Eztower: Torre B do empreendimento já está 65% alugada para grandes empresas, como Coca-Cola e Amil (Divulgação)
Tatiana Vaz
Publicado em 2 de dezembro de 2016 às 17h53.
Última atualização em 2 de dezembro de 2016 às 17h59.
São Paulo – No meio da crise que vem abalando o setor de construção no país, a Eztec resolveu colocar em prática o que chamou de negócio com característica oportunista.
Procurada por muitos investidores estrangeiros interessados em comprar imóveis e terrenos para alugar terceiros, a empresa decidiu fazer ela mesma o que os possíveis clientes queriam.
Os resultados devem começar a aparecer no balanço até o primeiro semestre de 2017, mas hoje 65% da torre B do EZ Towers, maior complexo comercial da empresa, formado por duas torres de 26 pavimentos de escritórios cada, em região nobre de São Paulo, já está alugada.
Coca-Cola e Amil são alguns dos inquilinos que podem engrossar as receitas da empresa em estimados R$ 60 milhões no próximo ano. A Torre A foi vendida para o grupo São Carlos, do empresário Jorge Paulo Lemann, em 2013, por cerca de R$ 600 milhões.
A companhia recebeu cerca de dez propostas de compra, mas deixou claro que só fechará se valer a pena.
“Tinha muita empresa estrangeira querendo comprar o negócio achando que estamos com a corda no pescoço e não estamos”, disse Ernesto Zarzur, presidente do conselho da Eztec em evento nesta semana.
Para ele, a experiência ensinou que todas as crises econômicas são cíclicas e as empresas melhor preparadas sabem sair delas ilesas. “Somos umas delas”, afirmou.
Para o próximo ano, a incorporadora estuda criar uma empresa de propriedades para reunir todos cerca de 80 imóveis e terrenos que hoje possui nesta condição.
Com foco em projetos comerciais de alto padrão, a operação seria uma subsidiária da Eztec, com a possibilidade de ser separada da holding no futuro.
Novos caminhos
Além das locações, a Eztec estuda há mais de um ano outras maneiras de fazer negócios. Uma delas é construir para o programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal.
Três empreendimentos dentro desse perfil já estão sendo feitos pela empresa na capital paulista e mais dois devem ser lançados em 2017.
Serão unidades construídas dentro das características do programa, apartamentos de cerca de R$ 220.000,00 e de até 40 metros quadrados.
Mas localizados em regiões privilegiadas dentro da região metropolitana de São Paulo, como o Centro da cidade, e com boa estrutura de lazer e qualidade de construção.
Com um banco R$ 700 milhões em terrenos já pagos, a companhia promete lançar em 2017 mais do que neste ano. O foco será mais amplo: apartamentos para o público de média, média alta e alta renda na região metropolitana de São Paulo.
“Garanto para vocês que quem lançar no ano que vem venderá 40% no chão e o restante durante a obra”, disse Zarzur. No entanto, acredita, será preciso ter preços mais agressivos.
O plano é dar descontos maiores para clientes que possam dar entradas maiores e ajustar as parcelas restantes dentro das possibilidades financeiras deles.
Com isso, os descontos de preços devem ser maiores, mas a margem de rentabilidade fica garantida, ainda que seja menor – de 20% em vez de 35%.
“Vamos lançar com força e na hora certa”, disse o empresário.
Para ele, o cuidado maior ainda será o de diminuir o número de distratos no próximo ano. A estimativa é que cerca de 3.000 unidades, das entregues em 2017, devem ser devolvidas.
Os principais motivos para as devoluções, acredita são a pessoa não ter como pagar ou achar que fez um mal negócio.
Com caixa forte, o que a empresa diz estar fazendo é analisar caso a caso e, quando possível, negociar com o próprio cliente. Neste sentido, avaliar o perfil e documentação dos compradores exige cada vez mais cautela, pensa o empresário.
“(Um empreendimento) É como uma caixa de laranja. Uma podre no meio pode acabar com todas elas”, afirmou Zarzur.