Produção da Petrobras: pré-sal tem obtido forte ganho de escala (Germano Luders/Exame)
Juliana Estigarribia
Publicado em 25 de outubro de 2019 às 11h37.
Última atualização em 25 de outubro de 2019 às 11h56.
A Petrobras está consolidando sua atuação no pré-sal, que há apenas alguns anos era considerada uma província com alto custo de produção. A companhia fechou o terceiro trimestre com um custo médio de extração em águas ultraprofundas de 9 dólares por barril de petróleo equivalente (boe), e chegou a alcançar nível recorde de 5 dólares. O patamar só é verificado em países produtores tradicionais como a Arábia Saudita, no Oriente Médio.
"Estamos conseguindo obter um aumento expressivo da produtividade na camada pré-sal. Para o quarto trimestre, projetamos um custo médio de 6 dólares em águas ultraprofundas", afirmou Carlos Alberto Pereira de Oliveira, diretor de exploração e produção da Petrobras em teleconferência com analistas sobre o resultado do terceiro trimestre do ano.
O executivo destacou que a companhia também tem obtido ganhos no pós-sal, principalmente com a estratégia de revitalização na Bacia de Campos. "Esperamos ficar no patamar de 13 a 14 dólares de custo de extração, no pós-sal, no quarto trimestre."
A redução do custo de produção contribuiu para a companhia rentabilizar as operações, o que se refletiu no balanço financeiro do terceiro trimestre. A Petrobras reportou um lucro líquido de 9,1 bilhões de reais de julho a setembro, alta de 36,8% sobre o mesmo período de 2018. No acumulado do ano, o resultado líquido foi de 32 bilhões de reais, avanço de 35% ante igual intervalo do ano passado.
A geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) no terceiro trimestre alcançou 32,6 bilhões de reais, alta de 9,1% na comparação anual.
A produção de óleo e gás da companhia atingiu nível recorde de 3 milhões de barris de óleo equivalente em agosto, quando também ocorreu um recorde diário de 3,1 de barris.
A China continua sendo o principal mercado da Petrobras. Do volume de exportações totais da companhia, o país asiático responde por 64% das importações. Em seguida, vêm Américas (18%), Europa (14%) e Índia (4%).
A entrada de recursos com desinvestimentos levou a uma queda de 13% da dívida bruta da Petrobras em 30 de setembro, atingindo 66 bilhões de dólares (sem os efeitos do IFRS 16, nova norma internacional de relatório financeiro, e recuo de 11%, para 89,9 bilhões de dólares com os efeitos do IFRS 16).
Ao mesmo tempo, o caixa da companhia tem crescido gradualmente. "O aumento do caixa para 2019 depende do pagamento do aditivo da cessão onerosa, mas mantemos nossa meta de 6,6 bilhões de dólares para o encerramento do ano", disse Andrea Almeida, diretora executiva de finanças e relacionamento com investidores da Petrobras.
Como parte de uma renegociação com o governo, a petroleira estatal deverá receber 34,6 bilhões de reais pela revisão de um contrato firmado com a União na chamada cessão onerosa, área do pré-sal da Bacia de Santos cedida à Petrobras em 2010.
"Agora só falta a assinatura do termo aditivo da cessão onerosa. Esperamos que isso aconteça nos próximos dias, o que finalmente encerra o capítulo da revisão do contrato", salientou Oliveira.
Entre as estratégias adotadas pela Petrobras para o futuro, a companhia destacou a participação em leilões de energia nova, previstos para o ano que vem. A ideia é utilizar o aumento expressivo da produção de gás associado ao pré-sal para dar lances em projetos de energia elétrica.
Além disso, a diretoria da empresa informou que está estudando a possibilidade de voltar a ter plataformas de produção próprias - as chamadas FPSOs - diante do crescimento da demanda global e consequente aumento de custos para afretamento.
Sobre o leilão do excedente da cessão onerosa, os executivos da companhia mantiveram a postura de não comentar sobre o tema.