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CSN negocia com montadoras e reajuste em contratos anuais pode atingir 35%

Em teleconferência com analistas, executivos da siderúrgica afirmaram que há espaço para mais aumentos de preços ainda neste ano

Produção está a todo vapor (Douglas Engle/Bloomberg)

Produção está a todo vapor (Douglas Engle/Bloomberg)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 16 de outubro de 2020 às 12h05.

Última atualização em 16 de outubro de 2020 às 13h53.

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informou na manhã desta sexta-feira, 16, que há espaço para novos reajustes de preços no mercado em 2020, após aumentos aplicados ao longo da pandemia. Na negociação de contratos anuais com as montadoras -- um grande filão para a siderurgia -- o reajuste pode alcançar 35%.

Segundo a siderúrgica, embora a participação da CSN seja pequena em relação a outros players -- como a Usiminas, por exemplo -- os custos cresceram muito na pandemia, na casa dos 50% a 55%, e o reajuste de até 35% seria o mínimo.

"Estamos falando apenas de uma reconstrução de custo", afirmou Luiz Fernando Martinez, diretor de relações com investidores da CSN. 

O executivo explicou que, ao longo de 2020, a CSN aplicou dois reajustes na rede de distribuição, um de 40% e outro de 11% a 13,5%. Além disso, houve aumento no setor industrial. Ele acrescentou que os prêmios de bobinas a quente no mercado brasileiro estão negativos, o que ainda dá espaço para novo reajuste, que deve acontecer em novembro.

Agora, a companhia começa as longas e tão esperadas negociações com as montadoras, cujos contratos são anuais. Martinez lembrou que, há alguns dias, o setor automotivo revisou a projeção de queda das vendas em 2020 para baixo, para cerca de 30%, o que é uma boa notícia em meio à crise econômica que o país atravessa.

Adicionalmente, o diretor de RI da CSN disse que no auge da crise na pandemia, o mercado brasileiro estava consumindo 500 mil toneladas de aço por mês. Em agosto e setembro, esse volume passou para mais de um milhão de toneladas mensais.

"Quanto à oferta, não há a possibilidade de faltar aço no mercado brasileiro, o nosso desafio é ocupar as linhas."

Cenário de guerra

Benjamin Steinbruch, presidente da CSN, se mostrou otimista em relação ao futuro. Ele afirma que, a partir do segundo trimestre, o mercado começou a mostrar reação, tanto no Brasil quando no exterior.

Além disso, o negócio de mineração demonstrou mais uma vez a força que tem embalado os resultados positivos da companhia ao longos dos últimos dois anos.

"Preparamos a CSN para uma guerra. A partir do segundo trimestre, porém, as coisas começaram a melhorar", disse o executivo a analistas.

No mês passado, o grupo anunciou que pretende abrir o capital do braço de mineração, entretanto, não forneceu mais detalhes sobre a operação. Na teleconferência, Steinbruch não comentou o IPO.

No entanto, Martinez destacou o "excelente desempenho" da companhia no setor de mineração, que retomou os níveis de produção do ano passado mesmo com as condições climáticas adversas no início de 2020. "Temos um excelente ambiente de preços  do minério de ferro e um câmbio desvalorizado. Também dependemos menos da comrpa de minério de terceiros no trimestre."

Steinbruch destacou o potencial de crescimento orgânico da CSN Mineração não apenas em quantidade, mas também em "qualidade e a diversidade". "Nós acumulamos bons ativos. Temos desafios na mineração, mas projetamos uma expansão bastante agressiva de 3,5 vezes da capacidade, com crescimento caseiro." 

Com o bom desempenho do terceiro trimestre, a CSN melhorou sua posição. A companhia registrou lucro de mais de 1 bilhão de reais, ante prejuízo de 870 milhões reportado um ano antes.

A relação dívida líquida sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 3,5 vezes é a "melhor" em cinco anos, disse Martinez.  A meta é chegar a 3 vezes ao final deste ano e 2,5 vezes em 2021.

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