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De olho nos amantes de carne, Burger King lança hambúrguer feito de planta

Mais do que criar um produto voltado a vegetarianos ou veganos, o objetivo da rede é lançar um sanduíche voltado ao público geral

Rebel Whopper, hambúrguer vegetal da rede Burger King (Karin Salomão/Exame)

Rebel Whopper, hambúrguer vegetal da rede Burger King (Karin Salomão/Exame)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 3 de setembro de 2019 às 14h00.

Última atualização em 4 de setembro de 2019 às 08h57.

A rede de fast food Burger King lançou hoje, 3, um novo hambúrguer vegetal. O Rebel Whopper foi criado em parceria com a Marfrig e a americana Archer Daniels Midland Company (ADM). É a primeira empresa brasileira a comercializar o hambúrguer vegetal desenvolvido através do acordo entre a Marfrig e a ADM.

Os produtos estarão disponíveis inicialmente no restaurante da Av Juscelino Kubitschek, na cidade de São Paulo. A partir de 10 de setembro, serão vendidos nas 75 lojas da capital. Em outubro, o sanduíche chega ao estado de São Paulo e do Rio de Janeiro e, em novembro, em todas as 800 lojas da rede.

Mais do que criar um produto voltado a vegetarianos ou veganos, o objetivo da rede é lançar um sanduíche voltado ao público geral. "O público vegetariano tem crescido em todo o mundo, mas esse também é um produto para quem gosta de carne mas busca alternativas em alguns dias da semana", afirma Ariel Grunkraut, diretor de marketing e de vendas do Burger King.

"É um hambúrguer 100% à base de plantas, grelhado no fogo como churrasco", diz Iuri Miranda, presidente do Burger King. A grelha, inclusive, é a mesma já usada no preparo dos sanduíches com carne. O pão, queijo e maionese também contêm ingredientes de origem animal.

EXAME provou a novidade. O lanche é gostoso, embora não idêntico à opção com carne. O gosto vindo do preparo na grelha se mantém, mas a cor é um pouco mais clara e a textura, levemente mais macia. É uma boa alternativa para quem quer variar. O hambúrguer tem cerca de 20% menos calorias e 35% menos gorduras totais. O combo, com batata frita e refrigerante, sai por R$ 29,90, preço médio de outros sanduíches.

Os executivos não abriram os ingredientes que vão no hambúrguer, além da soja, mas afirmam que são 100% naturais e não transgênicos. A rede já tem um produto vegetariano, o Veggie, mas que é "um produto de nicho" e não deve ser afetado por essa novidade, diz o presidente.

Lançamentos globais

O Brasil é o terceiro país a receber um produto à base de plantas da companhia, depois dos Estados Unidos e da Suécia. Segundo o CEO do Burger King, Iuri Miranda, é o país em que a marca atua mais receptivo a esse tipo de produto. Cerca de 70% dos consumidores disseram que provável ou muito provavelmente comprariam um hambúrguer vegetal em uma pesquisa feita pela marca.

Os Estados Unidos foram o primeiro país a receber um Whopper feito de plantas. O lançamento, Impossible Whoppers, foi feito em parceria com a Impossible Foods, uma startup californiana criada em 2011, na região de São Francisco. Sua missão é “salvar a carne e o mundo”, produzindo alimentos tão saborosos quanto a carne e o queijo sem a necessidade de seus geradores naturais. “Usar animais para produzir carne é pré-histórico e uma tecnologia destrutiva”, afirma a empresa em seu site.

Já no Brasil, a fabricante do disco para o lanche é a Marfrig, que tem capacidade diária de abate de 32 mil cabeças de gado. A receita líquida do frigorífico foi de 41,4 bilhões de reais em 2018.

A processadora agrícola ADM, que desenvolveu a tecnologia em parceria com a Marfrig, atua no processamento de soja em nove instalações e tem 13 unidades de produção de ração, uma fábrica de proteínas de soja em Campo Grande (MS) e produz extratos naturais e componentes para o mercado de bebidas.

O Rebel Whopper é exclusivo para a rede de fast food, mas a Marfrig está trabalhando em outros produtos voltados para o varejo e o food service. "É um produto que vai ocupar um espaço importante no nosso portfólio", diz o presidente da Marfrig para a América do Sul, Miguel Gularte.

Concorrentes

O Burger King não é o único que busca abocanhar parte do mercado de vegetarianos, veganos ou consumidores preocupados com o consumo de carne.

Em abril deste ano, a foodtech Fazenda Futuro, fundada por Alfredo Strechinsky e Marcos Leta, os mesmos que criaram o Suco do Bem, lançou seu primeiro produto. Trata-se de um hambúrguer vegano feito com proteínas de ervilha, soja e grão de bico. E tem ainda a beterraba, inserida na receita para imitar o sangue. Encontrado em supermercados, o hambúrguer da Fazenda Futuro foi incluído no cardápio da rede paulistana Lanchonete da Cidade e na carioca T.T. Burger.

Criada nos Estados Unidos em 2013, a Beyond Meat despejou no mercado três anos depois um hambúrguer feito com proteínas de ervilha, arroz e feijão, óleo de canola, óleo de coco, manteiga de cacau, amido de batata, suco de limão e beterraba, entre outros ingredientes.  Em maio, a Beyond Meat abriu seu capital na bolsa americana Nasdaq.

Outra concorrente na briga é a Impossible Foods, nascida no Vale do Silício em 2011. Neste ano, ela fechou uma parceria para oferecer seu hambúrguer à base de proteínas de batata e soja em algumas lojas da rede Burger King nos Estados Unidos.

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