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Da paixão ao milhão: este casal largou tudo para lucrar com aparelhos musicais

Os cariocas Leonardo Nocito e Luiza Massari são fundadores da BATS, uma plataforma online para aluguel de instrumentos musicais. Com margem de 80%, a startup deve faturar 6 milhões de reais em 2026

Luiza Massari e Leonardo Nocito, da BATS: acesso a quem não tem condições de comprar um instrumento musical (Divulgação/Divulgação)

Luiza Massari e Leonardo Nocito, da BATS: acesso a quem não tem condições de comprar um instrumento musical (Divulgação/Divulgação)

Leo Branco
Leo Branco

Editor de Negócios e Carreira

Publicado em 13 de agosto de 2025 às 14h50.

Última atualização em 14 de agosto de 2025 às 14h03.

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Por anos, a música foi apenas uma paixão para Leonardo Nocito, um engenheiro mecânico carioca de 35 anos. 

Embora crescesse rodeado de sons e instrumentos, sempre encontrou dificuldades para transformar seu hobby em algo rentável. 

Em 2021, junto com a esposa Luiza Massari, ele decidiu mudar esse cenário, criando a BATS, uma startup que une tecnologia e música de uma forma inovadora. 

A proposta da empresa é simples: alugar instrumentos musicais de forma flexível e acessível, semelhante ao modelo de negócios de plataformas como Uber e Airbnb.

A história da BATS começa de maneira modesta, com Nocito alugando seus próprios instrumentos de música, como guitarras e baterias eletrônicas, através de um site simples. 

Ele notou que seus instrumentos, que ficavam parados em casa, poderiam ser aproveitados. 

“No início, o modelo levantou muitas dúvidas, mas o negócio foi ganhando forma à medida que atendíamos oficinas de carnaval e escolas de música”, lembra Nocito.

Com o tempo, o número de instrumentos foi crescendo, à medida que amigos e conhecidos começaram a oferecer seus próprios instrumentos para alugar. 

O que começou como uma solução caseira se transformou em um verdadeiro hub de instrumentos musicais. 

A BATS foi mais além, passando a oferecer planos de assinatura com entregas e coletas dos itens. 

“O mais importante foi validar a demanda. Quando vimos que os instrumentos voltavam intactos, percebemos que a confiança do cliente era fundamental”, afirma Nocito.

Com o crescimento, a BATS formalizou sua operação, contratando um líder de tecnologia e investindo no desenvolvimento de uma plataforma robusta, que permitisse gerenciar a locação e facilitar a troca de instrumentos, além de oferecer aulas online. 

A expansão para São Paulo foi o próximo passo. A capital paulista é responsável por cerca de 60% das operações da BATS.

Qual é a oportunidade

A ideia por trás da BATS não é apenas rentabilizar instrumentos, mas também democratizar o acesso à música. 

O Brasil, com sua vasta riqueza cultural, enfrenta barreiras quando se trata de tornar a prática musical acessível. 

Os altos custos dos instrumentos, a complexa tributação e a falta de incentivo tornam difícil para muitos brasileiros se iniciarem na música

“Quando retornei ao Brasil, depois de uma temporada em empregos no exterior, percebi que, embora o país seja musical por natureza, a maioria das pessoas não têm acesso a instrumentos devido aos preços elevados”, diz Nocito.

Com isso em mente, a BATS oferece uma solução simples e eficaz: planos de assinatura mensais ou anuais para quem deseja tocar, mas não pode arcar com o alto custo de compra de instrumentos. 

Além disso, a flexibilidade de trocar de instrumento a cada três meses, por exemplo, permite aos músicos amadores explorarem diferentes sonoridades sem o compromisso de um único item.

A plataforma também oferece aulas online, em parceria com a plataforma musixe, para garantir que os usuários se sintam apoiados desde os primeiros acordes.

A possibilidade de adquirir o instrumento ao final da assinatura, com desconto, agrega ainda mais valor à experiência.

Os desafios

A BATS tem demonstrado um crescimento significativo desde sua fundação, com uma margem de contribuição de 80% e um modelo altamente escalável.

A startup alcançou um faturamento mensal de cerca de 200 mil reais, com projeção de chegar a 4 milhões de reais neste ano e de atingir 6 milhões de reais até o final de 2026.

Nos últimos anos, a BATS não apenas consolidou seu modelo de assinatura, como também criou um produto financeiro inovador. 

Em 2024, a empresa começou a permitir que pessoas físicas investissem na compra de instrumentos, que seriam alugados através da plataforma. 

Esse modelo de investimento, comparado ao de “apart-hotéis”, permite que os investidores recebam rendimentos mensais enquanto seus instrumentos geram receita para a startup. Esse segmento já representa cerca de 40% das receitas da BATS.

Além disso, a BATS superou desafios operacionais típicos de uma startup, como a gestão logística de entrega e coleta de instrumentos em diferentes cidades. 

A empresa já possui hubs logísticos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte, com planos de expansão para Brasília e Porto Alegre.

O futuro

O futuro da BATS promete ainda mais inovações. A empresa está desenvolvendo um agente de cifras com inteligência artificial via WhatsApp, além de um "coach musical" para ajudar os usuários a se organizarem e cumprirem seus compromissos musicais. 

“Nosso objetivo é se tornar a melhor opção para quem quer começar a tocar, seja como hobby ou para algo mais sério”, diz Nocito.

A expansão também está no horizonte. De acordo com os fundadores, o foco será em ampliar sua base de clientes e aumentar a oferta de instrumentos disponíveis. 

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