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Deutsche Bank pagará US$ 7,2 bi em acordo sobre subprimes

Além da multa, o banco alemão aceitou conceder vantagens aos clientes, totalizando 4,1 bilhões de dólares

Deutsche Bank: o banco avaliou que o valor do acordo não terá uma "influência substancial" em seus resultados (Kai Pfaffenbach/Reuters)

Deutsche Bank: o banco avaliou que o valor do acordo não terá uma "influência substancial" em seus resultados (Kai Pfaffenbach/Reuters)

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AFP

Publicado em 23 de dezembro de 2016 às 09h00.

Última atualização em 23 de dezembro de 2016 às 10h42.

O Deutsche Bank pagará sozinho 7,2 bilhões de dólares nos Estados Unidos por seu papel durante a crise dos créditos subprime, depois que a ameaça de uma multa recorde provocou grande preocupação nos setores bancário e financeiro mundiais.

O maior banco alemão anunciou na quinta-feira à noite o acordo com o Departamento de Justiça (DoJ) americano para o pagamento de uma multa de 3,1 bilhões de dólares, aos quais serão adicionados US$ 4,1 bilhões de compensações aos clientes.

O valor é bem inferior ao inicialmente exigido pelo DoJ, que reclamava 14 bilhões de dólares ao Deutsche Bank, acusado de ter vendido com pleno conhecimento de causa entre 2006 e 2008 créditos imobiliários tóxicos convertidos em produtos financeiros (MRBS).

Uma multa deste valor teria criado uma forte inquietação no mundo das finanças. O Deutsche Bank está presente em todas as atividades financeiras ao redor do mundo. Uma crise no banco teria consequências de magnitude inimagináveis em todo o mundo.

O FMI havia considerado há alguns meses que o banco alemão era "uma grande fonte de risco".

A ameça de multa voltou a provocar temores sobre a solidez do setor bancário europeu e o medo de uma nova crise financeira como a provocada em 2008 pelo Lehman Brothers.

O banco, que tem sede em Frankfurt, afirmou em setembro que não tinha a intenção de pagar esta quantia , nem um valor aproximado.

Alívio

A AFP recebeu informações de uma fonte próxima ao caso que o banco estava próximo de acordo com as autoridades americanas para pagar uma quantia muito menor, por volta de US$ 5,4 bilhões.

Se o Deutsche Bank fosse obrigado a pagar 14 bilhões de dólares, a situação teria provocado o retorno do fantasma de uma ampliação de capital ou de um resgate público do banco, que já é obrigado a lidar com uma rentabilidade em queda e uma longa lista de litígios judiciais.

O Deutsche Bank havia reservado 5,5 bilhões para enfrentar os problemas com a justiça.

O acordo com o DoJ evitará uma ampliação do capital, afirmou George Boubouras, diretor do Contango Asset Management, para quem "trata-se de um alívio para os investidores".

Mas o banco, envolvido em quase 8.000 processos em todo o mundo, está longe de ver o fim de seus problemas judiciais.

A instituição afirmou que a multa vai será refletida no quarto trimestre em 1,7 bilhão de dólares antes dos impostos, ao mesmo tempo que destacou que a resolução do litígio não terá uma influência substancial em seu resultado no conjunto de 2016.

Mais de US$ 5,2 bi para o Credit Suisse

Ao mesmo tempo, o banco suíço Credit Suisse anunciou que vai pagar 5,28 bilhões de dólares como parte de um acordo com a justiça americana, também para encerrar processos relacionados à crise das hipotecas subprime.

Para cobrir as compensações, o segundo maior banco suíço constituirá uma provisão adicional de dois bilhões de dólares, que devem ser acrescentados às reservas já previstas. O valor será contabilizado no quarto trimestre de 2016.

O banco britânico Barclays tem um processo judicial aberto por seu papel na crise dos empréstimos imobiliários tóxicos, anunciou o DoJ. O fato é incomum, já que a maioria dos concorrentes aceitou negociar acordos amistosos para evitar justamente ações na justiça.

Quatro grandes bancos americanos, JPMorgan Chase, Citigroup, Morgan Stanley e Bank of America, já aceitaram pagar um total de 40 bilhões de dólares para encerrar a possibilidade de ações legais relacionadas à crise das subprime.

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