Repórter de Negócios
Publicado em 23 de julho de 2025 às 10h41.
Última atualização em 23 de julho de 2025 às 11h01.
O mercado de franquias não para de crescer. Todos os anos, novas marcas surgem com modelos cada vez menores. O objetivo é adentrar pequenas cidades com um novo perfil de empreendedor.
Na esteira desse movimento, duas educadoras e um administrador de Brusque, Santa Catarina, decidiram espalhar seu método de alfabetização pelo o Brasil com uma franquia com investimento inicial de apenas 2.850 reais.
Com uma metodologia própria, que inclui o uso de cores nas vogais e o toque nas letras para facilitar a aprendizagem, a empresa de ensino se propõe a alfabetizar crianças e adultos, inclusive com TDAH, autismo e dislexia. Criada em 2022, a Alfabetizei tem 13 unidades em operação e planeja terminar o ano com 25 unidades e faturamento próximo a um milhão de reais.
“A nossa missão sempre foi criar um modelo acessível e eficaz, que não dependesse de grandes investimentos. Queríamos um sistema simples e escalável, sem perder a qualidade do serviço”, diz Jerônimo Silva, CEO da Alfabetizei.
Ana Paula Silva iniciou em 2018 o desenvolvimento de um método pedagógico voltado para crianças com dislexia, TDAH e autismo. O objetivo era criar uma abordagem simples e eficaz, capaz de facilitar o aprendizado de leitura e escrita para esse público.
No ano seguinte, Anaxara Kazmierczak de Andrade, psicóloga, se juntou ao projeto e trouxe sua expertise em psicologia sistêmica, aprimorando ainda mais a metodologia. Juntas, elas testaram e ajustaram o método, que se mostrou eficaz para diferentes perfis de alunos, incluindo adultos com dificuldades semelhantes.
A primeira unidade da Alfabetizei foi criada dentro de um instituto de psicopedagogia em Brusque, Santa Catarina. Esse espaço serviu como um laboratório, permitindo a aplicação direta do método com crianças e o aprimoramento contínuo da metodologia.
O sucesso do projeto no instituto motivou a equipe a expandir o alcance e levar o método a mais pessoas.
Ana Paula Silva, Jerônimo Silva e Anaxara Kazmierczak de Andrade, fundadores da Alfabetizei (Alfabetizei/Divulgação)
Em 2020, as fundadoras decidiram ampliar seu alcance a outros educadores. A primeira proposta era disponibilizar o curso em plataformas como a Hotmart, mas sua aplicação foi limitada, uma vez que as escolas já seguiam suas próprias metodologias de ensino.
Foi com a entrada de Jerônimo Silva, irmão de Ana Paula e administrador, que a ideia de transformar o método em franquia começou a ganhar forma.
"Percebemos que o modelo tinha potencial para crescer e alcançar mais pessoas, especialmente porque nosso objetivo sempre foi tornar a alfabetização acessível e de baixo custo", diz o CEO da Alfabetizei.
O método de ensino utiliza cores e toques nas letras, uma abordagem sensorial que facilita a aprendizagem de leitura e escrita. Cada vogal recebe uma cor específica, e as crianças interagem com as letras de forma tátil, associando as cores e os toques aos sons, o que facilita a memorização e o reconhecimento das palavras.
O método é dividido em cinco níveis, atendendo desde a pré-alfabetização até a alfabetização avançada, e pode ser adaptado para diferentes idades e necessidades.
“Alfabetizar adultos é um dos maiores desafios, mas também uma das experiências mais gratificantes", diz Silva. "Muitos chegam até nós com medo e insegurança, mas o método que criamos dá a confiança necessária para que eles vejam que é possível aprender em qualquer fase da vida”.
Além da metodologia pedagógica tradicional, a Alfabetizei está investindo em tecnologia para tornar o aprendizado ainda mais envolvente e eficaz. A franquia desenvolveu jogos educativos usando impressoras 3D que trabalham com a mesma lógica do método de cores e toques nas letras.
"Esses jogos são projetados para estimular o raciocínio lógico e a memorização de forma lúdica, tornando a alfabetização mais divertida e interativa", diz Jerônimo.
Além de beneficiar o aprendizado das crianças, os jogos também representam uma nova fonte de receita para os franqueados, que podem vendê-los aos alunos ou até mesmo em plataformas online, ampliando as oportunidades de negócio e o alcance da metodologia.
A Alfabetizei oferece aos franqueados uma estrutura de baixo custo e de fácil implementação. Com um investimento inicial de 2.850 reais, o modelo foi pensado para ser acessível a um público diverso, inclusive pessoas sem experiência na área educacional.
Entrar no mercado de franquias não foi fácil. Surgiram novos desafios como garantir a padronização e a eficácia do ensino em diferentes localidades. Para Jerônimo, o grande mérito foi conseguir desenvolver um sistema fácil de aplicar, tanto para os franqueados quanto para os alunos, sem perder a qualidade do serviço.
Ele passou meses estudando a Lei de franquias e como estruturar uma Circular de Oferta da Franquia (COF).
“O maior desafio agora é escalar o modelo sem perder a qualidade. Precisamos garantir que cada unidade mantenha o mesmo padrão de ensino e a experiência do aluno seja a mesma, independentemente da região ou do franqueado”, diz o CEO.
O treinamento para os franqueados da Alfabetizei tem duração de 45 dias. Durante esse período, os franqueados recebem o treinamento completo, que inclui tanto a parte pedagógica quanto a operacional.
O modelo permite que as unidades sejam montadas em espaços pequenos, como clínicas ou consultórios, reduzindo os custos fixos e tornando o negócio mais viável, mesmo em cidades menores.
Embora o método e a estrutura sejam padronizados, os franqueados têm autonomia para ajustar a precificação dos serviços conforme a realidade local. Em média, o custo por aluno fica entre R$ 299 e R$ 399 por mês. A franquia oferece dois tipos principais de planos:
O modelo de negócios também é simplificado: os franqueados pagam uma taxa fixa de royalties e marketing, independentemente do número de alunos atendidos, o que proporciona maior previsibilidade financeira. O faturamento médio mensal é estimado em 11.500 reais e o prazo de retorno em 12 meses.