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Da China para Manaus: empresa da Multi inaugura fábrica de motos com investimento de R$ 10 milhões

A unidade fabril consumiu 10 milhões de reais em investimentos e tem capacidade para produzir 100.000 veículos por ano  

A Watts começou com a importação de scooters da China em 2018. Atualmente, as motocicletas tomaram a frente e respondem por 50% das vendas (Watts/Divulgação)

A Watts começou com a importação de scooters da China em 2018. Atualmente, as motocicletas tomaram a frente e respondem por 50% das vendas (Watts/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 18 de setembro de 2023 às 16h54.

Última atualização em 19 de setembro de 2023 às 10h43.

Adquirida pelo Grupo Multi no começo do ano passado, a Watts pretende acelerar a fabricação de motocicletas no país. A empresa de veículos elétricos está inaugurando a sua primeira fábrica em Manaus, capital do estado do Amazonas e conhecido polo para a fabricação de veículos duas rodas. A unidade fabril consumiu 10 milhões de reais em investimentos e tem capacidade para produzir 100.000 veículos por ano.  

A Watts foi fundada em 2018 por Rodrigo Gomes, atual diretor da empresa. Advogado de formação, o executivo de Londrina, no Paraná, começou a ter contato com a China em 2007 ao criar uma distribuidora que fazia a ponte entre fornecedores asiáticos e confecções brasileiras.

Entre as idas e vindas, começou a olhar para mobilidade, mercado que engatinhava no Brasil com a entrada dos patinetes e a busca por novos modais entre os consumidores para fugir do trânsito caótico das grandes cidades.

Qual é o modelo de negócio da Watts

“Eu comecei a pesquisar e conheci os scooters de roda larga. Aquele foi o exato momento que mudou a minha vida. Era uma solução mais adequada para a mobilidade que o patinete, mais robusto e que dava mais autonomia e confiança”, afirma Gomes.

A empresa  foi criada com investimentos iniciais de R$ 500.000, valor que permitiu a compra de 50 unidades de scooters.

Para vender o primeiro lote, ainda em produção na China ou em trânsito para o Brasil, o empresário adotou uma estratégia inusitada. Ele pegou a única unidade em solo nacional e a colocou em exposição em uma loja parceira. De tempos em tempos, pintava os para-lamas para uma das cores que tinha encomendado. Quando as scooters chegaram, já estavam todas vendidas.

O negócio cresceu estruturado com um modelo de concessionárias que funciona com pouco estoque e presta assistência técnica aos donos dos veículos. “Trabalhamos com um modelo de showroom e os concessionários têm um estoque mínimo, mas temos a capacidade de atender a pronta entrega”, afirma. No portfólio, a Watts tem hoje mais de 20 itens, entre:

  • scooters
  • motocicletas
  • bicicletas
  • patinetes elétricos

A chegada do Grupo Multi deu nova escala à startup, que desde o nascimento até a aquisição em março de 2022 tinha comercializado cerca de 3.000 unidades. Nos oito primeiros meses deste ano, o número supera 10.000. “Já estamos bem mais agressivos”, diz Gomes.

Em que áreas a Watts pretende crescer

As vendas são puxadas pela unidade de motocicletas, com três veículos no portfólio, e que representa 50% do faturamento da empresa. A expectativa é de que a Watts cresça 8 vezes em relação aos resultados do ano passado.

Com a inauguração da fábrica, uma área de cerca de 6.400 m² e que deve demandar a contratação de 80 funcionários, a intenção é intensificar os esforços para dar vazão à nova capacidade produtiva. A estratégia passa por cobrir diversos territórios.

  • Aumentar o número de concessionárias. Até dezembro, a expectativa é chegar a 60 e, no médio prazo, pretende contar com 300 lojas
  • Fortalecer a presença no varejo, em redes como Ri Happy e Centauro. O canal comercializa produtos que não precisam de homologação, como bicicletas e patinetes elétricos
  • Na divisão por faturamento, as concessionárias respondem por 80% das vendas e o varejo por 20%

Quais as estratégias da Watts para avançar no mercado B2B

Um outro mercado que a Watts pretende atacar e entende como dotado de grande potencial é o B2B, com a compra de motocicletas por empresas que trabalham com entrega de mercadorias. A área representa 10% do faturamento atual. “Nós esperamos que a representatividade cresça mais rápido que a rede de concessionária”, diz Gomes.

Segundo o executivo, as empresas que adotam a mobilidade elétrica podem ter redução nos custos de até 80%, considerando gastos com combustível, óleo e menores taxas de manutenção. Além disso, há todo o apelo ESG.

Nos cálculos do empresário, a divisão deve ganhar corpo e  responder por 30% do faturamento muito em breve. Recentemente, a startup fechou uma parceria com o Banco BV e a Rappi para oferecer descontos de até 12% nas motos elétricas para os entregadores independentes que operam na plataforma de delivery.

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