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Decisão sobre executivos pode sair na próxima semana

Destituição do presidente-executivo abriu uma guerra entre os sócios, criando uma nuvem de incertezas sobre a empresa


	Usiminas: presidente-executivo da empresa foi destituído na semana passada
 (GettyImages)

Usiminas: presidente-executivo da empresa foi destituído na semana passada (GettyImages)

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Da Redação

Publicado em 3 de outubro de 2014 às 13h50.

São Paulo - Uma liminar que permite a reintegração de altos executivos afastados da Usiminas pode ser julgada até a próxima semana, disseram fontes próximas do assunto nesta sexta-feira, em meio a uma briga pelo controle da empresa entre os grupos Nippon e Ternium.

O presidente-executivo da Usiminas Julián Eguren foi destituído com mais dois executivos na semana passada, numa reunião conturbada do conselho de administração, que terminou empatada em 5 a 5 e foi desempatada pelo presidente do órgão, Paulo Penido, alinhado com o grupo Nippon.

A destituição abriu uma guerra entre os sócios e criou uma nuvem de incertezas sobre a empresa, atingida pela crise do mercado internacional de aço e fraqueza na demanda interna do Brasil.

A Ternium afirma que a Nippon violou acordo de acionistas que vence em novembro de 2031 ao aprovar a demissão dos executivos e indicação de uma diretoria provisória.

Por isso, a Ternium recorreu à justiça mineira, mas um primeiro pedido de liminar para recondução dos executivos a seus postos foi recusado na última segunda-feira. A empresa então recorreu da decisão e a expectativa é que uma decisão favorável seja emitida até a próxima semana, afirmou a fonte.

As ações da Usiminas subiam forte nesta sexta-feira, um dia após a Ternium anunciar acordo para comprar a fatia que o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Previ, detinha em ações ordinárias da empresa.

A operação foi acertada a 12 reais por papel e embute prêmio de 82 por cento sobre o fechamento de quarta-feira.

Às 13h29, a ação ordinária da Usiminas saltava 16,5 por cento, a 7,69 reais, enquanto a preferencial tinha valorização de 5,9 por cento.

Analistas consideram que a compra dos papéis adicionais mostrou que a Ternium não está disposta a sair da Usiminas, na qual ingressou no grupo de controle no final de 2011, numa operação que exigiu investimento de mais de 5 bilhões de reais.

Com isso, um eventual acordo entre Nippon e Ternium ficou mais difícil de ser alcançado, avaliaram analistas do Citigroup.

Em relatório intitulado "Uma Declaração de Guerra?", analistas do banco liderados por Alexander Hacking consideram que nenhuma das partes quer sair voluntariamente da Usiminas e a divisão do grupo de controle da empresa arrisca criar uma batalha legal de vários anos.

Segundo os analistas do Citi, o anúncio da aquisição de participação da Previ na Usiminas pela Ternium "claramente levanta a possibilidade da Techint (Ternium) se posicionar para uma quebra no acordo de acionistas".

Para os analistas, qualquer movimento nesse sentido favoreceria a ação ordinária da Usiminas em detrimento da preferencial.

Isso porque o papel ordinário assegura aos acionistas minoritários o direito a receber 80 por cento do preço pago por eventual comprador de ações que integram o bloco de controle da companhia através de uma oferta pública.

Na véspera, a Ternium disse que a operação não vai disparar a obrigação de fazer oferta pública para os minoritários.

Acordo

O acordo de acionistas da Usiminas diz na cláusula 4.8 que Nippon e Ternium "terão o direito de indicar por consenso" o diretor-presidente da empresa e também a sua destituição ou substituição.

Representantes da Nippon no Japão disseram que a compra dos papéis adicionais pela Ternium "não afetará nossos direitos na gestão da Usiminas", e que o motivo para a saída dos executivos deveu-se a auditorias na empresa que "mostraram que eles receberam dinheiro de maneira indevida".

A Nippon não deu mais detalhes sobre as auditoriais, mas a fonte com conhecimento do assunto afirmou que o grupo japonês está se aproveitando de um erro da Usiminas no registro contábil de benefícios que teriam sido pagos aos executivos quando da chegada deles ao comando da empresa, no começo de 2012.

Representantes dos executivos não puderam ser contatados de imediato. A Usiminas não comentou o assunto e a Ternium rejeitou as acusações Procurada, a Previ afirmou que segue mantendo um conselheiro independente no conselho da Usiminas e não comentou sobre a disputa entre Ternium e Nippon.

Segundo os analistas do Citi, a Previ teria votado a favor da demissão de Eguren e dos outros dois executivos.

Como ainda não há definição da justiça sobre a possível quebra do acordo de acionistas, a compra da fatia da Previ pela Ternium não garante agora ao grupo latino-americano direitos adicionais no conselho, apesar de sua participação no grupo de controle da siderúrgica subir de 27,66 por cento para 38 por cento. A Nippon detém atualmente fatia de 29,45 por cento.

"O futuro do décimo assento no conselho da Usiminas (que pertencia à Previ) pode ser interessante. A participação de cerca de 10 por cento da CSN em ações ordinárias da Usiminas é outro fator", lembraram os analistas do Citi. Procurada, a CSN não comentou o assunto. A empresa detém 11,66 por cento das ações ON da Usiminas, com base em posição acionária do início de setembro.

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