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Depois de 14 anos, fusão de Nestlé e Garoto talvez aconteça

As duas estão em uma disputa judicial que já dura 12 anos para se unirem - compra aconteceu em 2002 e abarcaria 58% do mercado de doces


	Nestlé e Garoto: compra aconteceu em 2002 e abarcaria 58% do mercado de doces
 (Divulgação)

Nestlé e Garoto: compra aconteceu em 2002 e abarcaria 58% do mercado de doces (Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 3 de junho de 2016 às 18h18.

São Paulo - O mercado de chocolates no Brasil se transformou muito na última década. Com a entrada de novos concorrentes e crescimento do mercado premium, as duas empresas líderes de mercado, Garoto e Nestlé, perderam espaço. Mas a perda de espaço pode ser bom para elas.

Isso porque elas estão há 12 anos em uma disputa judicial para se unirem. Em 2002, a multinacional Nestlé comprou a brasileira Garoto. Juntas, elas teriam mais de 58% do mercado.

No entanto, por causa da concentração do setor, a fusão das donas das caixas de bombons preferidas dos brasileiros foi barrada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) dois anos depois.

As empresas então contestaram a decisão junto ao Poder Judiciário, em processo que continua correndo.

A Nestlé continuou sendo a dona da Garoto, mas com operações, fabricação e administrações separadas. Até hoje, são duas empresas distintas.

Diluição do mercado de chocolate

Hoje, mais de 12 anos depois de ter rejeitado a proposta de fusão, o Cade divulgou um estudo sobre o mercado de chocolates, afirmando que o setor se transformou muito no período.

No segmento de doces como um todo, que ainda engloba balas e coberturas, Nestlé e Garoto somariam 58% do mercado. A segunda colocada seria a Lacta, com 33,15%. Arcor e Ferreiro tinham, em 2001, participações em torno de 3%.

Na época, a Garoto era responsável por 66,4% do mercado de chocolates, em faturamento, e a Nestlé 22,1%. A fusão abarcaria 88,5% do mercado, o que foi considerado contra a concorrência, segundo o Cade.

Elas também eram fortes no mercado de achocolatados. Em 2001, a Nestlé já tinha 58,1% de participação no setor e a Garoto adicionaria mais 3,1% do mercado.

Com o passar do tempo, chegaram novos concorrentes e, ainda que as duas empresas continuem sendo as líderes de mercado, a concentração já não é a mesma da época da fusão. 

“Novas empresas entraram em alguns segmentos do mercado, novos canais de distribuição se desenvolveram, as preferências dos consumidores também se alteraram, tudo isso dentro de um ambiente mais amplo de mudanças econômicas e sociais vividos pelo Brasil na última década”, diz o parecer técnico do Cade divulgado no dia 1º.

O consumo de chocolates mais do que dobrou de 2005 a 2014, passando para 775 mil toneladas por ano. O Brasil passou de quinto maior consumidor para terceiro maior mercado consumidor de chocolates no mundo, com aumento do consumo e ascensão da classe C.

A Mondelez, dona de Lacta, Milka e Toblerone, detém 31% do setor. Também chegaram por aqui a Hershey’s e a Mars, dona do Twix, M&M’s e Snickers.

O mercado premium de chocolates também se transformou e hoje corresponde a 7% do mercado, segundo o Cade. As líderes desse segmento são Cacau Par, controladora da Cacau Show e a CRM, dona das marcas Kopenhagen e Chocolates Brasil Cacau, além de ter uma parceria com a Lindt.

Por conta disso, a Nestlé tem hoje apenas 43% de participação no setor - 23% são da Garoto, segundo o Valor Econômico. Agora, o Cade reabriu a discussão do processo da fusão.

À Exame.com, a Nestlé afirmou que “está, neste momento, impedida de se manifestar sobre a proposta de solução a ser analisada no âmbito do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) para o caso da compra da Chocolates Garoto em função do caráter confidencial dos documentos e em respeito aos próprios ritos do CADE”. 

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