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Demanda por água e refeições prontas cresce nos supermercados

O aumento das vendas decorrente do coronavírus não se restringe ao álcool em gel; desempenho de varejistas se assemelha ao do Natal

Hirota Express, em São Paulo: produtos de higiene, água e refeições prontas estão vendendo mais (Alexandre Battibugli/Exame)

Hirota Express, em São Paulo: produtos de higiene, água e refeições prontas estão vendendo mais (Alexandre Battibugli/Exame)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 16 de março de 2020 às 15h40.

Última atualização em 16 de março de 2020 às 16h32.

O aumento da procura nos supermercados, num cenário de agravamento do coronavírus, não tem se restringido ao álcool em gel. Conforme apurou a reportagem da EXAME, o consumo de itens como água, refeições prontas e produtos de limpeza tem crescido fortemente. Em alguns casos, as vendas apresentam desempenho superior ao registrado no Natal, época mais movimentada do ano.

A paulistana Hirota vem registrando, desde a última quinta-feira, 12, um aumento exponencial das vendas em suas 42 unidades da capital, de aproximadamente 30% acima da meta para o período.

“Estamos vendendo muito mais do que o esperado, com desempenho semelhante ao do Natal. Podemos afirmar que só vimos situação semelhante durante a greve dos caminhoneiros”, diz Hélio Freddi Filho, diretor de marketing e expansão da rede.

Segundo o executivo, o mix de produtos é um pouco diferente agora, com foco em higiene e limpeza, além de carnes, frios, laticínios e bebidas, como água, chás e sucos. “Temos um giro médio de estoques de 45 dias, mas em perecíveis é de aproximadamente 15 dias. Por enquanto, não vai faltar oferta”, garante.

Entre os itens que apresentam esvaziamento nas gôndolas está o álcool em gel. “Estamos repondo rapidamente o estoque, há fornecedores ligando para oferecer o produto. Não vamos aumentar preços por falta de oferta”, garante Freddi Filho.

O hipermercado Andorinha, de grande movimento na zona norte de São Paulo, também registrou aumento da procura no fim de semana. Além da pessoa física como público principal, cerca de 10% dos clientes da empresa revendem os produtos adquiridos. “Percebemos aumento da procura por álcool em gel e desinfetantes em geral. Estamos acompanhando o movimento e conversando com fornecedores para garantir a oferta”, diz Irineu Balzan, gerente operacional da empresa. 

A rede carioca de supermercados Guanabara também registrou esgotamento do produto nos últimos dias. “O único item que faltou nas prateleiras foi o álcool em gel, mas o estoque já foi reabastecido”, afirma a empresa em nota, acrescentando que a operação “ainda não sofreu nenhuma alteração em razão do coronavírus".

Procuradas, as associações de supermercadistas Abras (nacional) e Apas (de São Paulo) disseram que não vão se pronunciar sobre os estoques das empresas.

Mudança de hábito

Nas próximas semanas, os hábitos do consumidor vão mudar. De acordo com Luís Henrique Stockler, da Stockler Consultoria, especializada em varejo, o brasileiro dos grandes centros urbanos vai consumir muito mais delivery e comprar refeições prontas nos supermercados para evitar aglomerações em praças de alimentação de shopping centers e restaurantes.

“Os varejistas vão ter de se adequar aos novos hábitos do consumidor, que fará compras maiores e com menos frequência, diferentemente do que acontece hoje. As vendas de pratos prontos vão crescer muito”, avalia.

As lojas do Hirota oferecem refeições prontas, que são produzidas em fábrica própria da empresa no bairro do Ipiranga. “Nossa meta de vendas de pratos prontos foi alcançada em 100%, normalmente fica um pouco abaixo do objetivo”, diz Freddi Filho.

A rede paulistana, assim como outros gigantes do varejo, também vêm apostando fortemente na venda de refeições prontas ou no chamado grab and go ("pegar e levar", na tradução do inglês), que é a compra de porções prontas para consumo em casa. O modelo de negócios é propício justamente no período atual, segundo o consultor da Stockler. “A demanda por comidas pré-preparadas vai ter um aumento muito forte. As redes de varejo e seus fornecedores terão de se readequar a este novo momento”, salienta.

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