Wang Chuanfu chegou a ser considerado o homem mais rico da China (Arte/Exame)
Gabriel Aguiar
Publicado em 24 de novembro de 2021 às 06h00.
Última atualização em 26 de novembro de 2021 às 11h08.
Empreendedor nascido em país emergente e que, hoje, está à frente de um dos maiores fabricantes de veículos elétricos do mundo. Essa descrição poderia servir a Elon Musk, mas, neste caso, estamos falando de Wang Chuanfu. Não reconheceu? Além de ser o fundador e presidente da BYD – uma das principais fornecedoras de baterias e que atua em diferentes frentes de mobilidade –, o executivo de origem humilde conquistou o título de homem mais rico da China aos 43 anos.
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A história de Wang como empresário começou somente em 1995, quando decidiu criar aquele que se tornaria um conglomerado com mais de 220 mil funcionários em todo o mundo e diferentes negócios em mais de 50 países. Naquele momento, aos 29 anos de idade, já tinha estudado química e física metalúrgica na Central South University of Technology, em Changsha, metrópole de 10 milhões de habitantes no centro-sul da China, além de concluir mestrado na Beijing Nonferrous Metals Research Institute, estatal na qual chegou a vice-presidente.
Coerente à escolha do nome da própria empresa – BYD é a sigla de Build Your Dreams, que significa Construa seus sonhos em inglês –, o executivo abandonou a carreira acadêmica para apostar na crescente onda empreendedora que dominou a China na década de 1990. Para tirar o projeto do papel, se associou ao primo, Lu Xiangyang, e arrecadou 300 mil dólares (cerca de 1,7 milhões de reais) para criação da fábrica na zona econômica especial de Shenzhen, na China, e início da produção.
Havia apenas 20 funcionários na fundação da BYD, que, logo nos primeiros anos, se especializou na tecnologia de baterias recarregáveis para competir com os fornecedores japoneses. Em apenas três anos, fundou uma subsidiária em Roterdã, na Holanda, sendo que pouco depois, em 2000, iniciou a construção do primeiro complexo industrial para a produção de baterias de íons de lítio. Nos meses seguintes, assinou contratos com Nokia e Motorola, duas das principais do setor.
Enquanto a frente dedicada ao fornecimento de componentes para celulares estava encaminhada – com a BYD consolidada como maior fabricante chinês de itens de tecnologia e abertura do capital na bolsa de Hong Kong em 2002 –, Wang Chuanfu apostou no segmento que, no início do século, ainda era visto com desconfiança: carros elétricos. Pela linha de raciocínio do executivo, seria a chance de desenvolver um novo mercado consumidor para as baterias feitas pela empresa.
Essa expansão da BYD atraiu o investidor Warren Buffett, que comprou 10% da companhia em 2008 por meio da MidAmerican Energy Holdings Company (com ação negociada a 8 dólares de Hong Kong, equivalente a 5,79 reais). Desde então, diversificou ainda mais a atuação, com foco em mobilidade e desenvolvimento de novos meios de transporte, como ônibus elétricos e trens urbanos – inclusive os modelos que serão utilizados no monotrilho da futura Linha 17-Ouro de São Paulo.
Nascido em 1966 na província da Anhui, uma das mais pobres do país, e criado pelos irmãos após a morte precoce dos pais agricultores, Wang Chuanfu tem sido reconhecido como um dos empresários mais bem-sucedidos da China. Entre os prêmios está Star of Asia, pela BusinessWeek, em 2003; Shenzhen Mayor Prize em 2004; parte do Shenzhen Municipal People’s Congress Standing Committee, em 2005 e 2010; The Most Respectable CEO in the World, em 2010; além do prêmio First South Guangdond Exploit Award, em 2011.
E ainda há expectativas em relação ao crescimento da companhia, já que o processo de globalização de carros elétricos começou neste ano, com as vendas na Noruega e países da América Latina, sendo que a chegada ao mercado brasileiro está confirmada para 2022. Mesmo assim, a BYD é considerada um dos principais fabricantes do setor e disputa diretamente a liderança com a Tesla, inclusive com rumores de que os chineses fornecerão baterias aos veículos da norte-americana.
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