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Diretor do PanAmericano: liquidação poderia ter quebrado sistema financeiro

O rombo financeiro foi bem maior do que o inicialmente estimado pelo Banco Central, no valor de R$ 2,5 bilhões

Agência do Banco PanAmericano: rombo maior que o calculado durante escândalo financeiro (EXAME/EXAME.com)

Agência do Banco PanAmericano: rombo maior que o calculado durante escândalo financeiro (EXAME/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 16 de fevereiro de 2011 às 17h58.

São Paulo – Com a ajuda de empresas de auditoria externas, a PricewaterhouseCoopers e a Deloitte, a atual administração do banco PanAmericano conseguiu desmontar, no final do ano passado, uma complexa engenharia envolvendo a maquiagem das contas que revela um rombo de R$ 4,3 bilhões.

Na avaliação do diretor superintendente do banco, Celso Antunes da Costa, se, diante da manobra, o banco tivesse sido liquidado à época, poderia ter havido uma quebradeira no sistema financeiro.

“A história mostra que, quando um banco tem um problema e passa pelo processo de liquidação, sempre há uma corrida danosa e isto poderia provocar um problema sério”, disse Antunes.

Ele e os demais integrantes da diretoria que assumiram o controle administrativo da instituição, em novembro do ano passado, apresentaram hoje (16) o primeiro resultado do balanço financeiro após o afastamento de 40 funcionários suspeitos de terem participado direta ou indiretamente do esquema de fraude. Na avaliação de Antunes, o rombo foi consequência de uma “obra de inteligência para disfarçar a inconsistência dos dados. Não foi fácil desarmar isso”.

O rombo financeiro foi bem maior do que o inicialmente estimado pelo Banco Central, no valor de R$ 2,5 bilhões. Na revisão contábil, foi identificado que R$ 1,6 bilhão eram relativos à carteira de crédito insubsistente, ou seja, algo que, na prática, não existia porque o montante já tinha sido repassado em vendas feitas para outras instituições. Há ainda R$ 1,7 bilhão que se referem a passivos não registrados de operações de cessão liquidados/referenciados.

Também foram constatadas irregularidades no total de provisões para eventuais perdas em operações de crédito e outros tipos de calotes, envolvendo R$ 500 milhões. Todos esses valores, somados a outros ajustes, resultaram no rombo agora revelado de R$ 4,3 bilhões.

“A complexidade dos mecanismos adotados na geração das inconsistências contábeis impediu a definição do momento exato em que começaram as irregularidades contábeis e as fragilidades dos controles internos que ocasionaram a falta de confiabilidade dos registros”, registra o documento técnico da instituição.

Diante disso, a atual administração justificou que não poderia seguir as normas de transparência de dados, obrigatórias conforme o estabelecido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sob pena de punição porque os informes anteriores à gestão atual continham distorções. O Balanço Patrimonial de Abertura passou a ser considerado a partir do dia 30 de novembro, tomando por base o levantamento completo de todos os direitos e obrigações da companhia.

Segundo Antunes, as atividades são sólidas e o banco está presente em todo o território nacional por meio de 270 pontos de venda e 20 mil parceiros comerciais. Entre as atividades, estão operações com crédito direto ao consumidor e crédito consignado. A empresa também atua na área de seguros e de consórcios. As movimentações atingiram, em dezembro, R$ 989 milhões, dos quais mais da metade (56%) foram para aquisições de veículos, modalidade na qual, no ranking nacional, a companhia ocupa a quinta posição.

Parte do rombo do PanAmericano foi coberto pela injeção de R$ 2,5 bilhões, à época em que o fato veio a público, quando o ex-acionista majoritário, o Grupo Sílvio Santos, obteve o dinheiro com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

Do mesmo acionista, foi feito outro aporte no valor de R$ 1,3 bilhão, em janeiro, pouco antes de efetivada a transferência de 37,6% das ações para o atual controlador, o Banco BTG Pactual. Essa transação ainda está em processo de aprovação pelo Banco Central. A segunda maior composição (36,6%) do banco é da Caixapar, subsidiária da Caixa Econômica Federal autorizada a comprar participações em empresas.

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