Luiza Massari e Leonardo Nocito, da BATS: acesso a quem não tem condições de comprar um instrumento musical (Divulgação/Divulgação)
Editor de Negócios e Carreira
Publicado em 13 de agosto de 2025 às 14h50.
Por anos, a música foi apenas uma paixão para Leonardo Nocito, um engenheiro mecânico carioca de 35 anos.
Embora crescesse rodeado de sons e instrumentos, sempre encontrou dificuldades para transformar seu hobby em algo rentável.
Em 2021, junto com a esposa Luiza Massari, ele decidiu mudar esse cenário, criando a BATS, uma startup que une tecnologia e música de uma forma inovadora.A proposta da empresa é simples: alugar instrumentos musicais de forma flexível e acessível, semelhante ao modelo de negócios de plataformas como Uber e Airbnb.
A história da BATS começa de maneira modesta, com Nocito alugando seus próprios instrumentos de música, como guitarras e baterias eletrônicas, através de um site simples.
Ele notou que seus instrumentos, que ficavam parados em casa, poderiam ser aproveitados.
“No início, o modelo levantou muitas dúvidas, mas o negócio foi ganhando forma à medida que atendíamos oficinas de carnaval e escolas de música”, lembra Nocito.
Com o tempo, o número de instrumentos foi crescendo, à medida que amigos e conhecidos começaram a oferecer seus próprios instrumentos para alugar.
O que começou como uma solução caseira se transformou em um verdadeiro hub de instrumentos musicais.
A BATS foi mais além, passando a oferecer planos de assinatura com entregas e coletas dos itens.
“O mais importante foi validar a demanda. Quando vimos que os instrumentos voltavam intactos, percebemos que a confiança do cliente era fundamental”, afirma Nocito.
Com o crescimento, a BATS formalizou sua operação, contratando um líder de tecnologia e investindo no desenvolvimento de uma plataforma robusta, que permitisse gerenciar a locação e facilitar a troca de instrumentos, além de oferecer aulas online.
A expansão para São Paulo foi o próximo passo. A capital paulista é responsável por cerca de 60% das operações da BATS.
A ideia por trás da BATS não é apenas rentabilizar instrumentos, mas também democratizar o acesso à música.
O Brasil, com sua vasta riqueza cultural, enfrenta barreiras quando se trata de tornar a prática musical acessível.
Os altos custos dos instrumentos, a complexa tributação e a falta de incentivo tornam difícil para muitos brasileiros se iniciarem na música.
“Quando retornei ao Brasil, depois de uma temporada em empregos no exterior, percebi que, embora o país seja musical por natureza, a maioria das pessoas não têm acesso a instrumentos devido aos preços elevados”, diz Nocito.
Com isso em mente, a BATS oferece uma solução simples e eficaz: planos de assinatura mensais ou anuais para quem deseja tocar, mas não pode arcar com o alto custo de compra de instrumentos.
Além disso, a flexibilidade de trocar de instrumento a cada três meses, por exemplo, permite aos músicos amadores explorarem diferentes sonoridades sem o compromisso de um único item.
A plataforma também oferece aulas online, em parceria com a plataforma Music, para garantir que os usuários se sintam apoiados desde os primeiros acordes.
A possibilidade de adquirir o instrumento ao final da assinatura, com desconto, agrega ainda mais valor à experiência.
A BATS tem demonstrado um crescimento significativo desde sua fundação, com uma margem de contribuição de 80% e um modelo altamente escalável.
A startup alcançou um faturamento mensal de cerca de 200 mil reais, com projeção de atingir 6 milhões de reais até o final de 2025.Nos últimos anos, a BATS não apenas consolidou seu modelo de assinatura, como também criou um produto financeiro inovador.
Em 2024, a empresa começou a permitir que pessoas físicas investissem na compra de instrumentos, que seriam alugados através da plataforma.
Esse modelo de investimento, comparado ao de “apart-hotéis”, permite que os investidores recebam rendimentos mensais enquanto seus instrumentos geram receita para a startup. Esse segmento já representa cerca de 40% das receitas da BATS.
Além disso, a BATS superou desafios operacionais típicos de uma startup, como a gestão logística de entrega e coleta de instrumentos em diferentes cidades.
A empresa já possui hubs logísticos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte, com planos de expansão para Brasília e Porto Alegre.
“Nosso objetivo é se tornar a melhor opção para quem quer começar a tocar, seja como hobby ou para algo mais sério”, diz Nocito.
A expansão também está no horizonte. De acordo com os fundadores, o foco será em ampliar sua base de clientes e aumentar a oferta de instrumentos disponíveis.