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Deslizamentos, chuvas e alagamentos: startups lutam contra os desastres climáticos no Brasil

Para antever desastres climáticos, empresas usam tecnologia para mapear zonas de risco e trabalham junto a empresas e ao poder público

Chuvas no litoral de SP: como startups querem prevenir desastres climáticos (FERNANDO MARRON/Getty Images)

Chuvas no litoral de SP: como startups querem prevenir desastres climáticos (FERNANDO MARRON/Getty Images)

Maria Clara Dias
Maria Clara Dias

Repórter de Negócios e PME

Publicado em 22 de fevereiro de 2023 às 17h19.

Última atualização em 23 de fevereiro de 2023 às 13h27.

Estradas bloqueadas, casas desabastecidas e falta de energia elétrica. Esses são apenas alguns dos prejuízos causados por intempéries como as fortes chuvas e alagamentos mundo afora. No Brasil o cenário não é diferente. Pelo contrário. O temporal que atingiu o litoral Norte paulista no último final de semana — o mais intenso já registrado no país — serve de alerta para situações cada vez mais recorrentes — há pouco mais de um ano, o cenário de caos se repetia em Petrópolis, no Rio de Janeiro.

Em comum, os dois episódios exigiram (e ainda exigem) esforços gritantes do poder público. As reações imediatas da Defesa Civil, forças militares e corpo de bombeiros determinam, entre outras coisas, a eficácia do resgate por sobreviventes ou, ainda, velocidade com que moradores das regiões afetadas podem retomar a normalidade.

Um grupo crescente de empresas privadas, no entanto, também decide embarcar na luta contra os efeitos catastróficos das mudanças climáticas. Na ponta, essas empresas se propõem a desenvolver ou aplicar tecnologias de ponta para reparar parte dos danos ou, ainda, antever desastres ambientais com semanas de antecedência.

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Tecnologia à favor do planeta

A Sipremo é um desses casos. A startup, que funciona como uma plataforma de monitoramento antecipado de desastres naturais, nasceu dentro da Defesa Civil do estado de São Paulo, pelas mãos do engenheiro mecânico Gabriel Savio.

O objetivo é auxiliar órgãos públicos e empresas privadas a tomarem melhores decisões de negócio e estratégias com base em dados reais sobre os riscos climáticos de determinadas regiões. Para isso, um sistema parrudo de inteligência artificial é capaz de dizer onde e quando um desastre natural — como enchentes, deslizamentos e incêndios — podem acontecer, já que acompanha indicadores  de incontáveis bases nacionais e internacionais 24 horas por dia.

Com horas de antecedência, a plataforma da Sipremo pode prever onde e quando um desastre natural ocorrerá, indicando a chance percentual dele acontecer. Logo depois disso, gera relatórios e alertas para os agentes envolvidos em cada localidade. Atualmente, a startup atende a Defesa Civil, além de empresas do setor de seguros e mineração.

Em 2021, a Sipremo foi uma das 20 startups brasileiras selecionadas para apresentar seu modelo de negócio contra as mudanças climáticas para um líderes, diplomatas, empresários e investidores de todo o mundo durante a COP26, principal conferência da ONU sobre o Clima.

IA contra as enchentes

A Fractal Engenharia, de Florianópolis, está focada na dinâmica da água. Na prática, isso significa que a startup alia todo o conhecimento de engenharia com tecnologias de ponta, como IA e aprendizado de máquina, para realizar previsões de enchentes e estiagem, bem como monitorar a segurança de estruturas como barragens.

A medição inteligente é feita por um sistema próprio que vem sendo desenvolvido há mais uma década, e está voltada ao nível da água, ao considerar o volume dos rios e intensidade das chuvas e sensores de monitoramento de barragens— informações coletadas pela startup em diferentes fontes meteorológicas.

Todas essas informações são processadas no sistema para gerar melhores dados de previsão e comportamento dos rios apoiando ações antecipadas. Na ponta, a Fractal é capaz de mitigar prejuízos causados por inundações e estiagens, além de auxiliar na gestão de barragens e usinas hidrelétricas.

A proposta já recebeu o apoio de alguns investidores estratégicos. Em 2019, a Fractal recebeu um investimento do Fundo Criatec 3, do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e EDP Ventures. O valor não foi divulgado. Hoje, segundo a empresa, o portfólio de clientes já conta com os principais grupos econômicos do setor elétrico do Brasil, e o sistema já está em operação há mais de 4 anos na Defesa Civil de Santa Catarina, apoiando o estado nas ações de prevenção e mitigação de desastres. 

“Atuar com foco na prevenção para salvar vidas e recursos é um dos objetivos da companhia", diz Henrique Lucini Rocha, CEO da Fractal.

"Queremos auxiliar todas as regiões do Brasil e outros países com nossos sistemas"Henrique Lucini Rocha, CEO da Fractal
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