O troféu entregue a empresas de destaque de MELHORES E MAIORES 2020: prêmio à eficiência empresarial (Leandro Fonseca/Exame)
Karin Salomão
Publicado em 18 de novembro de 2020 às 19h40.
Última atualização em 18 de novembro de 2020 às 20h59.
Olhar para a frente em busca de alternativas diante dos desafios é o que diferenciou as melhores e maiores empresas do Brasil neste ano. O especial MELHORES E MAIORES reconheceu esses exemplos de resiliência e inovação em sua edição de 2020. O maior prêmio do mundo empresarial brasileiro, criado pela EXAME em 1974, chegou à sua 47ª edição em um formato totalmente digital e inédito — e pela primeira vez esteve aberto a todos os brasileiros. O evento, realizado nesta quarta-feira, 18, teve transmissão online pelo Portal da EXAME e misturou entretenimento, música e debates sobre alguns dos principais temas que preocupam os empresários brasileiros.
O "Oscar das empresas" brasileiras, que foi apresentado pelos cantores Toni Garrido e Negra Li (que fizeram shows ao final do evento), premiou as companhias que mais se destacaram em 20 setores da economia e em 12 segmentos do agronegócio. A partir dessas listas, saíram as grandes campeãs: Algar Telecom, eleita a "Empresa do Ano", e Klabin, a "Melhor do Agronegócio". Juntas, as empresas que figuram nos rankings de MELHORES E MAIORES empregam 3,6 milhões de pessoas e faturaram mais de 4 trilhões de reais em 2019.
Muitas dessas empresas que comemoraram bons resultados no ano passado enfrentaram um cenário completamente diferente em 2020, por causa da pandemia do novo coronavírus. "2020 foi um ano muito desafiador do ponto de vista econômico, social, pessoal, profissional e, claro, da nossa saúde. Mas é frente a esses momentos que fogem do comum que olhar adiante faz a diferença", afirmou Pedro Thompson, CEO da EXAME. Segundo ele, os cenários mais duros testam a capacidade de reflexão e reinvenção das empresas.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, ex-colunista da EXAME, participou do evento de premiação e falou sobre os novos desafios enfrentados pelas empresas e pelo governo. "O Brasil terminou o ano passado com crescimento de 2% e este seria o ano que o país decolaria", afirmou. "Quando o Brasil estava na pista, com dois primeiros meses com resultados excelentes e arrecadação 20% acima do previsto, fomos atingidos pelo coronavírus." Guedes destacou as medidas de auxílio emergencial, a digitalização dos brasileiros e a contenção de gastos em folha de pagamentos no funcionalismo público, entre outras medidas.
"Nosso desafio é transformar essa onda de consumo que tirou o Brasil do choque da covid-19 em crescimento autossustentável já a partir do ano que vem, em cima dessas ondas de investimento", afirmou Guedes, ao comentar os investimentos planejados no setor de infraestrutura, entre outras medidas.
Para Tarcísio de Freitas, ministro de Infraestrutura, que participou de um painel sobre “O Brasil de 2021", moderado por Renato Mimica, CIO da EXAME Research, o maior desafio desde o início da pandemia foi garantir o abastecimento e o funcionamento da logística no país. "Resolvemos no ministério não paralisar nenhuma obra. Isso foi possível porque várias medidas de saúde foram adotadas", afirmou.
Para o ano que vem, a projeção é manter o investimento forte em infraestrutura. Segundo o ministro, "não há outra alternativa que não trazer o investidor privado" para esse projeto. "Nosso foco de atuação é a transferência maciça de ativos para a iniciativa privada. Elaboramos um grande programa de concessão e demos continuidade ao programa que já vinha andando no governo Temer."
Outro debate que movimentou a programação teve como tema o ESG (sigla para environmental, social and governance, ou "governança ambiental, social e corporativa"). O painel teve a presença dos CEOs João Paulo Ferreira (Natura), Cristiano Teixeira (Klabin) e Daniel Randon (Randon), com a moderação de Leo Branco, editor da EXAME.
Para chegar à premiação de MELHORES E MAIORES, foram analisados os dados de mais de 3.000 empresas que atuam no Brasil. As melhores empresas identificadas nos 20 setores despontaram pelo sucesso que obtiveram na condução de seus negócios e na disputa de mercado com as concorrentes no ano que passou comparativamente ao exercício anterior.
A Algar Telecom foi, pela primeira vez, eleita a "Empresa do Ano". "Certamente, esse reconhecimento vai aumentar ainda mais nosso engajamento, para aumentar nosso propósito de gente servindo gente a mais localidades do Brasil, através de nossos produtos e serviços", afirmou Jean Carlos Borges, presidente da operadora de telecomunicações, de Minas Gerais.
No setor de agronegócio, a melhor empresa do ano foi a paulista Klabin, a maior fabricante de papéis para embalagens do Brasil. "A Klabin é uma empresa com mais de 120 anos que segue construindo seu próprio futuro por meio do engajamento de pessoas e criação de valor para todos os seus acionistas", disse Cristiano Teixeira, presidente da Klabin.
O evento contou também com premiações inéditas. Uma delas foi o do voto popular para a "Empresa Mais Admirada" do Brasil. Nessa premiação, a EXAME recebeu 63.905 votos do público, muito acima da expectativa, demonstrando o grande engajamento gerado pela iniciativa. A empresa vencedora pelo voto popular foi Assaí Atacadista, que obteve 4.310 votos, ou 7,25% dos votos válidos.
Outra novidade deste ano foi a instituição do prêmio para personalidades de destaque, uma forma de reconhecimento a pessoas que fizeram a diferença num ano tão complicado. Nesse sentido, foram premiadas Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza (Personalidade do Ano); Rachel Maia, ex-presidente da varejista de moda Lacoste (Líder do Ano); e Teresa Vernaglia, presidente da empresa de saneamento BRK Ambientala (Executiva do Ano).
Para a EXAME, esse reconhecimento é fundamental para ampliar a equidade de gênero não só no evento mas entre as empresas. Atualmente, de acordo com um levantamento, para cada 100 homens promovidos a gerente, apenas 85 mulheres são promovidas. Essa lacuna é ainda maior para negras e latinas, quando a proporção cai para 58 e 71, respectivamente. Como resultado, no geral, elas são apenas 38% dos postos em nível gerencial, e a presença se torna cada vez menor conforme mais alto o cargo.
A empresária Luiza Helena Trajano se posicionou em prol da diversidade recentemente, quando anunciou vagas exclusivas para jovens negros no trainee no Magazine Luiza. Já Rachel Maia, membro de diversos conselhos de administração, acredita que o mercado tenha mudado muito nos seus anos de atuação em relação à liderança feminina. “Há mais apoio entre as próprias mulheres”. Teresa Vernaglia, por sua vez, percebeu mais recentemente a importância de ser uma porta-voz pela equidade de gênero e desenvolvimento da liderança feminina. “Sempre fui a única mulher nas reuniões executivas e ali entendi que não deve ser assim e que tenho o papel de influenciar a mudança”, afirma.