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Crise no Brasil afeta resultados globais da Gerdau

Os setores de indústria, construção civil e automotivo, principais consumidores de aço da Gerdau, também são os mais afetados pela crise econômica no Brasil


	Gerdau: ela divulgou um investimento previsto para este ano de 1,5 bilhão de reais, 35% menor que em 2015
 (Germano Lüders/EXAME)

Gerdau: ela divulgou um investimento previsto para este ano de 1,5 bilhão de reais, 35% menor que em 2015 (Germano Lüders/EXAME)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 15 de março de 2016 às 16h08.

São Paulo – A crise nos setores automotivo e de construção no Brasil prejudicou os resultados do grupo Gerdau, que divulgou prejuízo de 41 milhões de reais no 4o trimestre de 2015.

Por conta da dificuldade do mercado tanto no país quanto no exterior, a empresa divulgou um investimento previsto para este ano de 1,5 bilhão de reais, 35% menor do que o que foi aplicado no ano passado. Ela irá investir apenas na finalização de projetos que já foram iniciados e na manutenção de suas fábricas.

No Brasil, os setores de indústria, construção civil e automotivo, principais consumidores de aço da Gerdau, também são os mais afetados pela crise econômica.

A receita líquida da operação brasileira caiu 28,6% em relação ao ano anterior. Além disso, as vendas do aço produzido no Brasil para o mercado interno caíram 39,9%.

O país responde por 29% do total de receitas líquidas do grupo - portanto, o impacto no balanço do grupo foi bastante alto. André B. Gerdau Johannpeter, presidente da companhia, afirmou que a demanda deve cair ainda mais por aqui em 2016.

Por outro lado, o que ajudou a equilibrar a operação brasileira foi o aumento de 52% nas exportações, impulsionadas pelo câmbio.

Mas essa não foi a única dificuldade que a companhia enfrentou no ano que se passou. O grupo Gerdau realizou ajustes na produção, paralisando fornos, sofreu com a concorrência chinesa e está sendo investigado pela Operação Zelotes da Polícia Federal.

Fornos parados

Por conta da diminuição de demanda, desde o final de 2014 a empresa vem fazendo ajustes em sua produção no Brasil. Paralisou por algum tempo, a produção em algumas usinas, por exemplo. Em outras, diminuiu o ritmo, ligando os fornos apenas em 5 dias da semana, ao invés de 7.

Em 2015, a empresa operou com 65% a 70% de sua capacidade instalada. Johannpeter não especificou que plantas foram paralisadas ou quais sofreram paradas importantes. Esse ano, a demanda por aço deverá cair de 6% a 8%, disse o presidente, mas ele acredita que os ajustes necessários já foram feitos.

Queda mundial

Segundo a siderúrgica, a queda na demanda não foi apenas no Brasil. Em 2015, a produção caiu 2,8% no mundo todo e a indústria global trabalhou com 69,7% da capacidade instalada, em média, contra 73,4% em 2014.

A situação deverá se estabilizar este ano. Nas economias emergentes e em desenvolvimento, o consumo de aço deverá crescer 3,8%. Já nas economias desenvolvidas, a alta será de 1,8% no ano.

Excesso de aço chinês

O grande desafio do mercado mundial de aço, porém, é em relação ao preço do produto.A China, que deve ter uma redução de 2% na demanda em 2016, é o país com a maior capacidade ociosa instalada.

"Por isso, a grande produção chinesa impacta no preço do aço em todo o mundo”, diz Johannpeter. A América Latina recebeu muito aço importado da China, afirma ele, o que prejudicou as receitas da Gerdau por aqui. 

Ativos menos valiosos

Além das quedas de vendas, a empresa também registrou perdas relacionadas a queda no valor de seus ativos. Ela apresentou perdas de 3,1 bilhões de reais nesse sentido, que não têm efeito no caixa da empresa.

Especificamente na operação do Brasil, as perdas foram resultantes da redução da demanda e das paradas de produção em algumas unidades.

Operação Zelotes

O grupo está sendo investigado pela Operação Zelotes da Polícia Federal, o que levou a empresa a inclusive adiar a divulgação do balanço de resultados. Em fevereiro desde ano, algumas sedes do grupo siderúrgico foram visitadas pela Polícia Federal, que realizou mandados de busca e apreensão.

A suspeita era de que o grupo tinha sonegado até 1,5 bilhão de reais e que teria comprado decisões no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão ligado ao Ministério da Fazenda que julga recursos de grandes contribuintes a multas aplicadas pela Receita Federal.

Em comunicado, a empresa afirmou que "os contratos com esses escritórios externos foram firmados com cláusula que determina absoluto respeito à legalidade, cujo descumprimento acarreta na imediata rescisão”.

Alívio

As receitas vindas da América do Norte foram um alívio para a companhia no último trimestre. Tanto a produção quanto as vendas no continente caíram. No entanto, como as vendas são feitas em dólar, ao fazer a conversão do câmbio, as receitas em real cresceram 18,3% em 2015 em relação ao ano anterior.

A operação corresponde, hoje, a 38,7% das receitas de todo o grupo e é um suporte importante para os resultados da companhia.

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