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CVC divulga resultados com atraso e mostra a nova cara do turismo

A maior operadora de turismo do Brasil divulga os resultados financeiros de 2020 e deve mostrar como o setor está se recuperando

Lojas vazias: CVC vai revelar o tamanho do impacto da pandemia nos seus negócios de janeiro a junho de 2020  (Roberto Tamer/CVC/Divulgação)

Lojas vazias: CVC vai revelar o tamanho do impacto da pandemia nos seus negócios de janeiro a junho de 2020 (Roberto Tamer/CVC/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 30 de setembro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 30 de setembro de 2020 às 22h55.

Com alguns meses de atraso, a operadora de turismo CVC divulga nesta quarta-feira, 30, depois do fechamento do mercado, os seus resultados do primeiro e segundo trimestres de 2020. A maior empresa do setor no Brasil, com faturamento de 17 bilhões de reais no ano passado, enfrenta a retração do turismo com a pandemia ao mesmo tempo em que empreende uma grande reorganização interna.

Do dia para a noite, o setor que emprega 6,9 milhões de trabalhadores e contribui com cerca de 4% do Produto Interno Bruto (271 bilhões de reais) parou. Segundo a Euromonitor, as agências de viagem devem vender apenas 20,2 bilhões de reais no ano, ante 35,8 bilhões de reais há cinco anos. A previsão, porém, é positiva: o mercado das agências deve mais que dobrar em cinco anos,  para 42,7 bilhões de reais.

O baque foi ainda maior para a CVC, que investigava inconsistências contábeis de 362 milhões de reais. As ações da empresa caíram 62,7% desde o início do ano. Um novo novo diretor financeiro chegou em janeiro -- Maurício Montilha --, e um novo presidente, em abril -- Leonel Andrade.

Dezenas de gerentes diretores saíram da companhia e outros tantos entraram nos últimos meses. Até o conselho de administração foi alterado, na maior reorganização interna da história da CVC. A nova liderança está focada em desenvolver a governança e a sustentabilidade da empresa, além de reforçar o caixa e fazer a integração entre suas diversas áreas.

“A CVC está com quase 50 anos, mas sinto como se fosse uma adolescente, em razão da energia e da transformação pela qual está passando. É uma empresa que cresceu muito, com abertura do capital e aquisições, com a cabeça a mil, mas o corpo meio estabanado. Passamos por um processo muito duro, decorrente da falta de investimento e de cultura de governança”, diz Leonel  Andrade em entrevista à EXAME. “Agora, é nosso papel sair da adolescência e fazer a empresa chegar à fase adulta, com sustentabilidade.”

Pistas sobre os resultados

Até agora, pouco se sabe sobre os números da CVC em 2020 e os resultados das mudanças. Diferentemente de outras companhias abertas, a empresa atrasou a divulgação dos balanços para reforçar a governança interna e apresentar dados livres de distorções. Assim, os números do primeiro e do segundo trimestres serão apresentados juntos.

Para dar algumas pistas aos investidores, a CVC divulgou um fato relevante na semana passada com algumas das ações que foram feitas para amenizar o impacto da pandemia.

Com receitas muito abaixo do normal, a empresa realizou medidas de cortes de custo. Os gastos recorrentes chegaram a 52 milhões de reais por mês no segundo trimestre. A empresa também está reforçando o seu caixa, atualmente em 1,53 bilhão de reais. De dívidas de cerca de 2 bilhões de reais, 600 milhões de reais já vencem em novembro e a CVC está avaliando alternativas de captação ou rolagem com investidores e credores.

A nova cara do turismo

A empresa aumentou os produtos em municípios próximos às capitais e aos grandes centros, que permitem viagens de carro, e ampliou as opções de aluguéis de casas. O aluguel de carro também tem crescido e chegou a superar as vendas de 2019 já em setembro.

Nos meses de abril, maio e junho de 2020, as vendas foram próximas a zero. Em junho, as vendas totais representaram somente 8% do volume reservado na comparação com junho de 2019. Já em setembro, até a última semana, as vendas totais estão em aproximadamente a 35% do registrado há um ano, sendo 45% no segmento lazer.

O interesse pelas viagens permanece, diz a empresa. Orçamentos solicitados pelos clientes do segmento lazer atingiram nas últimas semanas 85% do volume do mesmo período do ano anterior. Atualmente há 1.200 lojas da CVC abertas e 80% dos hotéis parceiros da companhia no Brasil já estão recebendo visitantes.

Os resultados devem mostrar a queda nas vendas da CVC, mas os investidores estarão de olho para saber se já é possível verificar os resultados das intensas mudanças na gestão em seus números -- e quando será possível dizer que a CVC, de fato, voltou com força ao jogo.

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