Negócios

De food truck a 130 restaurantes: como dois catarinenses vão fazer R$ 40 milhões com comida mexicana

Meta da Hermanito é chegar a 200 unidades até 2025 e alcançar um faturamento de R$ 97 milhões

Renato e Rodrigo Stoklosa, da Hermanito: “Rodamos Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Amazonas e até o Acre, levando nossa comida a lugares onde ninguém esperava" (Hermanito/Divulgação)

Renato e Rodrigo Stoklosa, da Hermanito: “Rodamos Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Amazonas e até o Acre, levando nossa comida a lugares onde ninguém esperava" (Hermanito/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 22 de novembro de 2024 às 09h08.

Última atualização em 22 de novembro de 2024 às 11h33.

Quando a economia não ajuda, o jeito é improvisar.

Muitas empresas surgem em momentos de crise, quando o empreendedor encontra um nicho ou tendência que ninguém explorou direito ainda.

Foi assim que dois irmãos catarinenses transformaram dificuldades em sucesso. Em 2013, enfrentando a crise econômica que afetava o setor industrial, os irmãos Renato e Rodrigo Stoklosa, de Joinville, cidade no nordeste de Santa Catarina, decidiram buscar novas maneiras de ganhar dinheiro. Inspirados pelo boom dos food trucks nas feiras gastronômicas, criaram a Hermanos, que começou como uma barraquinha de comida mexicana.

Hoje, a empresa se chama Hermanito e está em outro patamar. A empresa possui 130 contratos de franquias espalhados pelo Brasil, das quais 90 já estão em operação. Em 2023, a rede faturou 24 milhões de reais, e a projeção para 2024 é crescer 66%, ultrapassando 40 milhões de reais.

Agora, os irmãos planejam ir ainda mais longe. A meta é chegar a 200 unidades até 2025, consolidar a marca como referência em comida mexicana no Brasil e alcançar um faturamento de 97 milhões de reais.

Qual é a história da Hermanito

A Hermanito nasceu em 2013, mas as raízes empreendedoras dos irmãos Stoklosa vêm de antes.

"Nossas primeiras memórias são dentro da indústria do nosso pai, trabalhando com ele", diz Renato. O pai, Orlando, foi um dos fundadores de uma empresa de plásticos em Joinville. Já a mãe, Silvana, abriu uma escola de gastronomia na cidade, plantando nos filhos o gosto pela cozinha.

Com essa bagagem, os irmãos começaram modestamente.

“Iniciamos com uma barraca de 3 metros quadrados, improvisada numa praça”, diz Renato. A especialidade? Comida mexicana, uma escolha natural para Renato, que já havia visitado o México e se apaixonado pelos sabores do país. Além disso, faltavam opções acessíveis de comida mexicana em Joinville.

O negócio começou com força.

“No primeiro evento que participamos, vendemos tudo em duas horas”, diz Renato. Com o sucesso, eles investiram em um food truck e começaram a viajar pelo Brasil. “Rodamos Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Amazonas e até o Acre, levando nossa comida a lugares onde ninguém esperava.”

A experiência com os food trucks foi uma escola. "Aprendemos sobre logística, culturas regionais, gerenciamento de pessoas e, principalmente, a identificar onde um negócio poderia dar certo", afirma Renato.

Após dois anos na estrada, os irmãos perceberam que o modelo de food truck estava perdendo força e decidiram abrir uma unidade física, voltando para Joinville.

Foi então que o foco mudou completamente. “Pensamos: por que ficar presos em Joinville se nossa comida já deu certo em tantos lugares? Foi aí que nasceu a ideia de franquear”, diz Renato.

A partir de 2017, a Hermanito começou a crescer com o modelo de franquias.

A virada de chave aconteceu quando os irmãos se uniram ao Ecossistema 300 Franchising, uma aceleradora de negócios focada em franquias. "No primeiro mês, vendemos quatro unidades. No segundo, foram sete. Depois, 12. Crescemos muito rápido", afirma Renato.

Qual é a estrutura da Hermanito hoje

Hoje, a Hermanito opera com 90 restaurantes em funcionamento, espalhados por 21 estados.

Além disso, há mais de 40 contratos de franquias assinados que serão inaugurados nos próximos meses. A rede oferece três formatos de operação: loja, quiosque e container, adaptando-se ao perfil e à localização de cada franqueado.

Um dos diferenciais da Hermanito está na logística e na tecnologia empregadas na operação. A rede investiu mais de 2 milhões de reais em uma fábrica própria, que utiliza o método de autoclavagem.

“Essa tecnologia foi desenvolvida pela NASA na década de 1950 e permite que os alimentos sejam esterilizados sem conservantes”, afirma Renato.

Isso garante que os produtos sejam entregues aos franqueados prontos para consumo e com validade de até um ano fora da refrigeração.

“O franqueado não precisa ter cozinha, gás ou câmaras frigoríficas. Ele só precisa de uma bancada para montar os pedidos”, detalha Renato. A simplicidade operacional, somada ao suporte logístico, permite que as franquias sejam mais acessíveis e fáceis de gerenciar.

Outra inovação está no uso de processos automatizados para monitorar o desempenho das unidades e ajustar estoques.

"Com essas tecnologias, conseguimos que o franqueado foque no que realmente importa: gestão e vendas", diz Victor Vieira, sócio e responsável pelo marketing da Hermanito.

Quais são os planos de expansão

A expansão agressiva continua sendo o principal objetivo da Hermanito. "Queremos chegar a 200 unidades até 2025 e capturar a maior fatia do mercado de comida mexicana no Brasil", afirma Renato.

Ele compara o crescimento do segmento ao que aconteceu com a culinária japonesa nos últimos anos. “O mexicano está se popularizando, e queremos estar na frente dessa tendência.”

A projeção de faturamento para 2025 é de 97 milhões de reais, quase o dobro do resultado de 2024. Para atingir esse objetivo, a Hermanito planeja abrir 10 novas unidades por mês e investir ainda mais em tecnologia e eficiência logística.

A única unidade própria da rede, em Joinville, continua sendo um laboratório para testar novos produtos e formatos. “Tudo o que pensamos em implementar é testado lá. É o que nos permite crescer com consistência”, explica Renato.

Acompanhe tudo sobre:RestaurantesAlimentação

Mais de Negócios

Peugeot: dinastia centenária de automóveis escolhe sucessor; saiba quem é

Imigrante polonês vai de 'quebrado' a bilionário nos EUA em 23 anos

As 15 cidades com mais bilionários no mundo — e uma delas é brasileira

A força do afroempreendedorismo