pessoa da família a frequentar o ensino superior e, por isso, enfrentam diversas dificuldades durante a graduação.

"Percebi como, por conta desses obstáculos, os alunos criam redes de apoio muito fortes. Assim que entrei na sala de aula, já me convidaram para entrar no grupo do Whatsapp da sala e me passaram o conteúdo das aulas e a data das provas", afirma Ghio.

Melhorias propostas

Inspirado pelos próprios alunos, o diretor está desenvolvendo um programa de mentoria entre veteranos e calouros.

O projeto de tutoria já foi implementado em 9 faculdades do grupo em Minas Gerais. Além de evitar a evasão do calouro, outro resultado perceptível tem sido o desenvolvimento dos veteranos, explica o diretor.

Os alunos aprendem a comunicar o que sabem e, assim, memorizam ainda melhor o conteúdo. Por trás desse projeto existe uma plataforma digital para registrar todas as horas trabalhadas pelo veterano como atividade complementar.

Outra mudança sugerida pelo diretor é uma mudança na grade curricular. Segundo ele, o professor está muito focado em passar um conteúdo técnico e se esquece de desenvolver as capacidades sociais e emocionais do aluno. "Um enfermeiro precisa saber trabalhar em equipe, se comunicar, respeitar horários, entre outras habilidades", disse ele.

O teste durou 45 dias, depois dos quais Ghio precisou cancelar sua matrícula. Na ocasião, revelou sua identidade e entrevistou todos os funcionários da secretaria.

Nos próximos anos, a ideia é estender o projeto Sintonia de Ponta a Ponta para todas as marcas, nos diferentes estados brasileiros.

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