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Danone usa inteligência artificial para evitar iogurte estragado

Os produtos lácteos nem faltam nas prateleiras e nem estragam, pelo excesso de estoque que não é consumido

Trabalhador arruma produtos da Danone na prateleira de um supermercado (Andrey Rudakov/Bloomberg)

Trabalhador arruma produtos da Danone na prateleira de um supermercado (Andrey Rudakov/Bloomberg)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 12 de outubro de 2017 às 08h00.

Última atualização em 16 de outubro de 2017 às 10h38.

São Paulo - A inteligência artificial deixou de ser ficção e já está fazendo a diferença para muitas companhias.

A Danone é um exemplo. Ela instalou um novo sistema de para melhorar a sua eficiência no relacionamento com varejistas e conseguiu diminuir perdas e aumentar as vendas.

Com o novo programa, a indústria consegue oferecer pedidos de compra mais assertivos às varejistas. Assim, os produtos lácteos nem faltam nas prateleiras e nem estragam, pelo excesso de estoque que não é consumido.

Para a empresa, encontrar um equilíbrio nos envios para os varejistas é essencial. Os iogurtes da marca têm poucos dias de vida útil nas prateleiras. Por isso, se não forem comprados logo, estragam. Do outro lado, se o consumidor não encontrar um iogurte Danone na prateleira, opta pelo produto da concorrente e a empresa perde uma venda.

“Para nós, acertar no estoque nas lojas é muito importante. Como é um produto com poucos dias de vida, é difícil vender no tempo certo, o que complica a atuação da varejista”, diz Xavier Serres Escoda, diretor de TI da Danone.

O novo sistema foi desenvolvido pela Tevec, empresa de inteligência artificial para a cadeia logística. A ferramenta também é usada pela Kopenhagen, Chocolates Brasil Cacau, Gerdau, Baterias Moura, Ipiranga, entre outras empresas. O sistema, que já está no ar há 3 anos, recebeu investimentos de 12 milhões de reais.

Matemática que dá lucro

Antes da introdução do sistema, os pedidos de compras nos varejistas eram muito mais manuais. A equipe de vendas da Danone ia às lojas para verificar os estoques, tanto nas prateleiras quanto nas câmaras frias.

Com base nisso, calculava quais foram as vendas naquele ponto no período e criava um pedido de compras. Por isso, "dependíamos muito da experiência do vendedor de fazer um pedido acertado", afirma Escoda.

Já o novo sistema é mais automático. A primeira mudança foi feita em relação aos varejistas. O sistema de estoque foi integrado ao banco de dados da Danone, que sabe imediatamente como foram as vendas em cada um dos pontos de venda.

Além disso, o sistema usa inteligência artificial para calcular qual deve ser o pedido de compra. Ele analisa todas as variáveis e calcula quais delas têm relação com as vendas. Podem ser inseridas variáveis como promoções, campanhas de marketing, sazonalidade, preço ou lançamento de novos produtos.

Pode parecer uma mudança meramente técnica e matemática, mas para a Danone fez uma diferença considerável. Com a implantação do novo sistema da Tevec, a Danone reduziu as perdas em 6%. Também conseguiu aumentar as vendas em 10 pontos, nas lojas em que o sistema foi instalado. A novidade já está presente em 370 lojas do país e o plano é que chegue a 700 no fim do ano.

Se para a indústria a inovação é importante, ela também faz a diferença para a varejista. "Para o varejo, ter estoque em excesso é um custo muito grande. Ocupa espaço, é um custo de aluguel, manutenção e refrigeração, além do gasto com o descarte de produtos não vendidos", afirma Bento Ribeiro, sócio-fundador da Tevec.

 

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