Rupert Murdoch e Rebekah Brooks: ações da News Corp. caíram 12% na semana (Max Nash/AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2011 às 14h04.
Londres - Rebekah Brooks, diretora-geral do grupo News International, do magnata da imprensa Rupert Murdoch, pediu demissão do seu cargo nesta sexta-feira, em meio ao escândalo das escutas ilegais do jornal News of the World. A informação foi confirmada por um porta-voz da empresa norte-americana.
"Posso confirmar que Brooks renunciou. Acabamos de enviar a informação interna para os funcionários da News International", afirmou o porta-voz à AFP.
Brooks, de 43 anos, ex-chefe de redação do sensacionalista News of the World, disse aos funcionários do jornal que sentia uma grande responsabilidade pela crise que se estendeu aos Estados Unidos, onde o FBI realiza uma investigação preliminar por possíveis escutas de vítimas dos atentados de 11 de setembro.
Sua demissão marca um novo capítulo na grave crise que sacode o grupo do australiano Rupert Murdoch, News Corp., que em uma semana teve que fechar o News of the World e desistir de assumir o controle do canal britânico de tv paga BSkyB.
A ação da News Corp. perdeu nesta semana 12% na Bolsa de Sydney.
Rebekah Brooks será substituída por Tom Mockridge, diretor do canal de tv Sky Italia, integrante da News Corp.
O novo diretor da News International terá a tarefa de restaurar a confiança na filial britânica de Murdoch, à frente do The Sun, o jornal britânico de maior tiragem, The Times e Sunday Times.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, se somou às pressões sobre Brooks para que se demitisse, depois da revelação de que funcionários do jornal teriam interceptado na última década os telefonemas de até 4.000 pessoas, não apenas políticos e famosos.
A saída de Brooks, considerada a "sétima filha" de Murdoch, põe fim a uma carreira meteórica de mais de 20 anos. Nesse tempo, passou de secretária no News of World a redatora-chefe do jornal entre 2000 e 2003, depois ficou no Sun até 2009 e, por fim, foi diretora-geral do News International.
"Como diretora-geral da companhia, tenho um profundo sentido da responsabilidade para com as pessoas que magoamos, e quero reiterar o quanto sinto pelo que agora sabemos que aconteceu", escreveu Brooks em um comunicado.
Rupert Murdoch e seu filho James, presidente de News International, prestarão depoimento na próxima terça-feira ante uma comissão parlamentar britânica pelo escândalo das escutas telefônicas.
Em uma entrevista a seu principal jornal americano, o Wall Street Journal, Rupert Murdoch insistiu que a crise está sendo conduzida de "forma extraordinariamente boa" e caracterizou de "mentiras" as críticas dos deputados britânicos.
No momento, nove pessoas foram detidas e liberadas em relação com o escândalo. A última delas, Neil Wallis, ex-redator-chefe adjunto do News of the World na época de Andy Coulson, o ex-diretor de comunicação do premiê David Cameron, que também foi preso na semana passada.