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De Unick Forex a Kroton, 10 empresas que mudaram de nome em 2019

Muito além das aparências, a decisão por um novo nome nas empresas refletiu também momentos de reestruturações, desafios e mudanças internas

 (Matheus Detoni/Divulgação/Reuters)

(Matheus Detoni/Divulgação/Reuters)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 26 de dezembro de 2019 às 08h00.

Última atualização em 30 de julho de 2020 às 14h20.

No início deste mês, quase no apagar das luzes de 2019, o Banco Votorantim anunciou que mudaria de nome. A instituição passou a ser chamada de Banco BV, apenas com as iniciais da instituição -- apelido que já era utilizado por clientes e pelo mercado.

Foi uma das últimas de uma série de mudanças de nome -- e de posicionamento -- que aconteceram ao longo de 2019. Algumas vieram porque as empresas precisavam deixar para trás um passado pouco atrativo, como na Odebrecht Engenharia e Construção, que virou OEC para afastar as lembranças da operação Lava-Jato. Outras trocaram de marca após uma fusão e mudanças de comando internas, como o Walmart Brasil, cuja operação foi vendida para o Grupo Big, que decidiu encerrar a marca americana.

Houve ainda mudanças mais sutis, como as redes WhatsApp e Instagram, que ganharam o "from Facebook" em suas telas, ou o grupo XP, que passou a ser chamado XP Inc. antes da abertura de capital na bolsa neste mês. EXAME listou algumas das empresas que escolheram trocar de nome neste ano e a história por trás das mudanças.

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Aula da Estácio: mudança de nome para Yduqs para não gerar confusão com a Estácio, que é só uma das redes de faculdades (Adtalem Brasil/Divulgação)

1. Kroton (para Cogna) e Estácio (para Yduqs)

No setor de educação privada, os dois maiores grupos de ensino superior decidiram mudar a marca quase ao mesmo tempo. A Estácio foi rebatizada de Yduqs em julho e, segundo a empresa informou na ocasião, a mudança permitirá, por exemplo, "construir posicionamentos diferentes por meio de novas marcas", de modo que elas não conflitem com o nome Estácio, que é apenas uma das redes de ensino da empresa. O grupo, que tem mais de 600.000 alunos e receita de mais de 4 bilhões de reais, tem sob seu guarda-chuva nomes como o Adtalem, dono das faculdades Ibmec, comprado neste ano.

Meses depois, em outubro, a rival Kroton passou a se chamar Cogna. A palavra, segundo a companhia, vem de "cognição". Na mesma mudança, o grupo -- que até então era batizado de Kroton e dividido internamente somente em educação básica e superior -- foi divido em quatro empresas: a Kroton, que segue com o mesmo nome e foco em cursos de ensino superior; a Saber, que inclui as escolas de ensino básico; a Vasta Educação, que vai oferecer serviços de gestão para as escolas de ensino básico; e a Platos, de serviços de gestão para o ensino superior. Líder em educação privada no Brasil no ensino superior, a Cogna tem mais de 800.000 alunos e receita de mais de 7 bilhões de reais.

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Prédio do grupo Odebrecht: outras subsidiárias da empresa já haviam mudado de nome nos últimos anos (Paulo Whitaker/Reuters)

2. Odebrecht Engenharia e Construção (para OEC)

O braço de construção civil do grupo Odebrecht, a Odebrecht Engenharia e Construção, mudou de nome para as iniciais OEC em maio. Nos anos anteriores, o grupo já havia alterado a marca de outras divisões, como a Odebrecht Agroindustrial, que virou Atvos, a Odebrecht Óleo e Gás, que se chama Ocyan, a Odebrecht Realizações Imobiliárias, que passou a se chamar OR, e a Odebrecht Ambiental, que virou BRK Ambiental (após sair do grupo Odebrecht em 2017, para o fundo Brookfield, hoje controlador com 70% das ações). A holding Odebrecht S.A, que comporta diferentes subsidiárias, manteve seu nome. Em todos os casos, um dos principais objetivos ao tirar a palavra Odebrecht do nome -- que vem do sobrenome do fundador do grupo, Norberto Odebrecht -- é tentar recuperar a credibilidade em meio ao envolvimento da empresa em escândalos de corrupção revelados pela operação Lava-Jato.

Loja do Walmart no Brasil: rede da marca americana não engrenou no país (Germano Luders/Exame)

3. Walmart Brasil (para Grupo Big)

A rede de varejo Walmart Brasil decidiu mudar sua marca no país em agosto, depois que o Grupo Big comprou a empresa do fundo Advent. O Advent, por sua vez, havia comprado 80% do Walmart Brasil somente um ano antes dos americanos donos da rede homônima. Fundada em 1962 nos Estados Unidos, o Walmart é um dos maiores varejistas do mundo, mas não engrenou no Brasil. Por aqui, os americanos chegaram em 1995 em Osasco, em São Paulo, e depois expandiram a operação para a região Nordeste ao comprar a rede Bompreço, mas desistiram e venderam a operação para o Advent no ano passado. Na nova gestão, os supermercados nas regiões Sul e Sudeste passaram a ter o nome Big e os da região Nordeste, Big Bompreço.

Salesio Nuhs, da Taurus

Salesio Nuhs, da Taurus: o "forjas" saiu do nome (Ricardo Jaeger/Exame)

4. Forjas Taurus (para Taurus Armas)

Logo nos primeiros dias de janeiro, a fabricante brasileira de armas Taurus anunciou que mudaria seu nome de Forjas Taurus para Taurus Armas. A empresa afirmou que a expressão "forjas" se trata de uma atividade que não exerce mais. Ao longo de 2018, as ações da empresa haviam se valorizado mais de 800%, com a expectativa da vitória do presidente Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais e de uma flexibilização no porte e posse de armas, que fariam o mercado da empresa crescer.

A empresa sofre sobretudo desde 2003, quando foi promulgado o Estatuto do Desarmamento. Para 2020, a empresa vai colocar em operação uma fábrica nos Estados Unidos, seu maior mercado, e planeja aumentar sua participação global.

Claro

Sede da Claro: empresa decidiu se concentrar em apenas uma marca (Mariana Bazo/Reuters)

5. NET (para Claro)

A operadora de telefonia Claro começou neste ano a encerrar as operações da marca NET, famosa no Brasil com seus pacotes de internet, TV por assinatura e telefonia. Enquanto isso, a Claro é mais conhecida no país como operadora de celular. Ambas pertencem ao grupo do bilionário mexicano Carlos Slim, a América Móvil. Por volta de julho, a empresa começou a comunicar aos consumidores da decisão, e os clientes da NET passaram a receber faturas com o logo da Claro -- o serviço, segundo a companhia e relatos dos clientes, não foi alterado. Como se trata do fim de um nome considerado sinônimo de categoria em TV a cabo, o trabalho está sendo feito aos poucos. Sites como "net.com.br" continuam funcionando, embora redirecionem o cliente para uma página com a logomarca somente da Claro. Representantes da América Movil afirmaram na ocasião que a ideia é eliminar os intermediários entre os produtores de conteúdo, operadoras de celular e serviços de TV e concentrar os esforços em uma só marca.

Escritório da XP: ação do grupo subiu mais de 30% desde o IPO (Germano Lüders/Exame)

6. Grupo XP (para XP Inc.)

Meses antes de sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), a empresa de serviços financeiros XP mudou oficialmente de Grupo XP para XP Inc. em setembro. A empresa também lançou um novo logotipo (que faz alusão a uma seta para mostrar a ideia de expansão). Sob comando do grupo estão as corretoras XP Investimentos, Rico Investimentos e Clear Corretora e o site de finanças Infomoney. O IPO da XP aconteceu no último dia 11 de dezembro, na Nasdaq, uma das bolsas de Nova York, e foi considerado um sucesso. A ação da XP foi precificada a 27 dólares, mas, já no primeiro dia de operação, havia subido quase 28%. O papel está atualmente negociado a mais de 37 dólares. O IPO movimentou 2,5 bilhões de dólares, sendo 1,1 bilhão destinado ao caixa da empresa.

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Finanças: Unick Forex, agora Unick Academy, mudou de nome para reforçar seu papel como produtora de conteúdo (Gustavo Mellossa/iStock/Getty Images)

7. Unick Forex (para Unick Academy)

Com promessa de dobrar o capital investido ou resgatar 3% de valorização ao dia, uma empresa criada na pequena cidade gaúcha de Novo Hamburgo atraiu clientes sedentos por dinheiro fácil. Mas a empresa deixou na mão parte de seus 1 milhão de clientes ao limitar pagamentos e resgates e entrou na mira da Comissão de Valores Mobiliários e até da Polícia Federal, sob acusação de montar um esquema de pirâmide financeira. Neste cenário, a Unick Forex decidiu mudar de nome para Unick Academy em agosto, tentando escapar da má fama e reforçar o discurso de que é uma produtora de conteúdo sobre o mercado financeiro. Na ocasião, a empresa afirmou que a mudança visa deixar "claro" o que é sua "atuação principal, que é proporcionar, que é divulgar conhecimentos e informações".

Banco Votorantim: marca foi reduzida para a sigla BV (Banco Votorantim/Divulgação)

8. Banco Votorantim (para BV)

No mesmo dia do IPO da XP, o Banco Votorantim anunciou também uma mudança em sua marca. O banco, fundado em 1988, passou a adotar a sigla BV, que, segundo a companhia, já era usada por seus clientes. A logomarca também foi alterada para incorporar o novo nome. A marca não foi a única coisa que mudou em 2019 no banco BV, que tem como acionistas o Banco do Brasil e a Votorantim S.A: a instituição trocou de presidente-executivo, assumindo Gabriel Ferreira, responsável por preparar o banco, que está entre os dez maiores do país, para uma possível abertura de capital daqui a alguns anos. Neste sentido, a mudança na marca também ajuda a desvincular o banco de seus controladores. Em um esforço para ir além do financiamento de carros usados, sua especialidade, o banco BV também anunciou nesta semana a compra da Just, plataforma de crédito pessoal do GuiaBolso e que reforça seu posicionamento de oferecer mais produtos de crédito aos clientes e de se aproximar de fintechs para se adaptar às mudanças do mercado que vêm afetando a rentabilidade dos grandes bancos.

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Redes sociais: WhatsApp e Instagram foram comprados pelo Facebook em 2014 e 2012, respectivamente (Getty Images/Getty Images)

9. WhatsApp e Instagram

O fundador do Facebook e dono das maiores redes sociais do mundo, Mark Zuckerberg, decidiu deixar claro quem manda nos produtos sob seu guarda-chuva, ainda que com uma mudança mais sutil do que as outras empresas desta lista. Em atualizações nos últimos meses do ano, as redes sociais Instagram e WhatsApp, que pertencem ao grupo de Zuckerberg (o Facebook Inc., que leva o nome da rede social homônima), passaram a levar na tela de abertura e na aba de configurações a nova nomenclatura oficial: "Instagram from Facebook" e "WhatsApp from Facebook" (algo como "WhatsApp, do Facebook"). A revista The Verge também divulgou que os novos nomes possivelmente apareceriam nas lojas de aplicativos, o que ainda não aconteceu por ora. A medida vem em um momento em que a popularidade da rede social Facebook cai entre os mais jovens, enquanto a do Instagram e do WhatsApp vem subindo. O Facebook ainda é líder, com mais de 2 bilhões de usuários, enquanto Instagram (comprado em 2012 pelo Facebook) e WhatsApp (comprado em 2014) têm mais de 1 bilhão de usuários cada. Por via das dúvidas, o Facebook Inc. é dono das três.

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