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CSN vê espaço para reajuste de preços de aço

Alta nos custos de matéria -prima pode motivar o reajuste; empresa está preocupada com a entrada de material importado no país

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 4 de maio de 2011 às 13h31.

Sâo Paulo - Novas altas de custos de matérias-primas como carvão estão abrindo espaço para a Companhia Siderúrgica Nacional avaliar novos aumentos de preços de aço no segundo trimestre, afirmou um diretor da empresa nesta quarta-feira.

"Estamos trabalhando de maneira muito cirúrgica no que diz respeito a aumento de preços (...) Implementamos um aumento na distribuição e para a construção civil e por uma questão de custo teria espaço para a gente mexer mais alguma coisa no segundo trimestre", afirmou o diretor comercial da CSN, Luis Fernando Martinez, em teleconferência com analistas.

Para grandes compradores industriais da empresa, o executivo afirmou que a CSN já está fazendo "movimentos na cadeia, olhando a competitividade, de tal maneira que não permita a entrada de material importado no país".

Já as negociações com as montadoras de veículos devem começar a partir do segundo semestre, afirmou o executivo, comentando que os contratos no segmento são trimestrais ou semestrais.

"Tem certas coisas que são estequiométricas, ninguém vai trabalhar para fazer prejuízo", disse Martinez. Segundo ele, o estoque na cadeia de distribuição de aços planos foi impulsionado em março para cerca de 3,3 meses de vendas pela expectativa de alta de preços em abril, algo que vai ser equalizado no atual trimestre, voltando aos patamares normais de 2,8 meses.

Em abril, a CSN promoveu aumentos de preços da ordem de 5 por cento e, com isso, a diferença entre o preço interno e o de material importado, chamada de "prêmio" pelo setor, no caso de laminados a quente é de cerca de 7 a 10 por cento, nível que a empresa não considera que estimule aumento de importações.

"Vamos acompanhar o movimento do mercado, não vamos permitir que entre material importado no país. No ano passado, 25 por cento do mercado foi importado, hoje o nível caiu para 12 por cento. O razoável seria de 8 a 9 por cento", afirmou Martinez.

Um eventual arrefecimento na pressão para redução de descontos concedidos no final do ano passado pode decorrer pelo carvão, que teve a oferta restringida no início do ano pela redução de produção da Austrália, principal fornecedora mundial.

Martinez comentou que, após as enchentes que afetaram a produção da Austrália, a oferta de carvão do país cresceu. Além disso, o terremoto no Japão causou desaquecimento na demanda do país pelo insumo. Ele acrescentou que, depois de investimentos da China na Mongólia, o maior produtor de aço do mundo está dependendo menos das importações de carvão australiano.

A empresa divulgou na noite da véspera uma alta de 38 por cento no lucro do primeiro trimestre, para 616 milhões de reais, um pouco abaixo da estimativa média de cinco analistas obtida pela Reuters, de 697 milhões de reais.

Para o segundo semestre, a avaliação do executivo é de um quadro de oferta e demanda de matérias-primas "muito favorável" a um aumento no preço do aço.

Às 12h48, as ações da CSN exibiam alta de 1,67 por cento, enquanto o Ibovespa mostrava valorização de 0,27 por cento.

RIVERSDALE A CSN completou no final de abril objetivo de ter 10 por cento das ações ordinárias da rival Usiminas, mas o diretor executivo da CSN, Paulo Penido, evitou fazer comentários sobre os objetivos da empresa com a participação.

A dívida líquida da CSN subiu em 815 milhões de reais entre o final do quarto trimestre e março, em meio à compra pela companhia de títulos da rival no mercado.

Sobre a venda da participação de cerca de 20 por cento na produtora de carvão Riversdale, feita em abril para a Rio Tinto, Penido comentou que os ganhos serão registrados no segundo trimestre. A CSN comprou a fatia por cerca de 380 milhões de dólares e vendeu por 830 milhões.

"Pesamos as oportunidades de lucro imediato e de poder reciclar esse dinheiro no futuro, com calma, em outros ativos de carvão (...) Temos a oportunidade e estamos considerando fazer isso (compra de ativos de carvão)", disse Penido na teleconferência ao justificar a decisão de venda da participação na Riversdale.

O executivo afirmou ainda que a CSN está concluindo as negociações para compra do controle do grupo espanhol Alfonso Gallardo, um dos maiores produtores de aço da Espanha. O grupo atua, além de siderurgia, em cimentos, área em que a CSN começou a atuar. A modelagem financeira da operação deve ser decidida até o final deste mês.

"As negociações estão ocorrendo muito bem, temos uma equipe lá finalizando detalhes de documentação. Temos uma perspectiva positiva de aquisição de parte do grupo", disse Penido, acrescentando que a CSN não trabalha atualmente em nenhum outro movimento internacional de aquisição.

As trativas ocorrem depois da tentativa frustrada da CSN de comprar a cimenteira portuguesa Cimpor em 2009.

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