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Daslu: Após escândalos, marca de luxo vai a leilão por R$ 1,4 milhão -- relembre a história

Estão à venda 50 registros que incluem o uso da marca em diversos tipos de roupas, aparelhos de jantar, artigos para pets, serviço de decoração de festas dentre outros

Peças de roupa: marca Daslu, ícone do mercado de luxo, vai a leilão (kurmyshov/Thinkstock)

Peças de roupa: marca Daslu, ícone do mercado de luxo, vai a leilão (kurmyshov/Thinkstock)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 7 de junho de 2022 às 06h00.

Acontece nesta terça-feira (7) o leilão da marca Daslu, ícone do mercado de luxo na década de 1990. Promovido pela casa de leilões Sodré Santoro, o certame, marcado para as 13h, será online e tem lance mínimo de R$ 1,4 milhão.

Estão à venda 50 registros e processos ativos junto ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual), que incluem o uso da marca em diversos tipos de roupas, aparelhos de jantar, artigos para pets, serviço de decoração de festas e cerimonial, dentre muitos outros usos. O leilão inclui ainda o domínio da marca na internet, criado em 1997.

Caso não haja interessados, haverá outro leilão no dia 14 de junho, com lance mínimo que pode ser igual ou maior a 50% do valor atual. Se ainda não houver comprador, haverá novo certame no dia 21 de junho, no qual a marca será vendida pelo maior lance.

Fundação e auge nos anos 1990

A marca de luxo foi fundada na década de 1950 pelas socialites Lucia Piva Albuquerque e Lourdes Aranha. As duas tinham o costume de reunir amigas para exibir peças de roupa exclusivas em uma casa na Vila Nova Conceição, bairro nobre da capital paulista.

Após a morte de Lucia, quem assumiu o comando da marca foi sua filha, Eliana Tranchesi. Na década de 1990, Tranchesi trouxe para a Daslu peças de marcas internacionais, numa época em que só era possível ter acesso a esses produtos em viagens para fora do país.

Villa Daslu e sonegação fiscal

Em meados dos anos 2000, Tranchesi inaugurou a Villa Daslu, um imponente edifício neoclássico, de 20 mil metros quadrados e construído ao custo de R$ 100 milhões, que chegou a ter 700 empregados.

No entanto, pouco mais de um mês após a inauguração do empreendimento, em 2005, a Daslu foi alvo da operação Narciso, da Polícia Federal. Tranchesi chegou a ser presa sob suspeita de sonegação fiscal. Em 2009, a empresária foi condenada a 94 anos de prisão por crimes como formação de quadrilha e falsidade ideológica.

No entanto, ficou apenas um dia na prisão, devido ao seu estado de saúde. Na época, a empresária fazia tratamento contra o câncer. Ela morreu em 2012 em decorrência da doença.

Dívidas de R$ 80 milhões

Com dívidas de R$ 80 milhões, a Daslu pediu recuperação judicial em 2010, e foi vendida para o fundo Laep Investments. Em 2016, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou o despejo de uma loja da marca no shopping JK Iguatemi, devido a uma dívida de R$ 3 milhões em alugueis atrasados.

Recentemente, o ocaso da Daslu ganhou mais um capítulo. O irmão de Eliana Tranchesi, Antônio Carlos Piva de Albuquerque, que atuou como diretor financeiro da Daslu, foi preso em São Paulo no dia 30 de maio. Procurado, ele foi condenado em 2013 por sonegação de impostos.

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