Negócios

Da heroína ao glifosato: 3 coisas que você não sabe sobre Bayer e Monsanto

Sentença contra a Monsanto por não ter informado sobre perigos para a saúde de herbicida poderá custar caro para o grupo alemão Bayer

Monsanto: empresa apresentou nos anos 1980 a primeira célula de planta geneticamente modificada (Brendan McDermid/Reuters)

Monsanto: empresa apresentou nos anos 1980 a primeira célula de planta geneticamente modificada (Brendan McDermid/Reuters)

A

AFP

Publicado em 13 de agosto de 2018 às 16h59.

A sentença de sexta-feira nos Estados Unidos contra a Monsanto por não ter informado sobre os perigos para a saúde de seu herbicida à base de glifosato poderá custar caro para o grupo alemão Bayer, que adquiriu recentemente o gigante americano por 63 bilhões de dólares.

A seguir, três coisas a saber sobre estes dois grupos de reputação polêmica:

Agente Laranja e heroína

A Monsanto, fundada em 1901 em Saint-Louis, Missouri, produziu primeiro a sacarina, um potente adoçante, e depois nos anos 1940 se lançou à agroquímica.

Seu desfolhante chamado "Agente Laranja", conhecido pelos mortíferos arco-íris que desenhava no céu, foi utilizado como arma de destruição em massa pelo exército americano na Guerra do Vietnã (1955 e 1975).

Seu herbicida estrela e polêmico, o Roundup, foi lançado em 1976, e a Monsanto apresentou nos anos 1980 a primeira célula de planta geneticamente modificada, antes de se especializar nos Organismos Geneticamente Modificados (OGM).

A Bayer, fundada na Alemanha em 1863, inventou a aspirina, mas também vendeu heroína no início do século XX, então utilizada como substituta da morfina, e como medicamento para a tosse.

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Bayer fazia parte como seu compatriota BASF do conglomerado químico IG Farben, conhecido por ter fornecido aos nazistas o Zyklon B utilizado nas câmaras de gás.

"Monsatan"

Em momentos em que a agricultura se prepara para alimentar uma população mundial cada vez maior, a Bayer aspirava havia muito tempo a adquirir a gigante americana Monsanto e suas sementes OGM, capazes de resistir aos pesticidas mais potentes.

Com o objetivo de evitar a hostilidade provocada no mundo pela simples menção da Monsanto, a Bayer decidiu suprimir esse nome após concluir sua operação de compra neste ano.

Chamada de "Monsatan" ou "Mutando" por seus detratores, a empresa foi questionada tanto pelos OGM como pelos efeitos do glifosato, princípio ativo do Roundup, objeto de estudos sobre seu possível caráter cancerígeno.

O governo francês se comprometeu recentemente a deixar de utilizar esta substância em três anos, em 2021, embora sem incluir ainda a proibição na lei.

A ONG "Amigos da Terra" batizou a fusão Bayer-Monsanto como "o casamento do diabo".

4.000 processos

A condenação por parte de um tribunal da Califórnia contra a Monsanto, que a obriga a pagar quase 290 milhões de dólares por danos a Dewayne Johnson, um jardineiro americano com câncer após a exposição reiterada ao Roundup, poderia estabelecer jurisprudência.

Ao menos 4.000 casos similares estão tramitando nos tribunais americanos.

A Bayer não comunicou a envergadura das provisões financeiras com que conta para poder frear as consequências jurídicas de sua nova aquisição: a polêmica Monsanto.

Os analistas estimam que estes processos poderiam custar a Bayer entre cinco e 10 bilhões de dólares.

Em 2001, a Bayer sofreu um duro golpe no mercado americano pela retirada de seu medicamento contra o colesterol Lipobay/Baycol, suspeito de ter provocado a morte de vários pacientes.

Os múltiplos julgamentos custaram ao gigante alemão 4,2 bilhões de dólares (3,7 bilhões de euros).

Acompanhe tudo sobre:DrogasBayerAgrotóxicosMonsanto

Mais de Negócios

Ele vai ao Vale do Silício em busca de R$ 188 milhões para o Brasil

Multinacional americana sobreviveu 175 anos com essa regra financeira

Parque temático reproduz vila erguida pelos primeiros imigrantes italianos na Serra Gaúcha, em 1875

Plataforma amplia serviços com foco nos empreendedores de pequeno porte, responsáveis por 30% do PIB